terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Crucificação de Jesus

Todos lhe atiram pedras, todos o culpabilizam, todos o querem crucificar pela pesada derrota no clássico. Logo a ele, que ouviu as maiores loas há uns meses atrás, vindas precisamente dos que agora o renegam. Logo a Jesus, que foi apontado como o mastermind da táctica, o catedrático do futebol e expert em descobrir o antídoto para derrotar as melhores estratégias montadas pelos adversários. Que mudou para se operar tão grande mudança? Esta época nada, em relação à época anterior muito. Faltam Dí Maria e Ramires, uma das razões para que o Benfica não seja tão atacante (os dois davam grande profundidade pelas alas) e não tenha tanta capacidade defensiva, pela primeira linha de pressão do argentino e principalmente pela capacidade de recuperação de bola do brasileiro.

Falta atitude aos jogadores, quer na forma como encaram os jogos, quer no modo como não são capazes de reagir às adversidades. Reagem, e mal, ao modo como o treinador os chama a atenção (Luisão no jogo com o Paços de Ferreira e no Dragão Carlos Martins) podendo ser, ou não, um sinal claro que já não há paciência para o discurso do treinador. Faltou ainda saber colmatar as saídas com jogadores que "pegassem de estaca", pois Gaitán, Salvio e Jara nunca o foram até ao momento. Resta saber na tríade de comando do futebol encarnado - Filipe Vieira, Rui Costa e Jesus -, se alguém ficou pelo caminho, como o deixaram antever as notícias de uma maior proximidade entre presidente e técnico (não só de vizinhança mas companheiros de mesa em restaurantes da linha).


Estes já eram os sintomas verificados em Aveiro, no primeiro jogo oficial da época (Supertaça), onde se jogou muito do futuro das duas equipas nesta época. A vitória do FC Porto, clara e inequívoca como a de ontem, só que por números menos gordos, deu claras indicações que a equipa portista estava melhor e não se enganou quem assim pensou. André Villas Boas soube construir uma equipa. Ninguém comenta as saídas de Bruno Alves (que grande jogo de Maicon no Dragão) ou de Raúl Meireles, bem como não se ouviram lamúrias da ausência de Fernando. O colectivo é o fundamental e obrigatório podendo como acessório brilhar o individual.

Como diz Villas Boas, "o futebol não é um jogo de duelos individuais, mas de organizações". Não há grandes dúvidas sobre a capacidade que o dragão patenteia: melhor ataque, melhor defesa, as duas maiores goleadas no campeonato, os três melhores marcadores do campeonato, dez pontos sobre os segundos (Benfica e Vitória de Guimarães), doze sobre o terceiro (Nacional) e treze sobre os terceiros (Académica e Sporting), já com o Sp. Braga a catorze pontos. Decidido? Claro que não, mas que está muito adiantado, lá isso, está. Apesar das "cantigas de amigo" que já se fazem ouvir, os dragões não vão em cantigas de embalar e não vão adormecer.
Sabem que ainda nada está ganho, tal como nada estava antes.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Jesus entregou o ouro ao bandido.