A pré-época deixou água na boca. O Benfica jogou, ganhou troféus e, acima de tudo, mostrou alma e querer dentro do relvado. O trabalho de Jorge Jesus, até ao momento, tem deixado os adeptos encarnados esperançados na conquista do título que lhes foge desde 2005. Depois dos fracassos nas épocas anteriores, será agora que a águia voltará a impor-se? No último Visão dos Adeptos, José Fonseca, administrador do blogue Eterno Benfica, dá a sua opinião.
FUTEBOLÊS: O que espera do Benfica nesta temporada?
JOSÉ FONSECA: O Benfica reforçou-se bastante bem para a nova temporada. Não só a nível de jogadores mas também de corpo técnico, sem esquecer a nova Direcção que tomou posse. No entanto, penso que a minha opinião é relativamente parecida com a da maioria dos benfiquistas: este ano, o Benfica tem obrigatoriamente de ganhar. Nos últimos quinze anos, o clube ganhou apenas um campeonato, duas Taças de Portugal, uma Supertaça e uma Taça da Liga. É manifestamente pouco. Muito insuficiente para as ambições dos adeptos e para a dimensão do clube. No entanto é preciso entender o porquê deste jejum de títulos. O clube mergulhou numa crise profunda por culpa de más gestões sucessivas, nomeadamente as de Manuel Damásio e João Vale e Azevedo, sendo que começou a tentar recuperar com a eleição de Manuel Vilarinho, no ano 2000. A verdade é que o trabalho feito nos últimos dez anos, a nível de recuperação do clube em termos económico-financeiros e também de infraestruturas (estádio, pavilhões, centro de estágios, piscinas...) foi notável. No entanto, essa recuperação está a chegar ao fim. As bases foram lançadas, agora é altura de ganhar. E é precisamente isso que espero para esta temporada. Sem desculpas, quero que o Benfica vença. Concluíram-se dez anos de trabalho intenso para reabilitar o clube. Mas há que passar para o nível seguinte: ganhar. Com os sucessivos investimentos (a um ritmo de 30 milhões de euros gastos por época), é preciso ganhar. Temos equipa, adeptos e estruturas que são inigualáveis em Portugal, por isso, a minha exigência é a vitória.
F: Que análise faz do plantel?
JF: O Benfica, como vem sendo apanágio das últimas épocas voltou a reforçar-se. Bem em alguns sectores, mal noutros. Vejamos: na posição de guarda-redes, não temos nenhum elemento de classe mundial desde a saída de Michel Preud'homme. Temos sim dois guarda-redes internacionais que dão garantias e que têm créditos firmados no futebol português. Para consumo interno basta perfeitamente, até porque não existe em Portugal nenhum guarda-redes verdadeiramente de classe mundial. Existem muitos guarda-redes bons (Eduardo, Rui Patrício, Nilson, Helton, Beto), mas nenhum deles é sinónimo de vitória. Os nossos guarda-redes (incluíndo Júlio César, que acho que não vai ser muito utilizado), são suficientemente bons. Não acho que seja necessário contratar mais um guarda-redes.
Na posição de defesa-central, nada a apontar. Quatro valores seguros (Luisão, Sidnei, David Luiz e Miguel Vítor) e ainda a esperança Roderick Miranda. Acho que mesmo que se o Benfica vendesse Luisão não necessitava de contratar ninguém. Temos cobertura. Para defesa-direito há Maxi Pereira. Só. Luís Filipe é um jogador relativamente fraco, mas que nós, adeptos, nunca apoiámos verdadeiramente. Não creio que sirva como alternativa para suplente. Patric é ainda muito jovem para jogar naquela posição, sendo que o seu empréstimo ao Cruzeiro talvez tenha sido uma boa aposta, dada a dificuldade em impor-se como titular na Liga. Depois há Miguel Vítor e Rúben Amorim que podem, eventualmente, ser situações de recurso para aquele lugar. Prefiro que jogue Miguel Vítor em vez de Amorim. Para defesa-esquerdo temos Shaffer e César Peixoto. Shaffer é um típico lateral sul-americano: rápido, gosta de subir e cruzar a bola, mas tem de aprender a defender, especialmente porque o Benfica vai defrontar equipas que jogam em contra-ataque. Não pode deixar "buracos na defesa". Peixoto é diferente, o oposto de Shaffer, talvez mais parecido com Jorge Ribeiro.
No meio-campo há dois jogadores para cada lugar, o que é bastante positivo. O treinador pode alternar entre um ou outro jogador para cada lugar do meio-campo sem nunca perder grande qualidade. Outro dos factores importantes é que cada jogador no meio-campo do Benfica possui características muito próprias. Por exemplo, Javi Garcia e Yebda são da mesma posição, mas completamente diferentes um do outro, assim como Carlos Martins e Ramires. Na polivalência de alguns médios e também nas diferentes características que se adaptam a diferentes jogos, o Benfica encontra sempre soluções para este sector-chave do jogo.
O ataque é o sector mais forte do Benfica: Cardozo, Saviola, Nuno Gomes, Keirrison, Weldon, Mantorras e Urreta são sinónimos de golo. Destes sete jogadores que mencionei, penso que os cinco primeiros têm condições para serem apostas regulares do treinador. É a primeira vez em muitos anos que vejo o Benfica com tantas soluções diferentes para o ataque. Houve épocas em que tínhamos apenas Nuno Gomes, Miccoli, Mantorras e Kikin, por exemplo. Hoje há mais e melhor. Concluindo, é um plantel extenso, mas que vai lutar pelo campeonato, tendo obrigação de fazer boa figura tanto nas Taças de Portugal e da Liga como nas provas europeias. Tenho pena que o plantel do Benfica tenha poucos portugueses. São os únicos (salvo raras excepções, como Luisão) que realmente entendem o que é a mística. Sabe quantos portugueses tinha o Benfica no seu onze-base quando foi campeão pela última vez? Oito! Dá que pensar...
F: O que lhe tem parecido este início de época?
JF: Tem sido um início de época normal. Muita euforia em torno do novo plantel, do novo treinador e ambições altas por parte de todos os adeptos. É sempre assim todos os anos. Mas que há progressos e melhorias em relação a épocas transactas, efectivamente há. O Benfica está mais forte, mas só lá para Novembro é que se começa a definir quem tem pernas e quem não tem para aguentar os dez meses de competição.
F: Será este o ano para o Benfica se voltar a impor em Portugal?
JF: O Benfica é o maior clube português. No presente, o que falta são os títulos e penso ser esse o foco da pergunta que faz. No entanto, o que é que significa "voltar a impor-se em Portugal"? Ganhar o campeonato? Espero que assim seja. Mas a verdadeira grandeza do Benfica, especialmente nestes anos de jejum de títulos, tem-se manifestado vezes sem conta. Mesmo não ganhando, continua a ser o maior, o mais popular, e o alvo a abater. Haverá maior grandeza que esta? Para mim, o Benfica tem de ganhar para cimentar a sua grandeza. Mas creio que a expressão "voltar a impor-se em Portugal" é um pouco desnecessária. O Benfica é o maior. Os nossos títulos não têm o cunho da corrupção ou da dúvida. O que conquistámos foi por mérito próprio. É essa a grandeza.
F: De que forma serve o blogue Eterno Benfica para apoiar o clube?
JF: Apesar de não ser um dos fundadores do blogue, penso que o Eterno Benfica deve ser um ponto de debate e crítica positiva do clube e do futebol português em geral. Não nos interessa a maledicência. Importamo-nos sim com a crítica construtiva, com o que achamos que podemos dar, pelas nossas ideias, ao clube. Somos tão só adeptos como quaisquer outros, com ideias como quaisquer outros. Nos bons e nos maus momentos do clube, lá estaremos. Porque vivemos o Benfica.
"O BENFICA TEM QUE GANHAR"
FUTEBOLÊS: O que espera do Benfica nesta temporada?
JOSÉ FONSECA: O Benfica reforçou-se bastante bem para a nova temporada. Não só a nível de jogadores mas também de corpo técnico, sem esquecer a nova Direcção que tomou posse. No entanto, penso que a minha opinião é relativamente parecida com a da maioria dos benfiquistas: este ano, o Benfica tem obrigatoriamente de ganhar. Nos últimos quinze anos, o clube ganhou apenas um campeonato, duas Taças de Portugal, uma Supertaça e uma Taça da Liga. É manifestamente pouco. Muito insuficiente para as ambições dos adeptos e para a dimensão do clube. No entanto é preciso entender o porquê deste jejum de títulos. O clube mergulhou numa crise profunda por culpa de más gestões sucessivas, nomeadamente as de Manuel Damásio e João Vale e Azevedo, sendo que começou a tentar recuperar com a eleição de Manuel Vilarinho, no ano 2000. A verdade é que o trabalho feito nos últimos dez anos, a nível de recuperação do clube em termos económico-financeiros e também de infraestruturas (estádio, pavilhões, centro de estágios, piscinas...) foi notável. No entanto, essa recuperação está a chegar ao fim. As bases foram lançadas, agora é altura de ganhar. E é precisamente isso que espero para esta temporada. Sem desculpas, quero que o Benfica vença. Concluíram-se dez anos de trabalho intenso para reabilitar o clube. Mas há que passar para o nível seguinte: ganhar. Com os sucessivos investimentos (a um ritmo de 30 milhões de euros gastos por época), é preciso ganhar. Temos equipa, adeptos e estruturas que são inigualáveis em Portugal, por isso, a minha exigência é a vitória.
F: Que análise faz do plantel?
JF: O Benfica, como vem sendo apanágio das últimas épocas voltou a reforçar-se. Bem em alguns sectores, mal noutros. Vejamos: na posição de guarda-redes, não temos nenhum elemento de classe mundial desde a saída de Michel Preud'homme. Temos sim dois guarda-redes internacionais que dão garantias e que têm créditos firmados no futebol português. Para consumo interno basta perfeitamente, até porque não existe em Portugal nenhum guarda-redes verdadeiramente de classe mundial. Existem muitos guarda-redes bons (Eduardo, Rui Patrício, Nilson, Helton, Beto), mas nenhum deles é sinónimo de vitória. Os nossos guarda-redes (incluíndo Júlio César, que acho que não vai ser muito utilizado), são suficientemente bons. Não acho que seja necessário contratar mais um guarda-redes.
Na posição de defesa-central, nada a apontar. Quatro valores seguros (Luisão, Sidnei, David Luiz e Miguel Vítor) e ainda a esperança Roderick Miranda. Acho que mesmo que se o Benfica vendesse Luisão não necessitava de contratar ninguém. Temos cobertura. Para defesa-direito há Maxi Pereira. Só. Luís Filipe é um jogador relativamente fraco, mas que nós, adeptos, nunca apoiámos verdadeiramente. Não creio que sirva como alternativa para suplente. Patric é ainda muito jovem para jogar naquela posição, sendo que o seu empréstimo ao Cruzeiro talvez tenha sido uma boa aposta, dada a dificuldade em impor-se como titular na Liga. Depois há Miguel Vítor e Rúben Amorim que podem, eventualmente, ser situações de recurso para aquele lugar. Prefiro que jogue Miguel Vítor em vez de Amorim. Para defesa-esquerdo temos Shaffer e César Peixoto. Shaffer é um típico lateral sul-americano: rápido, gosta de subir e cruzar a bola, mas tem de aprender a defender, especialmente porque o Benfica vai defrontar equipas que jogam em contra-ataque. Não pode deixar "buracos na defesa". Peixoto é diferente, o oposto de Shaffer, talvez mais parecido com Jorge Ribeiro.
No meio-campo há dois jogadores para cada lugar, o que é bastante positivo. O treinador pode alternar entre um ou outro jogador para cada lugar do meio-campo sem nunca perder grande qualidade. Outro dos factores importantes é que cada jogador no meio-campo do Benfica possui características muito próprias. Por exemplo, Javi Garcia e Yebda são da mesma posição, mas completamente diferentes um do outro, assim como Carlos Martins e Ramires. Na polivalência de alguns médios e também nas diferentes características que se adaptam a diferentes jogos, o Benfica encontra sempre soluções para este sector-chave do jogo.
O ataque é o sector mais forte do Benfica: Cardozo, Saviola, Nuno Gomes, Keirrison, Weldon, Mantorras e Urreta são sinónimos de golo. Destes sete jogadores que mencionei, penso que os cinco primeiros têm condições para serem apostas regulares do treinador. É a primeira vez em muitos anos que vejo o Benfica com tantas soluções diferentes para o ataque. Houve épocas em que tínhamos apenas Nuno Gomes, Miccoli, Mantorras e Kikin, por exemplo. Hoje há mais e melhor. Concluindo, é um plantel extenso, mas que vai lutar pelo campeonato, tendo obrigação de fazer boa figura tanto nas Taças de Portugal e da Liga como nas provas europeias. Tenho pena que o plantel do Benfica tenha poucos portugueses. São os únicos (salvo raras excepções, como Luisão) que realmente entendem o que é a mística. Sabe quantos portugueses tinha o Benfica no seu onze-base quando foi campeão pela última vez? Oito! Dá que pensar...
F: O que lhe tem parecido este início de época?
JF: Tem sido um início de época normal. Muita euforia em torno do novo plantel, do novo treinador e ambições altas por parte de todos os adeptos. É sempre assim todos os anos. Mas que há progressos e melhorias em relação a épocas transactas, efectivamente há. O Benfica está mais forte, mas só lá para Novembro é que se começa a definir quem tem pernas e quem não tem para aguentar os dez meses de competição.
F: Será este o ano para o Benfica se voltar a impor em Portugal?
JF: O Benfica é o maior clube português. No presente, o que falta são os títulos e penso ser esse o foco da pergunta que faz. No entanto, o que é que significa "voltar a impor-se em Portugal"? Ganhar o campeonato? Espero que assim seja. Mas a verdadeira grandeza do Benfica, especialmente nestes anos de jejum de títulos, tem-se manifestado vezes sem conta. Mesmo não ganhando, continua a ser o maior, o mais popular, e o alvo a abater. Haverá maior grandeza que esta? Para mim, o Benfica tem de ganhar para cimentar a sua grandeza. Mas creio que a expressão "voltar a impor-se em Portugal" é um pouco desnecessária. O Benfica é o maior. Os nossos títulos não têm o cunho da corrupção ou da dúvida. O que conquistámos foi por mérito próprio. É essa a grandeza.
F: De que forma serve o blogue Eterno Benfica para apoiar o clube?
JF: Apesar de não ser um dos fundadores do blogue, penso que o Eterno Benfica deve ser um ponto de debate e crítica positiva do clube e do futebol português em geral. Não nos interessa a maledicência. Importamo-nos sim com a crítica construtiva, com o que achamos que podemos dar, pelas nossas ideias, ao clube. Somos tão só adeptos como quaisquer outros, com ideias como quaisquer outros. Nos bons e nos maus momentos do clube, lá estaremos. Porque vivemos o Benfica.
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