"É PARA ENCOMENDAR AS FAIXAS, SE FAZ FAVOR!"
O Benfica venceu o derby. Venceu bem, acima de tudo. O Sporting começou melhor, preparado para travar a festa antecipada dos encarnados, demonstrando que ainda poderiam ter dissabores na recta final. Os leões conseguiram, pelo menos, levar alguma apreensão à Luz: jogaram com união, montaram uma boa estratégia, impediram os avanços do Benfica. O intervalo obrigou Jorge Jesus a mudar. Lançou Aimar. Apagado em Liverpool, o argentino foi decisivo. Com ele, o Benfica conseguiu ligar o seu futebol, ganhou terreno, cercou a baliza de Rui Patrício. Ao mesmo tempo, o Sporting quebrou. Deixou de ter Pedro Mendes, nunca dispôs de Yannick ou Liedson. O telefonema pode ser feito: "O Benfica quer encomendar as faixas, se faz favor!..."
Há cerca de dois meses dir-se-ia, quase sem hesitações, que o Benfica teria todo o favoritismo para o jogo com o Sporting. Actualmente, olhando somente aos números, a resposta pouco difere: os encarnados são líderes, possuem todas as condições para chegarem ao título nacional, alcançaram uma vantagem de vinte e três pontos para o Sporting. Um derby entre primeiro e quarto classificado. Mas um derby. O futebol, contudo, é mais do que simples análise estatística. O Sporting vive um bom período, parece ter ultrapassado o pesadelo que o envolveu durante quase toda a temporada. Quer terminar com brio. Provou, para além disso, que alterna o bom e o mau com uma facilidade inquietante. No fundo, foi esse o maior mal desta equipa. O Benfica é regular. Porém, abalou em Liverpool e caiu da Liga Europa. Poderiam os papéis ser trocados?
Num derby até é tradição dizer-se que a equipa que está em pior posição consegue vencer. Este Sporting apresentou-se na Luz sem responsabilidades acrescidas. Ao contrário do Benfica, necessitado de uma vitória para restabelecer a dose de conforto para o Sp.Braga. Carlos Carvalhal recorreu ao esquema que utilizara com tão bom proveito nos jogos em que os leões verdadeiramente foram fortes e eficazes nesta temporada: 4x2x3x1. Ante o Everton e o FC Porto deixou o papel de vítima, mostrou uma força guardada, foi uma libertação pela raiva que um ciclo infernal de sete jogos sem vitórias provocara. Na Luz, colocando Pedro Mendes e Miguel Veloso como pivôs defensivos, nas costas de um tridente com Moutinho, Yannick e João Pereira, o Sporting conseguiu pôr um travão na criatividade do Benfica. Com pressão e confiança.
UM SPORTING EXPEDITO AMARROU O BENFICA!
Juntar o útil ao agradável seria guardar o quarto lugar e estragar os planos ao rival. O primeiro sinal de perigo deu-o Daniel Carriço, na sequência de uma saída em falso de Quim, com um cabeceamento ao lado. Até à vintena de minutos, o Benfica sentiu dificuldades para se soltar das amarras que os leões haviam preparado. O Sporting estava mais expedito, sim, mas apenas tivera o lance de Carriço e uma incursão de João Pereira para assustar Quim. Foi, sobretudo, nas bolas paradas que o Benfica levou perigo à baliza de Rui Patrício: Javi García cabeceou por cima, Éder Luís - a surpresa de Jorge Jesus para jogar na vaga de Saviola - atirou para fora e Cardozo, embora em posição ilegal, acertou no poste. O Benfica despertou, viveu o seu melhor período e empurrou o Sporting para a sua área. Esteve perto de conseguir marcar.
A primeira parte terminou em polvorosa. Subiu a tensão, os nervos ficaram à flor da pele, o ambiente aqueceu. É um derby, afinal. Jorge Jesus percebeu que algo teria que fazer para que o Benfica conseguisse, enfim, baralhar o Sporting e criasse desequilíbrios. Quem melhor do que Pablo Aimar para isso? Éder Luís fora uma aposta para jogar ao lado de Cardozo mas não dera os resultados desejados. Ao Benfica, mais do que tudo, faltava que ligasse os sectores. Os encarnados chegaram mais mandões, marcando posição no terreno. Estavam em casa, queriam dar a machadada no campeonato e recuperar a vantagem no topo. Com o tempo, o Sporting foi perdendo intensidade e discernimento. Pedro Mendes apresentou limitações físicas, a equipa ressentiu-se. E faltavam os génios. Yannick e Liedson, criativo e goleador, estão por aí?
UM DOMÍNIO QUE DÁ RESULTADOS NATURAIS
Dominando, trocando a bola e ganhando metros. É-lhe familiar? Claro, é a estratégia preferida do Benfica para se superiorizar aos adversários. A entrada de Aimar fora fundamental. O Sporting não respondera. Já depois de completa uma hora de jogo, Cardozo foi tocado na área por Grimi. Seria grande penalidade. O árbitro João Ferreira, tal como fizera num lance em que a bola bate no braço de Daniel Carriço, mandou jogar - perdoaria ainda expulsões a Luisão (46') e Veloso (85'). Tacuara ficou queixoso, estendido no relvado, parecia ter chegado ao fim do derby. Jorge Jesus chamou Alan Kardec. Cardozo pediu para esperar, cerreu os dentes, mordeu a língua e aguentou. Seis minutos depois percebeu-se o porquê da insistência: Rúben Amorim demoliu a defesa do Sporting pela direita, Fábio Coentrão deu seguimento com um cruzamento-remate tenso, Tacuara desviou subtilmente para o golo.
Óscar Cardozo foi o exemplo da abnegação. Fizera a sua parte. Agora, sim, iria sair. Mas só com o dever cumprido. Carlos Carvalhal tentou reagir: retirou Abel, desceu João Pereira para lateral e colocou Saleiro na frente. Nesta fase, contudo, já o Benfica juntara a vantagem ao domínio do jogo. Continuava mais incisivo, procurando um golo que lhe desse maior conforto, o Sporting estava cada vez mais vulnerável. A equipa estivera irrepreensível na primeira parte, porém quebrara. O Benfica ficou senhor da situação. E, com naturalidade, chegou ao segundo golo. Minuto setenta e sete: Ramires colocou a bola no corredor central, um toque de calcanhar precioso, Aimar recebeu-a, correu, sentou Rui Patrício e rematou para o fundo da baliza leonina. Foi a cereja no topo do bolo de El Mago. Ponto final no jogo. E no título? Decerto!
O Benfica venceu o derby. Venceu bem, acima de tudo. O Sporting começou melhor, preparado para travar a festa antecipada dos encarnados, demonstrando que ainda poderiam ter dissabores na recta final. Os leões conseguiram, pelo menos, levar alguma apreensão à Luz: jogaram com união, montaram uma boa estratégia, impediram os avanços do Benfica. O intervalo obrigou Jorge Jesus a mudar. Lançou Aimar. Apagado em Liverpool, o argentino foi decisivo. Com ele, o Benfica conseguiu ligar o seu futebol, ganhou terreno, cercou a baliza de Rui Patrício. Ao mesmo tempo, o Sporting quebrou. Deixou de ter Pedro Mendes, nunca dispôs de Yannick ou Liedson. O telefonema pode ser feito: "O Benfica quer encomendar as faixas, se faz favor!..."
Há cerca de dois meses dir-se-ia, quase sem hesitações, que o Benfica teria todo o favoritismo para o jogo com o Sporting. Actualmente, olhando somente aos números, a resposta pouco difere: os encarnados são líderes, possuem todas as condições para chegarem ao título nacional, alcançaram uma vantagem de vinte e três pontos para o Sporting. Um derby entre primeiro e quarto classificado. Mas um derby. O futebol, contudo, é mais do que simples análise estatística. O Sporting vive um bom período, parece ter ultrapassado o pesadelo que o envolveu durante quase toda a temporada. Quer terminar com brio. Provou, para além disso, que alterna o bom e o mau com uma facilidade inquietante. No fundo, foi esse o maior mal desta equipa. O Benfica é regular. Porém, abalou em Liverpool e caiu da Liga Europa. Poderiam os papéis ser trocados?
Num derby até é tradição dizer-se que a equipa que está em pior posição consegue vencer. Este Sporting apresentou-se na Luz sem responsabilidades acrescidas. Ao contrário do Benfica, necessitado de uma vitória para restabelecer a dose de conforto para o Sp.Braga. Carlos Carvalhal recorreu ao esquema que utilizara com tão bom proveito nos jogos em que os leões verdadeiramente foram fortes e eficazes nesta temporada: 4x2x3x1. Ante o Everton e o FC Porto deixou o papel de vítima, mostrou uma força guardada, foi uma libertação pela raiva que um ciclo infernal de sete jogos sem vitórias provocara. Na Luz, colocando Pedro Mendes e Miguel Veloso como pivôs defensivos, nas costas de um tridente com Moutinho, Yannick e João Pereira, o Sporting conseguiu pôr um travão na criatividade do Benfica. Com pressão e confiança.
UM SPORTING EXPEDITO AMARROU O BENFICA!
Juntar o útil ao agradável seria guardar o quarto lugar e estragar os planos ao rival. O primeiro sinal de perigo deu-o Daniel Carriço, na sequência de uma saída em falso de Quim, com um cabeceamento ao lado. Até à vintena de minutos, o Benfica sentiu dificuldades para se soltar das amarras que os leões haviam preparado. O Sporting estava mais expedito, sim, mas apenas tivera o lance de Carriço e uma incursão de João Pereira para assustar Quim. Foi, sobretudo, nas bolas paradas que o Benfica levou perigo à baliza de Rui Patrício: Javi García cabeceou por cima, Éder Luís - a surpresa de Jorge Jesus para jogar na vaga de Saviola - atirou para fora e Cardozo, embora em posição ilegal, acertou no poste. O Benfica despertou, viveu o seu melhor período e empurrou o Sporting para a sua área. Esteve perto de conseguir marcar.
A primeira parte terminou em polvorosa. Subiu a tensão, os nervos ficaram à flor da pele, o ambiente aqueceu. É um derby, afinal. Jorge Jesus percebeu que algo teria que fazer para que o Benfica conseguisse, enfim, baralhar o Sporting e criasse desequilíbrios. Quem melhor do que Pablo Aimar para isso? Éder Luís fora uma aposta para jogar ao lado de Cardozo mas não dera os resultados desejados. Ao Benfica, mais do que tudo, faltava que ligasse os sectores. Os encarnados chegaram mais mandões, marcando posição no terreno. Estavam em casa, queriam dar a machadada no campeonato e recuperar a vantagem no topo. Com o tempo, o Sporting foi perdendo intensidade e discernimento. Pedro Mendes apresentou limitações físicas, a equipa ressentiu-se. E faltavam os génios. Yannick e Liedson, criativo e goleador, estão por aí?
UM DOMÍNIO QUE DÁ RESULTADOS NATURAIS
Dominando, trocando a bola e ganhando metros. É-lhe familiar? Claro, é a estratégia preferida do Benfica para se superiorizar aos adversários. A entrada de Aimar fora fundamental. O Sporting não respondera. Já depois de completa uma hora de jogo, Cardozo foi tocado na área por Grimi. Seria grande penalidade. O árbitro João Ferreira, tal como fizera num lance em que a bola bate no braço de Daniel Carriço, mandou jogar - perdoaria ainda expulsões a Luisão (46') e Veloso (85'). Tacuara ficou queixoso, estendido no relvado, parecia ter chegado ao fim do derby. Jorge Jesus chamou Alan Kardec. Cardozo pediu para esperar, cerreu os dentes, mordeu a língua e aguentou. Seis minutos depois percebeu-se o porquê da insistência: Rúben Amorim demoliu a defesa do Sporting pela direita, Fábio Coentrão deu seguimento com um cruzamento-remate tenso, Tacuara desviou subtilmente para o golo.
Óscar Cardozo foi o exemplo da abnegação. Fizera a sua parte. Agora, sim, iria sair. Mas só com o dever cumprido. Carlos Carvalhal tentou reagir: retirou Abel, desceu João Pereira para lateral e colocou Saleiro na frente. Nesta fase, contudo, já o Benfica juntara a vantagem ao domínio do jogo. Continuava mais incisivo, procurando um golo que lhe desse maior conforto, o Sporting estava cada vez mais vulnerável. A equipa estivera irrepreensível na primeira parte, porém quebrara. O Benfica ficou senhor da situação. E, com naturalidade, chegou ao segundo golo. Minuto setenta e sete: Ramires colocou a bola no corredor central, um toque de calcanhar precioso, Aimar recebeu-a, correu, sentou Rui Patrício e rematou para o fundo da baliza leonina. Foi a cereja no topo do bolo de El Mago. Ponto final no jogo. E no título? Decerto!
1 comentário:
Boa crónica.
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