Não vou falar dos túneis, dos aberrantes castigos de Hulk, Sapunaru, Mossoró e Vandinho, das bolas que bateram nos ferros, dos penaltis marcados e de outros que ficaram por marcar. Bem que sei que, tudo somado, é uma parte da história do Campeonato 2009/2010. Mas é apenas isso, uma parte que será exaltada ou desprezada, em função do clubismo de cada um, sem que isso belisque, a meu ver, uma regra com poucas excepções na Liga portuguesa: normalmente, a equipa que se sagra campeã é a mais forte. Nos últimos três anos foi o FC Porto. Esta época foi o Benfica a suplantar tudo e todos – com mérito, como ficou comprovado pelos números finais. E com talento. No plano futebolístico, os encarnados exibiram credenciais de grande equipa, tiveram momentos em que roçaram a perfeição, outros em que foram mais eficazes do que brilhantes.
Raras foram as vezes em que o Benfica revelou aquele conformismo doentio que esteve na origem dos fracassos desportivos que se seguiram ao campeonato ganho por Trapattoni. A novidade desta edição da Liga Sagres é que não foi nem o FC Porto nem o Sporting a morder os calcanhares aos encarnados. Foi o Sp.Braga. O sensacional Sp.Braga, de Domingos Paciência, que discutiu o título até à última jornada, que pulverizou todos os recordes da era Jesualdo Ferreira, tornando-se, por direito próprio, vice-campeão nacional. Por milagre, um orçamento de oito milhões de euros fez um pouco mais que os muitos milhões gastos pelo FC Porto, bastante mais que o gordo investimento do Sporting, apenas um pouco menos que o ano do tudo-ou-nada do Benfica em matéria de contratações milionárias. Foi obra, mas acredito que não foi obra desenganada nem empreita irrepetível. Há-de acontecer de novo, mais época menos época.
Quanto ao FC Porto, fecha um ciclo. Perdeu o Campeonato e o acesso à Champions, basicamente, por erros cometidos com adversários de reduzido potencial. Deixar voar dez pontos com equipas como o P. Ferreira (dois empates!), Olhanense, Leixões e Belenenses é um sinal de debilidade que nem aquela vigorosa recta final atenuou. Ok, lá vem o Hulk à baila. Fez falta? Faz sempre, é grande jogador. Pode uma equipa candidata depender de um único talento? No mínimo, não deve. O facto é que o plantel portista não oferece, qualitativamente, tantas soluções como o do Benfica. Não há como negar isso. No passado, isso não foi um problema grave, porque na Luz acabavam invariavelmente por se comer uns aos outros.
Com Jesus, a equipa passou a falar a uma só voz, a ter cultura de vitória e a jogar futebol com prazer, bem blindada por um gabinete de comunicação que funcionou em sintonia com o treinador. O FC Porto não leu esses sinais a tempo de redefinir coordenadas. Jesualdo pagará sozinho essa factura? Do Sporting há muito para dizer, mas acho que já se disse tudo. A época começou torta com Paulo Bento e não chegou verdadeiramente a endireitar-se com Carvalhal, apesar do mérito que o treinador teve em recuperar animicamente alguns jogadores importantes e arrumar para canto os cancros do balneário. Há uma palavra que define o momento do leão: confusão. E confuso continua...
Raras foram as vezes em que o Benfica revelou aquele conformismo doentio que esteve na origem dos fracassos desportivos que se seguiram ao campeonato ganho por Trapattoni. A novidade desta edição da Liga Sagres é que não foi nem o FC Porto nem o Sporting a morder os calcanhares aos encarnados. Foi o Sp.Braga. O sensacional Sp.Braga, de Domingos Paciência, que discutiu o título até à última jornada, que pulverizou todos os recordes da era Jesualdo Ferreira, tornando-se, por direito próprio, vice-campeão nacional. Por milagre, um orçamento de oito milhões de euros fez um pouco mais que os muitos milhões gastos pelo FC Porto, bastante mais que o gordo investimento do Sporting, apenas um pouco menos que o ano do tudo-ou-nada do Benfica em matéria de contratações milionárias. Foi obra, mas acredito que não foi obra desenganada nem empreita irrepetível. Há-de acontecer de novo, mais época menos época.
Quanto ao FC Porto, fecha um ciclo. Perdeu o Campeonato e o acesso à Champions, basicamente, por erros cometidos com adversários de reduzido potencial. Deixar voar dez pontos com equipas como o P. Ferreira (dois empates!), Olhanense, Leixões e Belenenses é um sinal de debilidade que nem aquela vigorosa recta final atenuou. Ok, lá vem o Hulk à baila. Fez falta? Faz sempre, é grande jogador. Pode uma equipa candidata depender de um único talento? No mínimo, não deve. O facto é que o plantel portista não oferece, qualitativamente, tantas soluções como o do Benfica. Não há como negar isso. No passado, isso não foi um problema grave, porque na Luz acabavam invariavelmente por se comer uns aos outros.
Com Jesus, a equipa passou a falar a uma só voz, a ter cultura de vitória e a jogar futebol com prazer, bem blindada por um gabinete de comunicação que funcionou em sintonia com o treinador. O FC Porto não leu esses sinais a tempo de redefinir coordenadas. Jesualdo pagará sozinho essa factura? Do Sporting há muito para dizer, mas acho que já se disse tudo. A época começou torta com Paulo Bento e não chegou verdadeiramente a endireitar-se com Carvalhal, apesar do mérito que o treinador teve em recuperar animicamente alguns jogadores importantes e arrumar para canto os cancros do balneário. Há uma palavra que define o momento do leão: confusão. E confuso continua...
Análise de Pascoal Sousa, jornalista do jornal A BOLA e autor do blogue dornomenisco
Sem comentários:
Enviar um comentário