O futebol é um jogo complicado. Nem teria, por certo, tanto encanto e despertaria tantas paixões se fosse algo rigoroso, não exacto mas mais linear, em que a qualidade de jogo e as vitórias estariam sempre em proporcionalidade directa. Daí que se diga que o mais importante, para além de querer agradar e conseguir um jogo aprazível, é o resultado, a lógica pura e dura, com realismo e sem floreados. O espectáculo é importante, sim, mas também acessórios. Os resultados, pelo contrário, decidem, ditam, orientam. O Sporting, por exemplo, fez talvez a sua melhor exibição frente ao FC Porto, conseguindo importunar o líder e deixá-lo em tremuras na primeira metade, mas, contas feitas, perderam mais do que aquilo que conquistaram. Com o Lille, na Liga Europa, o leão esteve bem abaixo, conseguiu apenas um jogo suficiente, perdeu a intensidade e a vontade da partida com o FC Porto. E conseguiu vencer. Cumpriu, portanto.
O jogo ante o FC Porto, se bem que não tenha servido para o Sporting encurtar os treze pontos de atraso que tem para o topo, poderia ter sido um ponto de partida para uma nova vida, anunciando uma nova postura da equipa, não apenas nesse jogo mas para a partir desse momento transportar para cada embate, capaz de superar as barreiras e recolocar o Sporting nos postos a que ambiciona cronicamente. Na Europa, à excepção da última partida, perdida de forma surpreendente perante o modesto Gent, na Bélgica, o Sporting tem estado bem: alegre, forte, seguro de si, revelando uma faceta bem mais audaz e lutadora do que no campeonato nacional, marcando diversas vezes e garantindo pontos para assegurar a passagem à fase seguinte da Liga Europa. A verdade, contudo, é que o empate com o FC Porto não mobilizou os adeptos leoninos - não chegaram a dezassete mil! - nem espicaçou os jogadores.
Fica, para a História, a vitória do Sporting. Voltamos, aqui, ao início: isso é o mais importante. Portanto, o Sporting, ao vencer o jogo, fez o que lhe era exigido, garantindo a presença nos dezasseis-avos da Liga Europa e a passagem no primeiro lugar do grupo. Marcou, aos vinte e oito minutos, por Anderson Polga, um herói inesperado, embora com irregularidade que passou em claro ao árbitro Bas Nijhuis, teve meia-hora interessante, mas logo depois, e em especial na segunda parte, sentiu falta de alguém realmente inspirado, foi suportado por Pedro Mendes e, na fase em que o Lille tentou anular a vantagem sportiguista, viu, de novo, Rui Patrício agigantar-se para fechar a baliza a sete chaves. O Sporting recuou depois da meia-hora, jogou em ritmo baixo, sem imprimir velocidade, deixou que aumentasse a incerteza sobre o resultado e a esperança francesa em conquistar pontos. O leão acordou e rematou à barra. Logo depois, o jogo acabou: sofreu, não teve graça, mas segue em frente.
O jogo ante o FC Porto, se bem que não tenha servido para o Sporting encurtar os treze pontos de atraso que tem para o topo, poderia ter sido um ponto de partida para uma nova vida, anunciando uma nova postura da equipa, não apenas nesse jogo mas para a partir desse momento transportar para cada embate, capaz de superar as barreiras e recolocar o Sporting nos postos a que ambiciona cronicamente. Na Europa, à excepção da última partida, perdida de forma surpreendente perante o modesto Gent, na Bélgica, o Sporting tem estado bem: alegre, forte, seguro de si, revelando uma faceta bem mais audaz e lutadora do que no campeonato nacional, marcando diversas vezes e garantindo pontos para assegurar a passagem à fase seguinte da Liga Europa. A verdade, contudo, é que o empate com o FC Porto não mobilizou os adeptos leoninos - não chegaram a dezassete mil! - nem espicaçou os jogadores.
Fica, para a História, a vitória do Sporting. Voltamos, aqui, ao início: isso é o mais importante. Portanto, o Sporting, ao vencer o jogo, fez o que lhe era exigido, garantindo a presença nos dezasseis-avos da Liga Europa e a passagem no primeiro lugar do grupo. Marcou, aos vinte e oito minutos, por Anderson Polga, um herói inesperado, embora com irregularidade que passou em claro ao árbitro Bas Nijhuis, teve meia-hora interessante, mas logo depois, e em especial na segunda parte, sentiu falta de alguém realmente inspirado, foi suportado por Pedro Mendes e, na fase em que o Lille tentou anular a vantagem sportiguista, viu, de novo, Rui Patrício agigantar-se para fechar a baliza a sete chaves. O Sporting recuou depois da meia-hora, jogou em ritmo baixo, sem imprimir velocidade, deixou que aumentasse a incerteza sobre o resultado e a esperança francesa em conquistar pontos. O leão acordou e rematou à barra. Logo depois, o jogo acabou: sofreu, não teve graça, mas segue em frente.
RAPID DE VIENA-FC PORTO (1-3): RECORDAR É VIVER
Viena. Memória do FC Porto colocada em 1987. Pode não ser propositado, pode até ser um mero instinto, mas a verdade é que quando se fala na capital austríaca, por entre os adeptos portistas, a primeira recordação é a Taça dos Campeões Europeus, conquistada no Prater, com o calcanhar fabuloso de Madjer, sublime e mordaz, ou a finalização de Juary. Fala-se em jogos com neve, num estádio pintado de branco, e as recordações deixam, de novo, o dragão com um sorriso de orelha a orelha. Recorda-se, depois de o FC Porto se esticar e tocar o céu na Cidade dos Músicos, a vitória, suada mas merecida, frente ao Peñarol, em Tóquio, na conquista da Taça Intercontinental. Vinte e três anos depois, o dragão jogou em Viena, com neve, no mesmo estádio, agora Ernst Happel, para continuar a sua caminhada invicta. São vinte e um jogos sem perder. O dragão sorriu, recordou o passado e sentiu um profundo orgulho dos seus feitos.
Há uma frase-feita que defende qualquer coisa como isto: nunca voltes a um local onde foste feliz. Assemelha-se, por exemplo, ao ladrão que volta ao local do crime. Também não o deve fazer. Mas há, por outro lado, locais bons, onde quem lá está se sente bem, quer voltar, recorda o que fez, fortalece-se, ganha confiança e consegue superar os obstáculos. Em Viena, frente ao débil Rapid, o FC Porto revisitou, pela simbologia do estádio e pelas condições em que jogou, dois momentos altos, marcantes, gloriosos da sua história. Jogou em Viena com neve, frio e imensas adversidades pelo caminho. O dragão, invicto e seguro desde o início da época, embora com um abanão na sua passada elegante sofrido em Alvalade, na última aparição, já ganhara com sol, com chuva, numa verdadeira piscina em Coimbra. Faltava-lhe na neve. Conseguiu-o: foi forte, recompôs-se da desvantagem, apresentou os créditos e deixou-se levar por Radamel Falcao.
Maior obstáculo, até mais do que a equipa do Rapid de Viena, foi, para o FC Porto, o estado do relvado. A neve cobriu-o, obrigou a formatações na forma de jogar, exaltou o pragmatismo e a realidade do resultado sobrepôs-se. Interessava adaptar-se, ser inteligente, não cometendo erros e conseguir astúcia para driblar os perigos, o terreno escorregadio e periclitante, até evidenciar a superioridade e a barreira incomensurável que separa os portistas dos austríacos. O FC Porto ainda tremeu, viu o Rapid adiantar-se, num golo oportuno de Trimmel depois de um desvio infeliz de Otamendi, mas logo depois, numa bela abertura do central argentino, titular na vaga de Maicon, chegou ao empate, por Falcao, conseguindo superar a defesa adversária. O colombiano resolveu no final, em dois minutos, entre os oitenta e seis e os oitenta e oito: reacção, instinto de goleador, frieza, dinamismo em mais dois golos. Um hat-trick e o primeiro lugar no bolso.
Há uma frase-feita que defende qualquer coisa como isto: nunca voltes a um local onde foste feliz. Assemelha-se, por exemplo, ao ladrão que volta ao local do crime. Também não o deve fazer. Mas há, por outro lado, locais bons, onde quem lá está se sente bem, quer voltar, recorda o que fez, fortalece-se, ganha confiança e consegue superar os obstáculos. Em Viena, frente ao débil Rapid, o FC Porto revisitou, pela simbologia do estádio e pelas condições em que jogou, dois momentos altos, marcantes, gloriosos da sua história. Jogou em Viena com neve, frio e imensas adversidades pelo caminho. O dragão, invicto e seguro desde o início da época, embora com um abanão na sua passada elegante sofrido em Alvalade, na última aparição, já ganhara com sol, com chuva, numa verdadeira piscina em Coimbra. Faltava-lhe na neve. Conseguiu-o: foi forte, recompôs-se da desvantagem, apresentou os créditos e deixou-se levar por Radamel Falcao.
Maior obstáculo, até mais do que a equipa do Rapid de Viena, foi, para o FC Porto, o estado do relvado. A neve cobriu-o, obrigou a formatações na forma de jogar, exaltou o pragmatismo e a realidade do resultado sobrepôs-se. Interessava adaptar-se, ser inteligente, não cometendo erros e conseguir astúcia para driblar os perigos, o terreno escorregadio e periclitante, até evidenciar a superioridade e a barreira incomensurável que separa os portistas dos austríacos. O FC Porto ainda tremeu, viu o Rapid adiantar-se, num golo oportuno de Trimmel depois de um desvio infeliz de Otamendi, mas logo depois, numa bela abertura do central argentino, titular na vaga de Maicon, chegou ao empate, por Falcao, conseguindo superar a defesa adversária. O colombiano resolveu no final, em dois minutos, entre os oitenta e seis e os oitenta e oito: reacção, instinto de goleador, frieza, dinamismo em mais dois golos. Um hat-trick e o primeiro lugar no bolso.
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