Obstáculos insuspeitos, terrenos movediças, perigos em todo o lado, campo armadilhado. Uma intempérie, cargas de água imensas, futebol condicionado, transformado num qualquer jogo aquático. Fora as técnicas, as jogadas trabalhadas, o passa e rapassa: impossível fazê-lo. Jogo vertical, directo, fácil, sem invenções. Músculos puxados ao limite, respiração ofegante, camisola colada no corpo, água e mais água, jogo para homens de barra rija, batalhado, lutado e intenso. Um dilúvio deixou o relvado (quase) impraticável, bem longe das condições merecidas por FC Porto e Académica, líder e terceiro classificado, duas equipas que sabem o que querem, que jogam bem e que, sempre que possível, aliam bons jogos aos resultados. Nada a fazer perante tal dilúvio. Só lutar, suar, dar tudo, terminar extenuados e sem mais nada para dar. O FC Porto foi mais forte e mais feliz. Marcou, também desperdiçou e foi guiado por uma estrela.
O jogo de Coimbra seria sempre perigoso para o FC Porto. Estava marcado a negrito e rodeado a vermelho nos cadernos azuis. A Académica iniciara bem o campeonato, ganhara na Luz, garantira o terceiro lugar e, apesar de não ter vencido sempre, nunca deixara de marcar nas oito jornadas anteriores. Também o Benfica ganhara, colocara pressão, encurtara para quatro a diferença pontual na semana anterior ao duelo, o duelo de titãs, no Dragão. Depois, bem, os ceús desabaram em chuvadas sucessivas, alagaram o relvado, transformaram um jogo possivelmente bem disputado numa espécie de salve-se quem puder. Ganharia quem se soubesse adaptar, fosse mais inteligente, revelasse maior consistência e jogasse pelo seguro. De futebol, na realidade, houve pouco. Nem mais se poderia exigir. São equipas com qualidade, sim, mas não para jogar naquelas condições. Fernando, lesionado, sentiu-o na pele. E o clássico no horizonte.
O FC Porto teve sempre mais bola, mais iniciativa e mais querer - o que pode não chegar para enfrentar o temporal descarregado em Coimbra. Chegou ao golo, precioso e vital, antes do intervalo: Álvaro Pereira insistiu pela esquerda, alçou o cruzamento para a área, zona do agrião, para Varela, acrobático, colocar a bola no fundo da baliza de Peiser. Golaço. No meio da intempérie, jogando aos trambolhões, verdadeiro kick and rush, fazendo pela vida com armas alternativas, o remate de Varela foi um momento de espectáculo, de futebol, de emoção. O único. Até aí tudo fora cinzento, em esforço, sem motivos para apontamento e ao sabor das condições metereológicas. A culpa está bem identificada: a chuva, essa maldita, impediu um bom jogo. Os jogadores viram-se obrigados a puxar pelo carácter. O FC Porto foi premiado, porque mais procurara ter sucesso e sorriu para os céus. Chegou, logo depois, o intervalo. Bendito intervalo.
A segunda parte começou sem o vendaval da primeira. Ainda se mantinha, sim, mas a chuva acalmara a fúria. Jorge Costa apostou em Éder. Com o relvado escorregadio, ora com a bola presa, ora com a bola deslizante, tudo seria possível. André Villas Boas, pragmático e realista, chamou Otamendi, retirou Varela e reformatou o dragão: era necessário salvaguardar a vantagem. No minuto seguinte, a dezanove do final, João Moutinho teve nos pés a oportunidade de serenar os portistas. Dispôs de uma grande penalidade, assumiu a bola e acertou no poste. O FC Porto desperdiçou o golpe de misericórdia. Como antes, Hulk e Falcao haviam feito. Querer esticar o conforto de apenas um golo seria muitíssimo arriscado. A Académica nunca deixou de acreditar. Hugo Morais acertou na trave, Sougou disparou nas nuvens e a Briosa perdeu uma oportunidade de ouro em cima dos noventa minutos. O dragão respirou. Chamam-lhe estrelinha... de campeão.
O jogo de Coimbra seria sempre perigoso para o FC Porto. Estava marcado a negrito e rodeado a vermelho nos cadernos azuis. A Académica iniciara bem o campeonato, ganhara na Luz, garantira o terceiro lugar e, apesar de não ter vencido sempre, nunca deixara de marcar nas oito jornadas anteriores. Também o Benfica ganhara, colocara pressão, encurtara para quatro a diferença pontual na semana anterior ao duelo, o duelo de titãs, no Dragão. Depois, bem, os ceús desabaram em chuvadas sucessivas, alagaram o relvado, transformaram um jogo possivelmente bem disputado numa espécie de salve-se quem puder. Ganharia quem se soubesse adaptar, fosse mais inteligente, revelasse maior consistência e jogasse pelo seguro. De futebol, na realidade, houve pouco. Nem mais se poderia exigir. São equipas com qualidade, sim, mas não para jogar naquelas condições. Fernando, lesionado, sentiu-o na pele. E o clássico no horizonte.
O FC Porto teve sempre mais bola, mais iniciativa e mais querer - o que pode não chegar para enfrentar o temporal descarregado em Coimbra. Chegou ao golo, precioso e vital, antes do intervalo: Álvaro Pereira insistiu pela esquerda, alçou o cruzamento para a área, zona do agrião, para Varela, acrobático, colocar a bola no fundo da baliza de Peiser. Golaço. No meio da intempérie, jogando aos trambolhões, verdadeiro kick and rush, fazendo pela vida com armas alternativas, o remate de Varela foi um momento de espectáculo, de futebol, de emoção. O único. Até aí tudo fora cinzento, em esforço, sem motivos para apontamento e ao sabor das condições metereológicas. A culpa está bem identificada: a chuva, essa maldita, impediu um bom jogo. Os jogadores viram-se obrigados a puxar pelo carácter. O FC Porto foi premiado, porque mais procurara ter sucesso e sorriu para os céus. Chegou, logo depois, o intervalo. Bendito intervalo.
A segunda parte começou sem o vendaval da primeira. Ainda se mantinha, sim, mas a chuva acalmara a fúria. Jorge Costa apostou em Éder. Com o relvado escorregadio, ora com a bola presa, ora com a bola deslizante, tudo seria possível. André Villas Boas, pragmático e realista, chamou Otamendi, retirou Varela e reformatou o dragão: era necessário salvaguardar a vantagem. No minuto seguinte, a dezanove do final, João Moutinho teve nos pés a oportunidade de serenar os portistas. Dispôs de uma grande penalidade, assumiu a bola e acertou no poste. O FC Porto desperdiçou o golpe de misericórdia. Como antes, Hulk e Falcao haviam feito. Querer esticar o conforto de apenas um golo seria muitíssimo arriscado. A Académica nunca deixou de acreditar. Hugo Morais acertou na trave, Sougou disparou nas nuvens e a Briosa perdeu uma oportunidade de ouro em cima dos noventa minutos. O dragão respirou. Chamam-lhe estrelinha... de campeão.
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