DRAGÃO DE MÃO-CHEIA
O dragão vai elegante, vestindo smoking, em passo apressado. O FC Porto segue triunfante, seguro e invicto: vitória gorda e inusitada, expressiva como poucas, sobre o Benfica. Diferenças evidentes, gritantes até, entre um dragão guerreiro, conquistador e sedento de glória e uma águia em queda livre, abatida, sem forças para mudar os acontecimentos. O clássico do Dragão fora marcado a vermelho e bem sublinhado como decisivo. Para o Benfica, sobretudo. Mas o campeão nunca apareceu, definhou pelo relvado, inofensivo e impotente, ante um FC Porto letal, mortífero e oportuno. O dragão ganhou de forma clara. Uma mão-cheia: de golos, de entusiasmo, de vivacidade, de ritmo, de futebol. O Benfica não foi mais do que uma mão-cheia de nada. Dez pontos separam-nos à décima jornada. A vantagem é ouro.
O Benfica olha para as quinas de campeão com nostalgia. Sente que tem um título a defender, uma postura a manter, vê a sua honra em jogo, sabe que precisa de se levantar, mostrar-se novamente capaz para assumir o trono. Tem saudades do passado, é perseguido e fraqueja. Está diferente. Nota-se a léguas: na falta de ligação, no futebol desconexo, na falta de inspiração, na carência de cliques de génio que ficam atolados na intranquilidade, no alívio quando a bola é afastada para longe sem regra, no olhar distante e profundo que perde soluções e esbarra nas adversidades. Nem mesmo a hiperactividade de Jorge Jesus ou as apostas certeiras do treinador se mantêm. Tudo corre mal, tudo sai mal, a equipa não se encontra, não tem chama e deixa-se à mercê da sorte. Grita que é campeão. Mas fá-lo no vazio. Sem se escutar.
O dragão vai elegante, vestindo smoking, em passo apressado. O FC Porto segue triunfante, seguro e invicto: vitória gorda e inusitada, expressiva como poucas, sobre o Benfica. Diferenças evidentes, gritantes até, entre um dragão guerreiro, conquistador e sedento de glória e uma águia em queda livre, abatida, sem forças para mudar os acontecimentos. O clássico do Dragão fora marcado a vermelho e bem sublinhado como decisivo. Para o Benfica, sobretudo. Mas o campeão nunca apareceu, definhou pelo relvado, inofensivo e impotente, ante um FC Porto letal, mortífero e oportuno. O dragão ganhou de forma clara. Uma mão-cheia: de golos, de entusiasmo, de vivacidade, de ritmo, de futebol. O Benfica não foi mais do que uma mão-cheia de nada. Dez pontos separam-nos à décima jornada. A vantagem é ouro.
O Benfica olha para as quinas de campeão com nostalgia. Sente que tem um título a defender, uma postura a manter, vê a sua honra em jogo, sabe que precisa de se levantar, mostrar-se novamente capaz para assumir o trono. Tem saudades do passado, é perseguido e fraqueja. Está diferente. Nota-se a léguas: na falta de ligação, no futebol desconexo, na falta de inspiração, na carência de cliques de génio que ficam atolados na intranquilidade, no alívio quando a bola é afastada para longe sem regra, no olhar distante e profundo que perde soluções e esbarra nas adversidades. Nem mesmo a hiperactividade de Jorge Jesus ou as apostas certeiras do treinador se mantêm. Tudo corre mal, tudo sai mal, a equipa não se encontra, não tem chama e deixa-se à mercê da sorte. Grita que é campeão. Mas fá-lo no vazio. Sem se escutar.
O futebol é um jogo de confiança. O Benfica está atacado, ansioso, intranquilo. Tenta recompor-se do mau início, sabe que não pode cair em vícios, uma recaída ser-lhe-á fatal, apenas pode jogar, ser brioso, lutar e esperar que o adversário ceda. O FC Porto vive no oposto. Sorri. Está feliz, nota-se, percebe-se na forma como joga, nos toques curtos, nas jogadas de apoio, no futebol seguro, veloz e dinâmico que imprime, na forma imperial como marca os ritmos, tornando o jogo naquilo que pretende, atacando em bloco e trucidando o rival. Coloca toda a garra no relvado e está confiante, solto, vibrante. É isso que faz Álvaro Pereira cair e recuperar a bola, é isso que faz Hulk correr atrás de David Luiz, é isso que faz Maicon driblar Alan Kardec. O FC Porto esmagou o Benfica: cinco golos, exibição cheia, campeão no tapete e dez pontos de avanço.
UM CAMPEÃO EM CARICATURAJorge Jesus olhou para Hulk. Percebeu que o Incrível está num momento explosivo, puxou pelos cabelos, imaginou alternativas, pensou no que seria melhor e alterou a sua forma de jogar. Deixou César Peixoto de fora, manteve Fábio Coentrão no meio, deslocou David Luiz para o lado esquerdo da defesa encarnada, chamou Sidnei para o centro ao lado de Luisão e, na frente, preferiu Salvio a Saviola. O mal das adaptações é sempre o mesmo: são adaptações, apesar das rotinas nada é igual, difere, o rendimento oscila. Hulk é explosivo, é pujante, é portentoso quando arranca, alia a técnica à força, destroça, produz e finaliza. Jogou pela direita, encarou David Luiz, incomparável quando está fora do seu sítio, fintou, cruzou e esperou por Varela, oportuno, até festejar. O dragão empina o nariz, sabe o que fazer e é inteligente. Havia que aproveitar a indefinição encarnada.
Meia-hora. FC Porto com três bolas no fundo da baliza de Roberto: primeiro Silvestre Varela e logo a seguir, em dose dupla, Radamel Falcao - o primeiro do colombiano é de se lhe tirar o chapéu. Hulk e Belluschi, figuras de proa desta campanha azul, imagens de marca registada do dragão, cada vez mais peças-chave na máquina azul, sempre em altas voltagens, como municiadores, aventureiros e exploradores das fragilidades da defesa do campeão. O Benfica ruiu, desmoronou-se, desfez-se. Ficou exposto a um dragão eficaz, letal, conquistador, viperino. Jorge Jesus encolheu os ombros, recolheu, pensou em soluções. Tudo está diferente. Tudo corre a favor do FC Porto. E este dragão tem sede de triunfos, desespera por títulos, corre por gosto, alimenta o ego com solidez, cresce e está fortíssimo. Manteve o ritmo, a intensidade, o domínio.
O GOLPE FINAL DO INCRÍVEL
O Benfica corou, sentiu-se incomodado, vergado e subjugado pelo adversário. Puxou pelo orgulho, exaltou o carácter, olhou para o tal escudo de campeão e tentou, pelo menos, assustar o dragão. Fez o seu primeiro remate de verdadeiro perigo aos sessenta minutos. Demorou precisamente uma hora a obrigar Helton a aplicar-se. Essa é a melhor imagem da exibição encarnada: apática, inapta, inofensiva e sem assomo de qualidade. Conseguiu melhor depois do intervalo, sim, com o acerto de David Luiz no centro e o recuo de Fábio Coentrão para o lado esquerdo da defesa, jogando Nico Gaitán na ala, mas nunca foi realmente capaz de se impor. Nem de conseguir deixar o FC Porto em sarilhos, até receoso de sofrer um golo capaz de relançar o jogo, quebrando o seu domínio conseguido, esticado e prolongado ao máximo.
Ao Benfica tudo correu mal. A estratégia, os duelos individuais, o jogo colectivo. Com os minutos, sofrendo três golos de rajada, perdeu orientação, perdeu discernimento e perdeu a razão. Luisão foi o maior exemplo: tentou agredir Guarín, aos sessenta e cinco minutos, recebeu ordem de expulsão e prejudicou, ainda mais, a sua equipa. O campeão tombou: Jorge Jesus abortou a entrada da Saviola, mudou de objectivo, percebeu que nada havia a fazer para travar a marcha triunfal do dragão. No relvado havia Belluschi a rodos, Moutinho com a assertividade habitual e Hulk, diabo e herói, pronto para mais, quer sempre melhor, ainda precisava de glória: marcou de grande penalidade, após um derrube de Fábio Coentrão, fez o Dragão delirar e fechou a mão-cheia de golos. Foram cinco. E na classificação é o dobro. O FC Porto mereceu.
Meia-hora. FC Porto com três bolas no fundo da baliza de Roberto: primeiro Silvestre Varela e logo a seguir, em dose dupla, Radamel Falcao - o primeiro do colombiano é de se lhe tirar o chapéu. Hulk e Belluschi, figuras de proa desta campanha azul, imagens de marca registada do dragão, cada vez mais peças-chave na máquina azul, sempre em altas voltagens, como municiadores, aventureiros e exploradores das fragilidades da defesa do campeão. O Benfica ruiu, desmoronou-se, desfez-se. Ficou exposto a um dragão eficaz, letal, conquistador, viperino. Jorge Jesus encolheu os ombros, recolheu, pensou em soluções. Tudo está diferente. Tudo corre a favor do FC Porto. E este dragão tem sede de triunfos, desespera por títulos, corre por gosto, alimenta o ego com solidez, cresce e está fortíssimo. Manteve o ritmo, a intensidade, o domínio.
O GOLPE FINAL DO INCRÍVEL
O Benfica corou, sentiu-se incomodado, vergado e subjugado pelo adversário. Puxou pelo orgulho, exaltou o carácter, olhou para o tal escudo de campeão e tentou, pelo menos, assustar o dragão. Fez o seu primeiro remate de verdadeiro perigo aos sessenta minutos. Demorou precisamente uma hora a obrigar Helton a aplicar-se. Essa é a melhor imagem da exibição encarnada: apática, inapta, inofensiva e sem assomo de qualidade. Conseguiu melhor depois do intervalo, sim, com o acerto de David Luiz no centro e o recuo de Fábio Coentrão para o lado esquerdo da defesa, jogando Nico Gaitán na ala, mas nunca foi realmente capaz de se impor. Nem de conseguir deixar o FC Porto em sarilhos, até receoso de sofrer um golo capaz de relançar o jogo, quebrando o seu domínio conseguido, esticado e prolongado ao máximo.
Ao Benfica tudo correu mal. A estratégia, os duelos individuais, o jogo colectivo. Com os minutos, sofrendo três golos de rajada, perdeu orientação, perdeu discernimento e perdeu a razão. Luisão foi o maior exemplo: tentou agredir Guarín, aos sessenta e cinco minutos, recebeu ordem de expulsão e prejudicou, ainda mais, a sua equipa. O campeão tombou: Jorge Jesus abortou a entrada da Saviola, mudou de objectivo, percebeu que nada havia a fazer para travar a marcha triunfal do dragão. No relvado havia Belluschi a rodos, Moutinho com a assertividade habitual e Hulk, diabo e herói, pronto para mais, quer sempre melhor, ainda precisava de glória: marcou de grande penalidade, após um derrube de Fábio Coentrão, fez o Dragão delirar e fechou a mão-cheia de golos. Foram cinco. E na classificação é o dobro. O FC Porto mereceu.
1 comentário:
FC Porto ganhou e ganhou bem.
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