A Selecção Nacional é o tema que marca o panorama futebolístico. As contas do apuramento para o Mundial 2010 estão mais complicadas do que nunca, ainda para mais num grupo onde os principais adversários são a Dinamarca e a Hungria, sem que nenhum deles seja um todo-poderoso do futebol mundial. Portugal é, de longe, a equipa que dispõe de melhores jogadores e que tem mais obrigações de seguir para a África do Sul até pelo seu passado recente. Esta é uma situação atípica para qualquer português que já se tinha desabituado dessas coisas de ter de fazer contas e depender de terceiros.Desde o falhanço no apuramento para o Mundial'98, em França, que a nossa Selecção não passava por tal situação, tendo conseguido qualificar-se para os Europeus de 2000 e 2008 (em 2004 foi anfitrião, logo estava automaticamente qualificado) e para os Mundiais de 2002 e 2006.
Ora aqui há que reconhecer méritos a Scolari, um treinador nem sempre bem aceite e nem sempre acertado, pois catapultou Portugal para entre os melhores da Europa (2º lugar em 2004, atrás da Grécia) e até do Mundo (4º lugar em 2006), ultrapassando o feito de Humberto Coelho, em 2000 na Holanda e na Bélgica. Além disso, conseguiu unir o país em torno da Selecção, fazendo com que fosse apenas uma força e uma equipa com uma confiança inabalável. Portugal regressou aos grandes palcos, às grandes noites de futebol, estava outra vez entre os melhores depois dos Magriços de 66. Porém, o ciclo de Luiz Filipe Scolari chegou ao fim. Veio Carlos Queiroz, um treinador português bem cotado no estrangeiro. As expectativas eram elevadas, claro. Ainda para mais, Queiroz é um treinador com vistas para o futuro, trabalhador com provas dadas ao nível da formação. O mesmo equivale por dizer que é o contrário de Scolari que apostou em resultados imediatos, a curto prazo, deixando que a formação caísse no esquecimento.
É precisamente aqui que mora a principal diferença entre os dois técnicos, entre os dois períodos da Selecção: Scolari era um treinador com o apuramento em mente e para isso tornou a Selecção numa espécie de clube, sem dispensar o núcleo duro; Carlos Queiroz é um homem talhado para projectos a longo prazo que incluam trabalho nas camadas mais joves, um trabalho demorado e sem pressas - as apostas em Duda, Danny, Eduardo e Orlando Sá são exemplos disso mesmo. Contudo, o que os portugueses querem é conseguir o apuramento para o Mundial 2010. Porque se esse objectivo for falhado, de nada servirá o trabalho de renovação da Selecção que Queiroz quer colocar em marcha.
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