sexta-feira, 7 de agosto de 2009

As Crónicas do BB



O FADO PORTUGUÊS


O dicionário português dá-nos como sinónimo de Fado as expressões Destino, Sorte e Fortuna. Estas palavras cabem perfeitamente na façanha que o Sporting conseguiu ao empatar a um golo na Holanda, e passar à eliminatória final que antecede a entrada no grupo dos finalistas da Champions. O Destino marcou presença novamente em terras holandesas, reeditando a jornada de Alkmaar (um abraço lá para cima ao Jorge Perestrelo), com um golo em tudo igual: marcação de um canto, subida do guarda-redes à área contrária e golo no minuto final da partida. Teve a Sorte pelo seu lado, jogando mal, com alma e entrega mas muito pouco futebol, restando o recurso a um golpe de sorte para fazer o golinho redentor.


A Fortuna é fácil de deduzir, pois a passagem à segunda eliminatória deu-lhe o dinheiro necessário e preciso para poder, e saber, comprar jogadores que façam a diferença num plantel muito igual ao do ano passado. Caicedo prometeu algo mas os minutos em campo foram muito poucos para uma avaliação mais segura do que pode trazer ao ataque leonino e principalmente a Liedson, já que Postiga é igual a si mesmo, batalhador mas pouco eficaz e consistente, e Djaló é pouco, muito pouco, embora tivesse prometido muito, mas, há promessas que nunca são cumpridas. O Sporting tem que ser muito melhor colectivamente na próxima eliminatória, seja qual for o seu adversário, se pretende estar entre a elite do futebol europeu.


O Paços de Ferreira cumpriu a sua obrigação, passou a primeira eliminatória, e caiu na segunda perante uma equipa israelita, sem expressão europeia, mas com mais argumentos que os pacenses, que passaram pelas competições europeias, com mais prejuízos que lucros, devido aos gastos que tiveram que fazer com deslocações tão distantes e tão dispendiosas. São as aberturas europeias do Sr. Platini que assim conquista votos entre todos, ricos e pobres.


O Sporting de Braga comprometeu já um dos objectivos da época, a passagem à fase de grupos da Liga Europa, com duas derrotas frente aos suecos do Elfsborg, num total de 4-1.


Uma equipa sem alma, sem chama, com futebol muito rendilhado e de muita bola no pé, ao bom estilo português, com os sectores muito afastados uns dos outros e insistindo em fase de desespero, que diga-se começou bem cedo com o consentimento do primeiro golo sueco (13m), com cruzamentos pelo ar para a área sueca, com os centrais a ganharem com toda a facilidade a jogadores que não têm “estaleca” para o jogo aéreo (Meyong). O futebol sueco muito mais musculado, mais corrido, com a bola e os jogadores sempre em progressão, e fazendo futebol simples e concretizador, ao invés da insistência dos bracarenses no futebol trabalhado e demasiado lateralizado, bastando à equipa sueca acompanhar a movimentação lateral da equipa de Domingos, para facilmente suster um ataque que cria poucos desequilíbrios, porque não tem capacidade de explosão e de jogar na área contrária, onde poucas vezes entrou.


Domingos Paciência elevou demasiado a fasquia quando prometeu fazer melhor que na época transacta: na Europa já falhou e ficou com pouco lastro para o que resta da temporada, porque ou entra bem no campeonato ou o caldo pode entornar. A Paciência que Domingos tem no nome não é proporcional há que o presidente bracarense costuma ter. Ou engrena nos resultados, mesmo sem jogar bem, ou não há Salvador que lhe deite a mão.


Já agora fica para a história: nos seis jogos realizados nenhuma equipa portuguesa conseguiu vencer um jogo sequer. Braga e Paços perderam os dois jogos e o Sporting nem ganhou nem perdeu, empatou, mas passou. É o fado português.

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