O TÍTULO VISÍVEL
Ainda sem ter acabado, o campeonato está acabado. O título está entregue pela quarta vez consecutiva ao FC Porto, o décimo sétimo nos últimos vinte e cinco anos. Um título visível e com uma conquista previsível desde algumas jornadas atrás. A superioridade dos dragões face aos seus adversários é esmagadora. Mais significado tem perante a tarefa que se desenhou no inicio de época a Jesualdo Ferreira, construir uma equipa e colmatar as saídas de três peças bem importantes, Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma. Há dois anos, Jesualdo começou o campeonato com o onze base do anterior, e foi polvilhando a equipa com a entrada de alguns reforços. Esta época teve que se socorrer de alguns (cinco ou seis) da época do tri, para fazer entrar de imediato as novas peças, fazendo crescer a equipa à medida que a competição ia avançando. Parece fácil mas não é e não o foi de certeza. Daí o ar de satisfação do professor com esta conquista, que certamente lhe deu mais satisfação que os outros, melhor dizendo, foi igualmente saboroso, mas foi diferente.
É por isso que tem toda a legitimidade para poder prosseguir com a sua obra, construir uma equipa. Forte, jovem e que tem muita margem de progressão, até pelos próprios jogadores já contratados.
O contrário passou-se durante toda a época com o Benfica, que nunca conseguiu formar uma equipa, e só as equipas ganham. Um técnico desfasado do futebol português, jogadores contratados pelo nome e não pelo rendimento (Aimar, Reyes, Balboa e Suazo) aposta em contra-ataque em vez do ataque continuado (sem alas e sem o melhor marcador do ano anterior, Cardozo), e muita dificuldade para explicar o insucesso. Valeu-se Quique Flores, do trabalho invisível que diz que fez, mas por ser invisível, ninguém o viu ou vislumbrou. Convinha avisar, o ainda, técnico encarnado, que ninguém lhe gabou a capacidade de montar um colectivo, porque afinal de contas ele não nunca existiu, ou se existiu, era invisível. A diferença continua visível a todos, enquanto o FC Porto prepara (já há muito está preparada) a nova época, alicerçada na anterior e retocada com jogadores portugueses, novos e de valor, o Benfica continua ano após ano, a construir equipas alicerçadas em nada ou em projectos construídos em cima do joelho, com novo técnico (Scolari será se Rui Costa engolir um sapo) e novos jogadores por empréstimo ou em ocaso (a oferta de Robert Pires é ridícula).
A diferença está á vista de todos, enquanto na casa do dragão se trabalha com bases sólidas e alicerçadas ao longo dos anos, na casa da águia trabalha-se para o imediato, sem pensar e planificar, e o que se ganha é frustração ano após ano. É a diferença entre um trabalho invisível que dá resultados visíveis e de sucesso, perante outro onde está bem patente que o trabalho visível, é invisível até para o insucesso.
BERNARDINO BARROS
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