A Itália empatou o primeiro jogo no Mundial 2010. Fê-lo frente ao Paraguai, ficando muito aquém do esperado, embora defrontasse, talvez, o adversário mais forte do seu grupo. Apesar do futebol pouco ligado, com pouca organização e sem toques de génio, os adeptos não desesperaram. Afinal, já estão habituados a entrar com o pé esquerdo. Os italianos gostam de levar até ao limite aquela máxima que defende que quem ri por último é quem ri melhor. A fase de grupos, geralmente, é apenas uma passagem. Fugaz, sem brilho até, para depois se concentrarem verdadeiramente quando o Mundial arrancar. Gostam das eliminatórias, da pressão, do risco, do matar ou morrer. O resultado no segundo jogo, porém, trouxe alguma apreensão. Mais pelo adversário: um empate, conseguido após estar em desvantagem, frente à Nova Zelândia, uma selecção sem qualquer expressão, é alarmante. Até para a Itália.
Mantendo aquela típica calma, nem que seja só de aparência, os adeptos italianos devem ter recuado até 1982. Recordar esse ano, nem que fosse apenas para fazer aconchegar o ego, poderia servir de motivação. Nesse Mundial de Espanha, num grupo com Polónia, Perú e Camarões, a Squadra Azzurra, então comandada por Enzo Bearzot, somou três empates. Mas passou aos oitavos-de-final. E chegaria, sob a batuta de Paolo Rossi e ainda com Bruno Conti e Dino Zoff, ao título mundial. Os mais pessimistas, contudo, terão pensado que o fim da linha estaria próximo. A Itália, com o seu cinismo e matreirice que deixa os outros ganharem fulgor para no momento certo desferir o golpe de misericórdia, está diferente neste Mundial da África do Sul. Menos pragmática, menos coesa, menos letal. Havia motivos para desconfiar. E, ao mesmo tempo, acreditar. O jogo com a Eslováquia ditaria a sorte.
Com o Paraguai na frente, italianos, eslovacos e neozelandeses chegaram à última jornada com possibilidades de seguir em frente. A Itália, campeã mundial, ficou colocada a meio caminho entre dois extremos: a passagem ou um abandono inglório. Frente à Eslováquia, quando seria o momento de se agigantar e puxar dos galões, tentou no início, mas, com o tempo, esmoreceu e deixou-se guiar ao sabor das ondas do futebol eslovaco: foi uma equipa amorfa, apática e inofensiva. A selecção italiana, com Marcello Lippi sempre apreensivo, teria de jogar mais, correr mais e rematar mais. Ter uma atitude competitiva bem diferente para provar que era a verdadeira Itália. A Eslováquia, bem preparada, baixou o ritmo do jogo e, conhecendo as suas limitações, tentou a sua sorte. Conseguiu marcar. E ampliar a vantagem. Duas vezes por Vittek. A Itália apenas apareceu no final. Em dez minutos tentou mudar tudo. E os outros oitenta?...
Se o tivesse conseguido, a selecção italiana teria feito jus ao seu historial: mais morta do que viva, deixando o adversário rir às suas custas, aparecendo no final para acertar contas e ficar por cima. Mas não conseguiu. Esteve perto, é verdade, mas só isso. A entrada de Fabio Quagliarella, ao intervalo, abanou a equipa. Depois de uma jogada sua, De Rossi reduziu. Os italianos, antes descrentes, ganharam alguma esperança. Contudo, aproveitando o balanceamento da Itália, a selecção eslovaca, com grande pulmão e atitude, voltou a fixar a vantagem - um erro crasso italiano e um golo de Kopunek. De pronto, já com pouco oxigénio disponível, Quagliarella voltou a encurtar a distância com um remate majestoso. O avançado do Nápoles entrou tarde para quem tinha tanto para dar. Pelo meio marcou ainda um outro golo, que daria o empate a dois, anulado por Howard Webb. Mal anulado. Foi castigo. Severo mas merecido.
Mantendo aquela típica calma, nem que seja só de aparência, os adeptos italianos devem ter recuado até 1982. Recordar esse ano, nem que fosse apenas para fazer aconchegar o ego, poderia servir de motivação. Nesse Mundial de Espanha, num grupo com Polónia, Perú e Camarões, a Squadra Azzurra, então comandada por Enzo Bearzot, somou três empates. Mas passou aos oitavos-de-final. E chegaria, sob a batuta de Paolo Rossi e ainda com Bruno Conti e Dino Zoff, ao título mundial. Os mais pessimistas, contudo, terão pensado que o fim da linha estaria próximo. A Itália, com o seu cinismo e matreirice que deixa os outros ganharem fulgor para no momento certo desferir o golpe de misericórdia, está diferente neste Mundial da África do Sul. Menos pragmática, menos coesa, menos letal. Havia motivos para desconfiar. E, ao mesmo tempo, acreditar. O jogo com a Eslováquia ditaria a sorte.
Com o Paraguai na frente, italianos, eslovacos e neozelandeses chegaram à última jornada com possibilidades de seguir em frente. A Itália, campeã mundial, ficou colocada a meio caminho entre dois extremos: a passagem ou um abandono inglório. Frente à Eslováquia, quando seria o momento de se agigantar e puxar dos galões, tentou no início, mas, com o tempo, esmoreceu e deixou-se guiar ao sabor das ondas do futebol eslovaco: foi uma equipa amorfa, apática e inofensiva. A selecção italiana, com Marcello Lippi sempre apreensivo, teria de jogar mais, correr mais e rematar mais. Ter uma atitude competitiva bem diferente para provar que era a verdadeira Itália. A Eslováquia, bem preparada, baixou o ritmo do jogo e, conhecendo as suas limitações, tentou a sua sorte. Conseguiu marcar. E ampliar a vantagem. Duas vezes por Vittek. A Itália apenas apareceu no final. Em dez minutos tentou mudar tudo. E os outros oitenta?...
Se o tivesse conseguido, a selecção italiana teria feito jus ao seu historial: mais morta do que viva, deixando o adversário rir às suas custas, aparecendo no final para acertar contas e ficar por cima. Mas não conseguiu. Esteve perto, é verdade, mas só isso. A entrada de Fabio Quagliarella, ao intervalo, abanou a equipa. Depois de uma jogada sua, De Rossi reduziu. Os italianos, antes descrentes, ganharam alguma esperança. Contudo, aproveitando o balanceamento da Itália, a selecção eslovaca, com grande pulmão e atitude, voltou a fixar a vantagem - um erro crasso italiano e um golo de Kopunek. De pronto, já com pouco oxigénio disponível, Quagliarella voltou a encurtar a distância com um remate majestoso. O avançado do Nápoles entrou tarde para quem tinha tanto para dar. Pelo meio marcou ainda um outro golo, que daria o empate a dois, anulado por Howard Webb. Mal anulado. Foi castigo. Severo mas merecido.
A França, finalista vencida do último Mundial, caira anteontem. Envolta em polémica, sem boas recordações para guardar, numa panóplia de erros. Dois dias depois, num registo semelhante, a campeã Itália também regressa a casa: último lugar do grupo, atrás de Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia, com apenas dois pontos somados. Nunca antes, em nenhum outro Mundial, acontecera que, logo na primeira fase, campeão e vice-campeão tenham caído - acresce ainda que não venceram qualquer jogo. Italianos e franceses pagaram pelo mau futebol, pela falta de lucidez, fluidez e velocidade. Em ambas as selecções faltou um líder, alguém que fosse capaz de levar a equipa consigo, abrindo caminho ao triunfo, desbloqueando o resultado. A Itália precisaria de Pirlo nas melhores condições. Uma lesão impediu-o. E as soluções fracassaram. Arrivederci!
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