segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Depois do clássico: análise

Um Benfica de gala, um FC Porto intimidado. À partida, seriam os portistas quem mais tinham a ganhar: equipa totalmente disponível, ciclo de quatro vitórias e boas exibições, perante um Benfica desfalcado de Di María e Fábio Coentrão, obrigando Jorge Jesus a inovar no vértice esquerdo do losango do meio-campo, e Aimar, o maestro que tão fundamental tem sido para a construção de jogo. O treinador encarnado, contudo, não abdicou do seu 4x4x2, mudou somente as peças, os maquinismos mantinham-se com outros intérpretes. Lançou Carlos Martins, raramente utilizado, e surpreendeu com a colocação de Urretaviscaya sobre a esquerda. Bem apoiado por César Peixoto, acontecendo o mesmo com Ramires e Maxi Pereira na direita, o Benfica tornou-se comandante do jogo aí: nas faixas laterais do terreno.

Jesualdo Ferreira, por sua opção, prescindiu de Belluschi e Varela. Tal como já acontecera em jogos assim, importantes e contra adversários de valor idêntico, o treinador portista alterou a equipa. Não a táctica, manteve o 4x3x3. No meio, também devido às más condições de um relvado cada vez mais pesado e difícil devido à acção da chuva, Jesualdo preferiu a força de Guarín à maior criatividade de Belluschi. O colombiano garante solidez em termos defensivos mas não tem capacidade para construir jogo ofensivo, para ser rápido e eficaz nas transições que o treinador tanto gosta de explorar. Essa missão, sem Belluschi, estaria destinada a Raul Meireles, mas o médio nunca conseguiu assumir o jogo portista. O Benfica, em superioridade, tomou também conta do meio-campo, campo nevrálgico de batalha.

Se no Benfica, quer à direita com Maxi no apoio a Ramires quer à esquerda com o auxílio de César Peixoto a Urreta, as alas funcionavam para criar perigo junto à área de Helton, no FC Porto essas acções eram inconsequentes. Fucile, importante na manobra ofensiva, não teve forma de se livrar do compatriota Urreta e ajudar Hulk; Álvaro Pereira foi o autor do primeiro remate de perigo, aos sessenta e dois minutos, mas pouco interveio em questões atacantes. Sem controlo do meio-campo, sem profundidade nas alas, sem um rasgo individual que resultasse, que soluções restariam ao FC Porto para ameaçar a baliza de Quim? Jesualdo percebeu que tinha estado mal, procurou mudar, lançou Varela para o lugar de Guarín. Fê-lo ao intervalo, já o Benfica levava vantagem. Golo de Saviola, nas costas da defesa azul.

Com a entrada do extremo português, que tem demonstrado estar em excelente forma mas acabou por ser preterido na Luz, e a saída de Guarín, o FC Porto melhorou, conseguiu combater a superioridade do Benfica e jogar mais no terreno contrário. Teve duas excelentes ocasiões, por força de remates de Álvaro Pereira e Raul Meireles, para empatar. Jorge Jesus notou que a sua equipa estava em clara quebra, sem a mesma intensidade. Era preciso refrescar: Urreta e Carlos Martins encheram o campo na primeira parte mas mostraram naturais debilidades físicas. O dragão crescera, Jesus foi astuto o suficiente para contrariar. Jesualdo lançou as últimas cartadas, Belluschi e Farías. Foi tarde, não houve tempo para mudar. O Benfica soube sofrer, foi inteligente a gerir e ganhou. Ganhou bem.

3 comentários:

Jornal Só Desporto disse...

Boa crónica.

SevenSeven disse...

Bom trabalho pelo blog, parabens, continua, e força no teu projecto

Abraços do ZonaDesportiva

Ricardo Costa disse...

Seven,

Obrigado pelo comentário. Desejo-lhe o mesmo para o seu Zona Desportiva.

Abraço