O Benfica venceu o derby. Não sendo deslumbrante, mas ganhando com consistência e mérito, asfixiando a capacidade ofensiva do Sporting e lançando ataques perigosos, explorando fragilidades na defesa leonina, o campeão conseguiu quebrar o pessimismo. Chutou para canto um novo tropeção, ganhou num momento fundamental, num jogo estranhamente decisivo por ser jogado à quinta jornada mas assim determinado pelo péssimo início, diminuindo a desvantagem para o Sporting e para Sp.Braga, dois rivais na luta pelo título, embora continue a ver o FC Porto liberto e confortável na liderança. O Benfica foi mais forte, mais agressivo, mais intenso, mais astuto: ganhou o derby nos duelos individuais, nas oportunidades de golo criadas, no caudal de jogo ofensivo e teve sempre, ao longo dos noventa e quatro minutos, o jogo sob controlo.
O campeão teve a paz de espírito necessária para assumir o jogo, não querendo ser brilhante mas fixando-se na vitória, ganhou com a naturalidade de quem se mostra superior, individual e colectivamente, conseguindo ser ousado e impedindo que o adversário o fosse. Apesar de terem perdido nos passes efectuados, na posse e no número de toques na bola, o que nem sempre explica a tendência do jogo, como é o caso, os encarnados conseguiram mais remates, sobretudo com uma maior percentagem nos que atingiram a baliza de Rui Patrício, explorando as faixas laterais do terreno, a partir do centro, num contraste com a pouca astúcia leonina nas alas. A aposta de César Peixoto para médio interior esquerdo, jogando à frente de Fábio Coentrão, explica-o: o Benfica ganhou dinâmica, foi acutilante e impediu os avanços de João Pereira.
A superioridade encarnada nas faltas cometidas (vinte e oito-vinte) e nos cartões amarelos (seis-dois) é também sintomático da maior garra colocada em campo pela equipa de Jorge Jesus. Jogando nos limites, com ímpeto e alma, tal como um verdadeiro derby exige, o Benfica conseguiu ser mais adulto e realista na forma de encarar o adversário. O Sporting é uma equipa lutadora, mostra vontade, quer fazer bem, tenta reagir, mas demonstra apatia, ingenuidade e revela-se demasiado verde. Ora, num jogo para homens de barba rija, importante e quase sem margem de manobra, adoptar uma postura mais ligeira, evitando cometer faltas, até quando são realmente necessárias, é fatal. O leão revelou-se sempre preso, inofensivo, apenas assustando Roberto perto da hora de jogo. Muito tarde: no relógio e no marcador. O resultado estava feito.
CARDOZO E LIEDSON: O DIA E A NOITE
Óscar Tacuara Cardozo tem uma relação delicada com os adeptos do Benfica. É um jogador corpulento, alto e pesado, joga com contacto, é bom de cabeça e tem uma potência tremenda no pé esquerdo. Liedson foi durante anos a fio o principal suporte do Sporting: leve, baixo e matreiro, goleador, por vezes espectacular, sempre abnegado, capaz de resolver e deixar os defesas contrários num verdadeiro trinta e um. O Benfica, por exemplo, costumava ser um dos seus eleitos. Agora está diferente, não tem o mesmo rendimento, está longe do que produziu quando chegou ao Sporting, parece ter perdido algum do seu instinto letal. Na Luz, no duelo de goleadores, Cardozo levou a melhor. O paraguaio tocou mais vezes na bola, rematou quase o dobro de Liedson, aproveitou e marcou os dois golos do Benfica. Apenas foi decisivo.
Cardozo e Liedson jogaram ambos os mesmos noventa e quatro minutos totais do derby. O avançado luso-brasileiro do Sporting - sendo certo que também sem os mesmos meios municiadores dos encarnados - teve mais tempo com a bola nos pés, mas perdeu para Tacuara em aspectos fundamentais: toques, remates, eficácia nos tiros à baliza e, sobretudo, nos golos. O Levezinho teve a primeira verdadeira oportunidade de golo dos leões, aos cinquenta e oito minutos, após uma falha primária de Rúben Amorim. Rematou ao lado. Pelo contrário, Cardozo, passando ao lado de mais golos, acertou por duas vezes com sucesso na baliza de Rui Patrício. Marcou, decidiu, fez as pazes com os adeptos. Liedson precisa de renascer. Conseguirá readquirir os níveis que o fizeram destacar no Sporting e, até, na selecção portuguesa?
NOTA: Os dados presentes são estatísticas oficiais da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Minuto Noventa é uma nova rubrica onde serão analisados os jogos entre grandes.
Óscar Tacuara Cardozo tem uma relação delicada com os adeptos do Benfica. É um jogador corpulento, alto e pesado, joga com contacto, é bom de cabeça e tem uma potência tremenda no pé esquerdo. Liedson foi durante anos a fio o principal suporte do Sporting: leve, baixo e matreiro, goleador, por vezes espectacular, sempre abnegado, capaz de resolver e deixar os defesas contrários num verdadeiro trinta e um. O Benfica, por exemplo, costumava ser um dos seus eleitos. Agora está diferente, não tem o mesmo rendimento, está longe do que produziu quando chegou ao Sporting, parece ter perdido algum do seu instinto letal. Na Luz, no duelo de goleadores, Cardozo levou a melhor. O paraguaio tocou mais vezes na bola, rematou quase o dobro de Liedson, aproveitou e marcou os dois golos do Benfica. Apenas foi decisivo.
Cardozo e Liedson jogaram ambos os mesmos noventa e quatro minutos totais do derby. O avançado luso-brasileiro do Sporting - sendo certo que também sem os mesmos meios municiadores dos encarnados - teve mais tempo com a bola nos pés, mas perdeu para Tacuara em aspectos fundamentais: toques, remates, eficácia nos tiros à baliza e, sobretudo, nos golos. O Levezinho teve a primeira verdadeira oportunidade de golo dos leões, aos cinquenta e oito minutos, após uma falha primária de Rúben Amorim. Rematou ao lado. Pelo contrário, Cardozo, passando ao lado de mais golos, acertou por duas vezes com sucesso na baliza de Rui Patrício. Marcou, decidiu, fez as pazes com os adeptos. Liedson precisa de renascer. Conseguirá readquirir os níveis que o fizeram destacar no Sporting e, até, na selecção portuguesa?
NOTA: Os dados presentes são estatísticas oficiais da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Minuto Noventa é uma nova rubrica onde serão analisados os jogos entre grandes.
1 comentário:
Bom jogo do Benfica o melhor até ver. Jogo fraco do Sporting.
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