domingo, 21 de março de 2010

Taça da Liga: Benfica-FC Porto, 3-0 (crónica)

O BENFICA SABE JOGAR E GANHAR!

Uma final é uma final. Diz-se que não são para jogar, mas para ganhar. Podem ser, por vezes, noventa minutos inesperados, isolados de tudo o resto, onde tudo é possível de acontecer. No entanto, é impossível dissociar do que tem sido a temporada de ambas as equipas. O FC Porto vive um dos seus mais complicados períodos da última década, o Benfica está em verdadeiro estado de graça que se prolonga a cada jogo. Os encarnados seriam favoritos, são quem melhor se tem apresentado em termos exibicionais e até emocionais. É fundamental controlar os sentimentos, não deixar que toldem a razão e sejam eles a decidir o que fazer. Este FC Porto, contudo, não o consegue: quer mudar, faltam-lhe forças e discernimento. O Benfica é melhor, indiscutivelmente. E provou-o.


Desde que foi derrotado pelo Sporting, em Alvalade, o FC Porto nunca mais se encontrou. Foi o segundo verdadeiro abalo que sofreu na época, o segundo jogo onde não puxou dos galões de um campeão, depois de ter ficado combalido pela derrota ante o Benfica deitou tudo a perder com os leões. Em momentos que estava bem, até com maior favoritismo para vencer, acabou derrotado de forma concludente. Passou, então, a imperar entre os portistas uma espécie de Lei de Murphy: se alguma coisa pode dar para o torto, tudo virá por acréscimo, pequenos pormenores serão fatais. Antes do jogo com o Benfica, muito mais do que uma Taça da Liga em disputa, sobretudo para os azuis, ansiosos por mostrar que a euforia do velho inimigo pode ser quebrada, Jesualdo Ferreira ficou sem Varela. E já sabia que não tinha Mariano.

Marcar um golo cedo numa final é meio caminho andado para conseguir um jogo tranquilo e colocar uma mão sobre o troféu. O Benfica está motivado, vive um permanente estado de graça, tem tudo para quebrar o ciclo sem vitórias no campeonato e conseguir recuperar o estatuto de outrora na Europa. No FC Porto há uma vontade de querer fazer melhor, de terminar a época com brio, de ganhar as taças que ainda tem em jogo. O futebol, contudo, necessita de uma mente forte e de grande auto-estima. Neste momento, os dragões, por mais que queiram mudar o seu destino, não têm essa faculdade. O Benfica marcou cedo. Aos nove minutos. Rúben Amorim rematou de longe, rasteiro e seco, a bola foi ter com Nuno Espírito Santo, o guarda-redes deu um frango descomunal. Jesualdo encolheu os ombros: que fazer perante este destino?

BOA REACÇÃO... MAS ATACADA POR UM GOLO

Apesar das adversidades, o FC Porto reagiu bem. Já havia pertencido aos dragões a primeira oportunidade, num lance em que Quim negou as intenções de Cristian Rodríguez, mas o golo poderia ter terminado precocemente com a ambição portista em contrariar o Benfica. Os portistas, porém, tiveram capacidade para reequlibrar o jogo, conseguir jogar no meio-campo encarnado e fazerem circular a bola nas proximidades da baliza contrária. Aos vinte e três minutos, com carambolas entre Falcao e Fábio Coentrão, Quim foi obrigado a uma defesa felina. No entanto, pouco mais se viu dos dragões. Escasseavam ocasiões de golo iminente. Foi, sobretudo, a partir da meia-hora que o Benfica quis demonstrar que o seu tento não caíra do céu aos trambolhões. E chegou ao segundo golo num momento-chave: antes do descanso.

Mesmo sendo um guarda-redes experiente, o erro crasso no primeiro golo do Benfica deixou marcas profundas em Nuno. Tremeu, mostrou-se nervoso, não teve recursos para impedir que essa sua inquietação passasse para os seus colegas. Os jogadores encarnados perceberam-no. Nos últimos instantes da primeira parte, o Benfica dispôs de uma falta a cerca de trinta e cinco metros da baliza. Carlos Martins tem um pontapé potente, gosta de tentar a sua sorte, aumentou a confiança em ser feliz. E foi. Rematou forte, uma folha-seca, para o lado de Nuno, a bola entrou juntinho ao poste esquerdo da baliza portista. O golo da tranquilidade assegurado pelo Benfica, mais uma facada nas aspirações do FC Porto em tentar vencer. Aumentou a tensão entre os dragões, acentuou-se a luta desigual contra o rumo natural dos acontecimentos.

UM RUMO NATURAL QUE NÃO SE IMPEDE

E a lógica deste jogo ditava que o Benfica iria ganhar. Simplesmente porque é mais forte. Tem alternativas válidas, Jorge Jesus dá-se ao luxo de deixar Javi García, Ramires, Saviola e Cardozo de fora sem que a equipa sinta qualquer quebra. Os processos estão bem interiorizados, saem com enorme facilidade, o Benfica respira confiança. Ao invés, o FC Porto é uma equipa triste, lutadora mas impotente, sem soluções que dêem sangue novo à equipa e obriguem o adversário a repensar a estratégia. A perder por dois golos ao intervalo, Jesualdo Ferreira lançou Fucile, para procurar estancar as investidas ofensivas de Fábio Coentrão que haviam atormentado Miguel Lopes, e Valeri, em substituição de Rúben Micael, na procura de maior criatividade ao meio-campo azul. Foi inconsequente. O FC Porto não mais criou perigo para Quim.

Uma equipa desesperadamente à procura de sair para o ataque, jogando com o coração, pouco discernida e envolvendo-se em picardias constantes. Foi assim que o FC Porto se apresentou no Algarve. Não foi a primeira vez na temporada, é certo. O Benfica jogou com o tempo e com a ansiedade do adversário, não deu azo a que os dragões tentassem crescer na busca de um golo capaz de relançar o resultado. Há muito mérito nisso. Ciente de que tinha o jogo controlado, Jorge Jesus foi lançando as peças fundamentais que poupara: começou com Saviola, passou por Ramires e terminou com Cardozo. O Benfica terminou o jogo próximo da sua equipa-base, portanto. E fechou com chave de ouro, numa das poucas oportunidades da segunda parte: passa e repassa, Rúben Amorim picou a bola sobre Nuno, o poste encaminhou-a para o pé de Cardozo. Três-zero, resultado abrilhantado.

2 comentários:

Balakov10 disse...

Foi um Benfica muito forte para um FC Porto totalmente amorfo... o final de época dos dragões será por certo penoso...

Jornal Só Desporto disse...

Grande Benfica.