quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Arsenal-Sp.Braga (6-0): Um pesadelo com tiros de canhão

COMENTÁRIO

O Sp.Braga perdeu frente ao Arsenal, saiu vergado a uma pesadíssima derrota - a mais avolumada de sempre de equipas portuguesas em competições europeias -, não conseguiu esticar a sua capacidade para quebrar a teoria e ser mais forte no relvado. Não teve a ousadia necessária para voltar a mostrar a sua fibra, dando a conhecer ao Mundo a qualidade que tem, permitindo que o futebol praticado pelos gunners, veloz e tricotado, concedesse total controlo ao Arsenal. Há duas razões para o insucesso: o que fez o Arsenal e o que não fez o Sp.Braga. A equipa inglesa tem outro andamento, é mais forte, descomplica como ninguém, torna qualquer lance num conjunto de toques em progressão que levam à baliza adversária. Sabe o que faz e é extremamente difícil de ultrapassar. Por outro lado, o Sp.Braga acusou a pressão, tremeu, apenas se encontrou depois do golo e acabou, com naturalidade, goleado.

Sofrer um golo, jogando na casa de um adversário possante e muitíssimo superior, seria um início terrível, evitado a todo o custo, algo que colocaria, desde logo, o Sp.Braga numa situação frágil. Uma precipitação de Felipe, derrubando Chamakh, permitiu a Cesc Fàbregas, o maestro da equipa do Arsenal, colocar os gunners em vantagem. O Sp.Braga reagiu bem, puxou pela sua atitude guerreira, fez jus ao nome que carrega: lutou, tentou esconder atrás do seu escudo a ansiedade natural de quem se estreia numa prova tão importante, não caiu com o primeiro tiro disparado pelo canhão britânico, mesmo ciente de guerrilhar com armas diferentes, deixou-se guiar pela vontade de Alan. Foi, contudo, apenas um fogacho, um óasis, um momento em que o Sp.Braga tentou mostrar-se ao adversário. Logo depois o Arsenal sentenciou o jogo. A equipa de Arsène Wenger troca a bola como poucos, passa e repassa, tem capacidade e desorganiza.

O Arsenal joga em antecipação, domina no meio-campo, chega com grande facilidade à área contrária e cria diversas oportunidades para marcar. Ao mesmo tempo, tendo a bola e pressionando forte, impede a construção do adversário. O Sp.Braga respirou com a bola nos pés e tentou ser feliz, mas foi demasiado permissivo a atacar as investidas da equipa britânica. A reacção demorou apenas até à meia-hora: Arshavin marcou, logo se seguiu Chamakh, a diferença fixou-se nos três golos, confirmou-se a impotência do Sp.Braga face ao poderio de um Arsenal versátil, rápido e dinâmico ao sabor da liderança de Cesc Fàbregas - muita liberdade, sim, mas como o impedir? O jogo de estreia do Sp.Braga na alta-roda europeia, um sonho de uma vida, passou a um pesadelo ainda com longos minutos até terminar. O Arsenal ganharia com comodidade, jogando no seu ritmo, sem sobressaltos. Nada o impediria.

O jogo chegou ao final com uma vitória contundente, terrível e dura para o Sp.Braga: seis golos sofridos frente a um Arsenal incomparavelmente superior. Fàbregas marcou por duas vezes de cabeça, Carlos Vela fixou a contagem, Arshavin acertou no poste e o árbitro Alain Hamer, ainda com o nulo, deixara passar em claro uma grande penalidade cometida por Paulo César sobre Chamakh. À equipa portuguesa, exceptuando o regresso de Márcio Mossoró, uma boa notícia tendo em conta a próxima jornada do campeonato nacional, tudo correu mal, o Arsenal geriu os ritmos, disparou seis tiros certeiros, deixou os Guerreiros desamparados e desorganizados na defesa da sua honra. Depois de ter atingido o seu ponto máximo com a eliminação do Sevilha, também um adversário creditado mas muito longe da valia dos ingleses, o Sp.Braga cai com estrondo. Só tem que esquecer, apagar as marcas, levantar a cabeça e caminhar seguro.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Demasiado Arsenal para tão pouco Braga.