quinta-feira, 15 de abril de 2010

Taça de Portugal: A necessidade contra o sonho no Jamor

COMENTÁRIO

Bastava confirmar a presença na final da Taça de Portugal. O trabalho estava feito: só uma noite verdadeiramente fantástica do Rio Ave e um tremendo desastre do FC Porto impediria os portistas de chegarem ao Jamor. O 3-1 da primeira mão, conquistado em Vila do Conde, deixou o FC Porto com a final à mercê, um último objectivo na época azul, permitindo que Jesualdo Ferreira rodasse o plantel. Os dragões iniciaram o jogo com oito alterações: Beto na baliza, Fucile do lado direito da defesa, David Addy na esquerda, Maicon ao lado de Bruno Alves, Belluschi e Valeri no meio-campo e uma dupla com Ernesto Farías e Orlando Sá. Três golos eram a meta do Rio Ave. Tarefa atroz. Um livre superiormente executado por Belluschi, aos vinte e um minutos, terminou com as ténues esperanças. Os portistas colocaram aí o ponto final.

O FC Porto fez descansar jogadores, lançou outros menos utilizados, testou novas alternativas. Tinha uma boa margem para o fazer. Pelo contrário, o Rio Ave percebeu que as suas ambições não passavam de utopias. Os vila-condenses tiveram consciência de que nada restava fazer e baixaram os braços precocemente. Só por uma vez, num cabeceamento de Ricardo Chaves (39'), o Rio Ave criou perigo: Beto elevou-se, atento, com uma bela defesa. O jogo foi, então, de sentido único. O FC Porto, mesmo dando mostras de natural falta de entrosamento, conseguiu assentar o seu jogo, estabilizar e partir para uma goleada. Ganhou, sem surpresa, por quatro golos - e desperdiçou uma grande penalidade. Houve, contudo, no meio de um jogo de baixa intensidade e sem incerteza no resultado, momentos para guardar. Sobretudo o golo de Guarín.

O colombiano entrara há poucos instantes para o lugar de Fernando. Tocou a bola pela primeira vez com o pé esquerdo, deixou-a à disposição, olhou para a baliza de Carlos, encheu-se de fé e rematou fortíssimo. Potência e colocação juntos num golo de bandeira. A beldade de Fredy Guarín, repetindo o golo ao Rio Ave - pois já marcara na primeira mão destas meias-finais da Taça de Portugal - serviu para animar um Dragão composto somente por doze mil adeptos. Já haviam entrado Hulk e Falcao, substitutos naturais de Farías e Orlando Sá, uma dupla que não rendeu o desejado. E o jogo mudara. O ataque portista ganhou cor: Hulk arrancou e Rúben Micael finalizou com categoria; Falcao, após ter acertado no poste, marcou de cabeça. O resultado é gordo, sim, mas deixa patentes as diferenças: só o FC Porto jogou, o Rio Ave logo se rendera.

Pela terceira época consecutiva, o FC Porto de Jesualdo Ferreira estará no Jamor. Leva uma derrota, com o Sporting, em 2007-08, e uma vitória, ante o Paços de Ferreira, na temporada transacta. Esta será, de novo, uma final nortenha. O adversário é o surpreendente e sensacional Desportivo de Chaves, equipa luta pela vida na Liga Vitalis mas vergou a Naval com duas vitórias - tarde épica na Figueira: ficou em desvantagem e, com menos um jogador, teve capacidade para dar a volta em tempo de prolongamento. A Taça de Portugal tem esse encanto especial, por isso é uma prova querida dos clubes de menor dimensão e, em geral, de todos os adeptos. Representa a quebra das barreiras entre grandes e pequenos. No Jamor será David contra Golias. O FC Porto é mais do que favorito, obviamente. Mas as surpresas não marcam vez.

2 comentários:

Balakov10 disse...

Um jogo sem história, sem dúvida. Nestas situações, a taça ser a duas mãos nao faz sentido nenhum...

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Jornal Só Desporto disse...

Boa Análise.