sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Liga Europa: Uma tradição não se quebra facilmente

COMENTÁRIO

Antes do jogo, nunca o Benfica ganhara na Alemanha. Teve, nesta primeira mão dos dezasseis-avos-de-final da Liga Europa, uma boa oportunidade para o fazer, defrontando o Hertha de Berlim. Entrou a ganhar, mas acomodou-se e permitiu que a vantagem lhe escapasse - ficou com um empate que, afinal, foi mais sofrido do que era de esperar. As tradições são sempre difíceis de quebrar. Também é uma pequena tradição Di María marcar em solo germânico. Fê-lo novamente, também. Na prática, o resultado que o Benfica conseguiu em Berlim é bem positivo: a equipa portuguesa parte para o jogo da segunda mão em vantagem na eliminatória, por ter marcado fora de casa, e tem todas as condições para, na Luz, confirmar o acesso aos oitavos.

Ressalta, para além disso, uma evidência: o Benfica poderia ter feito mais. A qualidade exibicional que apresentou ficou aquém. O Hertha de Berlim é um adversário com fragilidades que poderiam ter sido mais bem aproveitadas, inferior aos encarnados, vive uma época negativa: está em último no seu campeonato e não vence desde 16 de Dezembro, dia em que bateu o Sporting, em casa, na última jornada da fase de grupos da Liga Europa. Facilmente se percebe, por isso, que a prestação dos alemães internacionalmente tem sido bem melhor do que a da Bundesliga. A vontade de querer apagar o mau percurso interno poderá ser uma motivação aos alemães. Daí que, ao Benfica, importava tranquilizar-se o mais rapidamente possível.

Um golo cedo seria um grande passo para esse objectivo. Assim foi: quatro minutos, passe teleguiado de Carlos Martins, golo da praxe de Di María. Tudo bem encaminhado. No entanto, após chegar à vantagem, o Benfica recuou em demasia, concedeu espaços a um Hertha que, por sua vez, conseguiu recuperar da falsa partida. Os alemães empataram, aos trinta e três minutos, num autogolo de Javi García. O Hertha foi feliz. O choque poderia ter feito despertar os encarnados, mas faltou clarividência. Com o tempo, a equipa alemã foi crescendo, jogando próxima da área do Benfica, teve oportunidades para passar para a frente do resultado - remate de Nicu, aos cinquenta e seis minutos, bateu no poste da baliza de Júlio César.

Nos encarnados, sempre com ritmo baixo, pouca inspiração e velocidade, fica a imagem de alguma displicência (como quando Cardozo, Saviola e Ramires se fizeram juntos a um lance, somente com o guarda-redes Drobny pela frente, perdendo uma grande oportunidade de golo). Jorge Jesus procurou dar alguma criatividade ao futebol do Benfica, lançou Aimar e Filipe Menezes. Depois, porém, também o treinador aceitou o empate: trocou Saviola por Miguel Vítor, guardou o que conquistara. Aos encarnados, ficam, ainda, razões de queixa do árbitro Terje Hauge, que deixou uma grande penalidade por marcar - falta de Friedrich sobre Ramires. Na Luz, no próximo dia 25, é necessário dar o passo final para a qualificação.

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