Recuemos, leitor, até Fevereiro de 2002. Dia 23. No campeonato português, o FC Porto defronta, no estádio das Antas, o Beira-Mar. A equipa portista pretende manter-se na rota do título, apesar de serem aparentes as dificuldades. José Mourinho chegara há pouco tempo, encontrara uma equipa em quinto lugar, mas garantira que lutaria até final, mesmo conhecendo a realidade, para preparar as bases para o prometido sucesso nos anos seguintes. Os dragões estão em recuperação, com quatro vitórias consecutivas, entre elas o Benfica, até chegar a esta vigésima quarta jornada. Terceiro lugar, oito pontos de desvantagem para o Sporting, líder e futuro campeão. Os aveirenses conseguiram uma vitória histórica, nas Antas, por 3-2. O FC Porto disse adeus ao título. Estava somente por um fio.
As contrariedades dos dragões, nessa partida, começaram cedo. Por volta da meia-hora de jogo, Jorge Andrade comete uma falta perigosa à entrada da área e recebe ordem de expulsão do árbitro Carlos Xistra. Um mal nunca vem só: na cobrança do livre, Cristiano coloca a equipa de António Sousa na frente do marcador. Com menos um e em desvantagem, o FC Porto, proibido de falhar, teria necessariamente de ser audaz. E foi-o. Afinal, apesar de tudo, continuava superior aos aveirenses e jogava em casa. Ainda na primeira parte, empatou. Mas havia Fary. O avançado senegalês era um perigo constante para os portistas e dava-se ao luxo de ser extraordinariamente eficaz com Vítor Baía. Nessa partida, por opção, começara no banco. Seria, porém, o maior problema azul.
Fary entrou na segunda parte. Poucos minutos depois do recomeço, recolocou a sua equipa em vantagem. Depois disso, novo rombo no FC Porto: Deco foi expulso, os portistas ficaram os últimos quinze minutos com nove jogadores. Desvantagem cada vez maior a todos os níveis. Mourinho, contudo, mantinha os olhos na vitória: lançou as armas de que dispunha, colocou avançados, fez de tudo para dar a volta ao resultado. Outros simplesmente encolheriam os ombros. O FC Porto, com tantos obstáculos colocados no caminho, chegou a um novo empate. Mas o esforço fora grande, a equipa estava demasiado esticada e a defesa ficara vulnerável perante a aposta atacante do treinador. Fary não teve piedade, pouco se interessou pelas recuperações do rival: fez o dois-três, acabou com as dúvidas.
Posto isto, podemos regressar ao presente. Passaram-se, então, oito anos desde esse triunfo do Beira-Mar. Muita coisa mudou, pouco se mantém como estava na época. Jogando como anfitrião, numa carreira entre Porto e Milão com Londres pelo meio, José Mourinho fez cento e trinta jogos oficiais contando para o campeonato português, inglês e italiano. Nunca mais perdeu: cento e vinte e cinco triunfos, vinte e cinco empates. Hoje, dia 20 de Fevereiro de 2010, o Inter, na recepção à Sampdoria, teve a possibilidade de dar ao treinador português o ponto máximo desse registo verdadeiramente impressionante: oito anos sem derrotas caseiras. Não ganhou, empatou, a zero, no Giuseppe Meazza. Para o Inter, empatar em casa é negativo. E jogando desde os trinta e oito minutos com nove, continua a ser?
Se o leitor não acredita em coincidências, leia o que se segue até ao final. Em 2002, como se disse, Jorge Andrade foi expulso por vermelho directo. Hoje foi Walter Samuel, na mesma altura. No lance do livre, por ter saltado da barreira antes do tempo, Ivan Córdoba viu o cartão amarelo e, mais tarde, seria expulso. Tal como Deco, embora por protestos, na partida do FC Porto contra o Beira-Mar. São, sem dúvida, curiosidades que ligam estes dois jogos que nunca poderão desaparecer do registo pessoal de José Mourinho. E existe, também, uma diferença substancial: o modo como o treinador encarou a partida. No passado, fez de tudo para ganhar. Agora, mais experiente, preferiu guardar o ponto. E completou oito anos sem derrotas em casa. Foi bem sucedido. Épico.
As contrariedades dos dragões, nessa partida, começaram cedo. Por volta da meia-hora de jogo, Jorge Andrade comete uma falta perigosa à entrada da área e recebe ordem de expulsão do árbitro Carlos Xistra. Um mal nunca vem só: na cobrança do livre, Cristiano coloca a equipa de António Sousa na frente do marcador. Com menos um e em desvantagem, o FC Porto, proibido de falhar, teria necessariamente de ser audaz. E foi-o. Afinal, apesar de tudo, continuava superior aos aveirenses e jogava em casa. Ainda na primeira parte, empatou. Mas havia Fary. O avançado senegalês era um perigo constante para os portistas e dava-se ao luxo de ser extraordinariamente eficaz com Vítor Baía. Nessa partida, por opção, começara no banco. Seria, porém, o maior problema azul.
Fary entrou na segunda parte. Poucos minutos depois do recomeço, recolocou a sua equipa em vantagem. Depois disso, novo rombo no FC Porto: Deco foi expulso, os portistas ficaram os últimos quinze minutos com nove jogadores. Desvantagem cada vez maior a todos os níveis. Mourinho, contudo, mantinha os olhos na vitória: lançou as armas de que dispunha, colocou avançados, fez de tudo para dar a volta ao resultado. Outros simplesmente encolheriam os ombros. O FC Porto, com tantos obstáculos colocados no caminho, chegou a um novo empate. Mas o esforço fora grande, a equipa estava demasiado esticada e a defesa ficara vulnerável perante a aposta atacante do treinador. Fary não teve piedade, pouco se interessou pelas recuperações do rival: fez o dois-três, acabou com as dúvidas.
Posto isto, podemos regressar ao presente. Passaram-se, então, oito anos desde esse triunfo do Beira-Mar. Muita coisa mudou, pouco se mantém como estava na época. Jogando como anfitrião, numa carreira entre Porto e Milão com Londres pelo meio, José Mourinho fez cento e trinta jogos oficiais contando para o campeonato português, inglês e italiano. Nunca mais perdeu: cento e vinte e cinco triunfos, vinte e cinco empates. Hoje, dia 20 de Fevereiro de 2010, o Inter, na recepção à Sampdoria, teve a possibilidade de dar ao treinador português o ponto máximo desse registo verdadeiramente impressionante: oito anos sem derrotas caseiras. Não ganhou, empatou, a zero, no Giuseppe Meazza. Para o Inter, empatar em casa é negativo. E jogando desde os trinta e oito minutos com nove, continua a ser?
Se o leitor não acredita em coincidências, leia o que se segue até ao final. Em 2002, como se disse, Jorge Andrade foi expulso por vermelho directo. Hoje foi Walter Samuel, na mesma altura. No lance do livre, por ter saltado da barreira antes do tempo, Ivan Córdoba viu o cartão amarelo e, mais tarde, seria expulso. Tal como Deco, embora por protestos, na partida do FC Porto contra o Beira-Mar. São, sem dúvida, curiosidades que ligam estes dois jogos que nunca poderão desaparecer do registo pessoal de José Mourinho. E existe, também, uma diferença substancial: o modo como o treinador encarou a partida. No passado, fez de tudo para ganhar. Agora, mais experiente, preferiu guardar o ponto. E completou oito anos sem derrotas em casa. Foi bem sucedido. Épico.
3 comentários:
Mais um resultado sem história além disso o Sporting é mesmo uma época para esquecer.
Grande artigo.
Grande artigo.
Enviar um comentário