domingo, 1 de novembro de 2009

Sp.Braga-Benfica: Domingos encontrou a poção

COMENTÁRIO

Perguntou-se, após as sucessivas goleadas do Benfica, se haveria antídoto que parasse a onda vitoriosa e goleadora dos encarnados. Todos achariam que sim, afinal ninguém é imbatível, mas era ainda necessário descobri-lo. Domingos Paciência e o seu Sp.Braga alcançaram-no e têm o mérito inteirinho, porque souberam anular a equipa encarnada ocupando todos os espaços possíveis. Sem poder manobrar, este Benfica perdeu a sua capacidade de criar lances de futebol ofensivo e, por isso, não conseguiu fazer valer o seu ponto forte: o ataque. Com as dificuldades de construção a que se viu sujeita por imposição do Sp.Braga, a equipa benfiquista foi obrigada a usar um futebol mais directo e sem o mesmo apoio que tão bem tem resultado.
Em Braga, nada foi obra do acaso.

Nas anteriores jornadas, sobretudo a jogar na Luz, este Benfica tinha sido temível. Pablo AImar, Di María, Saviola, Cardozo e ainda Fábio Coentrão como expoentes máximos. Frente ao Everton e ao Nacional, foram eles os grandes obreiros das goleadas. Domingos Paciência, bem ciente do poderio e do caudal atacante do Benfica, quis encurtar o raio de acção de cada um deles. Fez-se valer, claro, da coesão defensiva que caracteriza o Sp.Braga. Resultou na perfeição: Aimar foi uma sombra do que se tem visto durante esta temporada, João Pereira susteve a explosividade de Di María, Fábio Coentrão teve de se centrar nas tarefas defensivas para impedir as progressões de Alan. Assim, quem colocaria a bola ao jeito de Cardozo e Saviola? Acrescente-se também o bloqueio a Javi García, o relógio do miolo encarnado.

Entrar a ganhar seria a melhor coisa que poderia ter acontecido. Através de um golo fabuloso de Hugo Viana, o Sp.Braga colocou-se em vantagem - algo que apenas o Marítimo, na primeira jornada, havia conseguido ante o Benfica. Seguiram-se, por isso, momentos de aperto para a baliza de Eduardo. Os encarnados instalaram-se no meio-campo minhoto, criaram lances pelos flancos, dispuseram de um número elevado de pontapés de cantos mas não conseguiram aproveitar esse ponto forte que são as bolas paradas. Marcariam, quase em cima da meia hora de jogo, mas Jorge Sousa já assinalara falta de Cardozo sobre Evaldo. Tratou-se, porém, um erro do árbitro. Depois disso, aos poucos, o jogo foi perdendo o ritmo frenético com que começara mas manteve todos os motivos de interesse.

Ao Sp.Braga importava conseguir funcionar como um colectivo e nunca perder a concentração, mesmo sabendo que o Benfica reagiria em busca do golo. Em resultado de cenas de verdadeira batalha campal, as equipas regressaram do balneário com apenas dez jogadores: André Leone, parceiro de Moisés no centro da defesa, e Óscar Cardozo, principal referência atacante do Benfica, receberam ordem de expulsão durante o período de intervalo. Domingos lançou Rodríguez, prescindindo de Meyong. Jorge Jesus manteve a mesma equipa. Neste particular esteve melhor o treinador arsenalista pois devolveu equilíbrio defensivo à equipa, enquanto Jesus deixou Saviola como único jogador de área. Esperou para ver.

Seria fácil dizer que Domingos se superiorizou a Jorge Jesus, devido ao resultado final. Não foi só pela vitória, também pela forma como montou e reestruturou a equipa. Depois de não conseguir a igualdade, Jesus decidiu, então, lançar Keirrison para se juntar a Saviola, retirando Javi García e recuando Ramires. A aposta foi boa, porém, algo tardia. Domingos responderia ainda melhor: Matheus rendeu Mossoró, apostando de forma bem clara na velocidade para surpreender a equipa encarnada. O Benfica ficava com a iniciativa, o Sp.Braga explorava as transições para dar o xeque-mate e acabar de vez com a incerteza no resultado. Setenta e sete minutos: Matheus cruza para a marca de penalty, Paulo César dá a machadada final. Com mérito. Com justiça. Com classe.

3 comentários:

Jorge Bastos disse...

Esqueces-te aí de um lance crucial, logo no inicio da segunda metade.

João Pereira trava Di Maria numa falta muito semelhante à que fizera Fábio Coentrão sobre Alan.

Fábio Coentrão levou amarelo logo no inicio da partida e o que é que aconteceu a João Pereira? Nada.

João Pereira já tinha amarelo e seria justamente expulso.

O Benfica ficaria a jogar contra nove cerca de quarenta minutos.

Dizer-se que o Braga ganhou com mérito e justiça (golo limpo anulado ao Benfica e que dava o empate; segunda parte onde só houve um sentido) é, com todo o respeito, a maior aberração que li nos últimos tempos.

Ricardo Costa disse...

Jorge Bastos,

O objectivo do meu texto não passava por fazer uma análise à arbitragem mas sim ao jogo em si. Aí, mesmo concordando que existiram esses dois erros prejudiciais ao Benfica, parece-me que o Sp.Braga venceu com justiça. Certamente haverá quem concorde e, por outro lado, tal como acontece consigo, outros acharão o contrário. É mesmo assim...

Um abraço.

Anónimo disse...

Concordo plenamente com a análise feita pelo Jorge Bastos.
Desta vez não houve só erros a beneficiar o Benfica (vários penaltis por jogo, só os adversários é que fazem faltas, simulações sem cartões amarelos, etc). Houve erros para os dois lados, como é normal numa arbitragem.
Queriam, novamente, ganhar à força, mas não deu. O problema principal do benfica é que tem um treinador que não tem nível para o plantel que tem. E o futuro o dirá.
Um treinador que passa os jogos ao despique com o treinador adversário parece-me que não tem capacidade intelectual para conduzir um plantel com o nível deste. Se o Braga não se aguentar, vai mais um campeonato para o Porto.
Nuno Alvarenga