CRÓNICA
Teve final feliz mas foi um filme com argumento de Alfred Hitchcock. A exibição da Selecção portuguesa passou por diversas fases: começou atada, conseguiu chegar ao golo, retraiu-se após estar em vantagem, sentiu um aperto, reassumiu o jogo com oportunidades para fazer mais golos, teve uma ponta final de enorme sofrimento e recheada de sorte. A sorte que nada quis com os portugueses na fase de apuramento, agora foi uma boa ajuda para a manutenção da vitória. Houve que sofrer, muito, muito. Contudo, como era seu objectivo, Portugal parte em vantagem para a segunda mão.
O primeiro desejo de Carlos Queiroz estava cumprido: os portugueses criaram um ambiente verdadeiramente fantástico num estádio da Luz a transbordar confiança. E de emoções sempre fortes. Este era, claro, um jogo com uma enorme carga emotiva e um dos mais importantes que Portugal teve num passado mais recente. Para uma equipa que renasceu das cinzas na fase de qualificação, conseguindo a enorme custo estar neste playoff, só se pode pedir que marque presença na África do Sul. Com confiança, nunca abusando da altivez. O adversário não é nenhum colosso, nenhum papão mundial, mas tem valor. Alerta máximo, por isso. Nos horizontes bósnios estava somente a baliza de Eduardo. De qualquer zona do relvado que fosse, Dzeko, Ibisevic e Misimovic não deixariam de tentar rematar.
O jogo começou amarrado, enrolado, dividido. Portugal tentou sempre ser mais empreendedor, aproximar-se da baliza de Hasagic, mas a Bósnia tinha o jogo que mais lhe convinha. Era preciso que Portugal fosse mais incisivo e pressionante para desorganizar a estratégia de Miroslav Blazevic e chegar ao golo. Apareceram alguns fogachos de Nani, pedia-se que Deco assumisse o jogo e espalhasse a sua magia. Uma espécie de sociedade entre ambos, entre os mais criativos. Essa associação funcionou, pela primeira vez, aos trinta minutos. O resultado? Um golo: Deco recuperou a bola, entregou-a para Nani que, com um excelente cruzamento, permitiu que Bruno Alves fizesse o primeiro golo de Portugal. Na cabeçada do portista estava a alegria de dez milhões de portugueses.
TER OS DEUSES AO LADO
Pouco passou para que a Bósnia se mostrasse, dissesse que ainda muito havia para jogar. Ibisevic, solto entre os centrais, teve espaço mas falhou o alvo. Frisson, silêncio de cortar. Ofertas assim não podem ser dadas a jogadores de qualidade, porque raramente são desperdiçadas. Estranhamente, ao contrário que seria de esperar, o golo marcado provocou alguma intranquilidade na equipa portuguesa. A Bósnia esteve, de novo, perto do empate. Eduardo teve uma bela defesa e negou a vontade a Salihovic. Portugal tentou responder mas, nesta fase, era a Selecção de Miroslav Blazevic quem estava por cima. Nova oportunidade para eles: Ibricic acertou na trave, com estrondo. Que perigo! Chegou o intervalo, foi bom para Portugal porque estava, sejamos sinceros, a ter inúmeras dificuldades para suster o ímpeto bósnio.
Na segunda etapa, Portugal dispôs da primeira grande oportunidade para dar uma machadada no jogo aos cinquenta e oito minutos. Liedson teve um pormenor extraordinário sobre a defensiva bósnia mas falhou o alvo. Foi a pedra de toque que trouxe a serenidade que faltava ao jogo português, intermitente mesmo em vantagem. Apareceriam, depois, remates perigosos de Deco e Simão Sabrosa mas nenhum deles levou a direcção certa. Agora, com Portugal mais calmo na gestão do jogo, a Bósnia estava mais comedida e sem o mesmo caudal que demonstrara após o golo português. O intervalo marcou essa separação no jogo, mudou a forma como estava a decorrer. Como se esperava, o descanso fez bem a Portugal.
No entanto, Carlos Queiroz não esteve feliz nas substituições. Após as saídas de Nani (Fábio Coentrão, estreia demasiado nervosa), Simão (Tiago) e Deco (Hugo Almeida), Portugal passou para um 4x4x2 mas perdeu os jogadores que melhor conservavam a posse da bola. Os bósnios raramente chegavam com perigo à baliza de Eduardo mas um golo caído do céu aos trambolhões poderia deitar tudo a perder. A vantagem tangencial nunca é garantia de segurança. Minuto 88, um verdadeiro milagre: Dzeko acerta na trave, a bola sobra para Muslimovic que, de baliza escancarada, envia a bola ao poste direito. Como foi possível? Um verdadeiro Euromilhões para Portugal, uma sorte que tantas vezes faltou. A ponta final foi de sofrimento atroz. Terminou na vitória. Uff... Longo alívio.
Teve final feliz mas foi um filme com argumento de Alfred Hitchcock. A exibição da Selecção portuguesa passou por diversas fases: começou atada, conseguiu chegar ao golo, retraiu-se após estar em vantagem, sentiu um aperto, reassumiu o jogo com oportunidades para fazer mais golos, teve uma ponta final de enorme sofrimento e recheada de sorte. A sorte que nada quis com os portugueses na fase de apuramento, agora foi uma boa ajuda para a manutenção da vitória. Houve que sofrer, muito, muito. Contudo, como era seu objectivo, Portugal parte em vantagem para a segunda mão.
O primeiro desejo de Carlos Queiroz estava cumprido: os portugueses criaram um ambiente verdadeiramente fantástico num estádio da Luz a transbordar confiança. E de emoções sempre fortes. Este era, claro, um jogo com uma enorme carga emotiva e um dos mais importantes que Portugal teve num passado mais recente. Para uma equipa que renasceu das cinzas na fase de qualificação, conseguindo a enorme custo estar neste playoff, só se pode pedir que marque presença na África do Sul. Com confiança, nunca abusando da altivez. O adversário não é nenhum colosso, nenhum papão mundial, mas tem valor. Alerta máximo, por isso. Nos horizontes bósnios estava somente a baliza de Eduardo. De qualquer zona do relvado que fosse, Dzeko, Ibisevic e Misimovic não deixariam de tentar rematar.
O jogo começou amarrado, enrolado, dividido. Portugal tentou sempre ser mais empreendedor, aproximar-se da baliza de Hasagic, mas a Bósnia tinha o jogo que mais lhe convinha. Era preciso que Portugal fosse mais incisivo e pressionante para desorganizar a estratégia de Miroslav Blazevic e chegar ao golo. Apareceram alguns fogachos de Nani, pedia-se que Deco assumisse o jogo e espalhasse a sua magia. Uma espécie de sociedade entre ambos, entre os mais criativos. Essa associação funcionou, pela primeira vez, aos trinta minutos. O resultado? Um golo: Deco recuperou a bola, entregou-a para Nani que, com um excelente cruzamento, permitiu que Bruno Alves fizesse o primeiro golo de Portugal. Na cabeçada do portista estava a alegria de dez milhões de portugueses.
TER OS DEUSES AO LADO
Pouco passou para que a Bósnia se mostrasse, dissesse que ainda muito havia para jogar. Ibisevic, solto entre os centrais, teve espaço mas falhou o alvo. Frisson, silêncio de cortar. Ofertas assim não podem ser dadas a jogadores de qualidade, porque raramente são desperdiçadas. Estranhamente, ao contrário que seria de esperar, o golo marcado provocou alguma intranquilidade na equipa portuguesa. A Bósnia esteve, de novo, perto do empate. Eduardo teve uma bela defesa e negou a vontade a Salihovic. Portugal tentou responder mas, nesta fase, era a Selecção de Miroslav Blazevic quem estava por cima. Nova oportunidade para eles: Ibricic acertou na trave, com estrondo. Que perigo! Chegou o intervalo, foi bom para Portugal porque estava, sejamos sinceros, a ter inúmeras dificuldades para suster o ímpeto bósnio.
Na segunda etapa, Portugal dispôs da primeira grande oportunidade para dar uma machadada no jogo aos cinquenta e oito minutos. Liedson teve um pormenor extraordinário sobre a defensiva bósnia mas falhou o alvo. Foi a pedra de toque que trouxe a serenidade que faltava ao jogo português, intermitente mesmo em vantagem. Apareceriam, depois, remates perigosos de Deco e Simão Sabrosa mas nenhum deles levou a direcção certa. Agora, com Portugal mais calmo na gestão do jogo, a Bósnia estava mais comedida e sem o mesmo caudal que demonstrara após o golo português. O intervalo marcou essa separação no jogo, mudou a forma como estava a decorrer. Como se esperava, o descanso fez bem a Portugal.
No entanto, Carlos Queiroz não esteve feliz nas substituições. Após as saídas de Nani (Fábio Coentrão, estreia demasiado nervosa), Simão (Tiago) e Deco (Hugo Almeida), Portugal passou para um 4x4x2 mas perdeu os jogadores que melhor conservavam a posse da bola. Os bósnios raramente chegavam com perigo à baliza de Eduardo mas um golo caído do céu aos trambolhões poderia deitar tudo a perder. A vantagem tangencial nunca é garantia de segurança. Minuto 88, um verdadeiro milagre: Dzeko acerta na trave, a bola sobra para Muslimovic que, de baliza escancarada, envia a bola ao poste direito. Como foi possível? Um verdadeiro Euromilhões para Portugal, uma sorte que tantas vezes faltou. A ponta final foi de sofrimento atroz. Terminou na vitória. Uff... Longo alívio.
1 comentário:
A sorte que ás vezes nos falha desta feita teve do nosso lado sem dúvida.
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