quarta-feira, 22 de julho de 2009

A força vinda de Lance Armstrong

Armstrong é um nome com algum significado. Melhor: com importância mundial. Um deles, o Neil, tem sido relembrado nestes últimos dias porque, anteontem, se completaram exactamente quarenta anos desde que chegou à Lua, algo nunca antes ou depois conseguido. Foi, como é hábito dizer-se, um passo de gigante para a Humanidade. Há ainda, Louis, considerado por muitos como o pai do jazz. Ambos se distinguiram, bem ao seu jeito e em especialidades bem diferentes. Tal como Lance, ciclista norte-americano. Falemos dele, pois.

Lance Armstrong ficará imortalizado como o homem que conseguiu vencer sete Voltas a França, a prova maior do ciclismo internacional. São sete vezes consecutivas, algo que superou os cinco triunfos de Miguel Indurain mas também um feito que dificilmente será alcançado num futuro mais próximo. Além disso, de ser um ciclista vencedor, provou ainda ser mais forte do que um cancro que o afectou. Foi mais uma vitória a juntar às que tem no Tour. Precisamente por essa razão, para provar que há força para abater as doenças, criou uma fundação (a Livestrong) e decidiu regressar ao ciclismo.

Fê-lo na Astana, junto do director-desportivo Johan Bruyneel que o comandou nos anos dourados. Mesmo com trinta e sete anos de idade e três de ausência de competição de ciclismo de estrada, mostrou-se disposto a lutar pela sua oitava vitória em França. Criou-se algum frissom com Alberto Contador pois o ciclista espanhol era, antes do regresso de Armstrong, o líder da equipa sem que ninguém levantasse qualquer questão e ficou melindrado com o regresso do texano. Não deve ser fácil ver o seu estatuto em perigo devido à chegada de outro. Mesmo que esse outro seja um heptavencedor.

Já dentro da terceira semana de Tour de France, Lance Armstrong tem estado bem. E recomenda-se. Não que tenha o fulgor de outrora, nem seria possível, mas é segundo da geral e continua dentro dos candidatos à vitória final. Esteve perto, pertinho, de ser camisola amarela após o contra-relógio por equipas mas não o foi por vinte e dois segundos. Actualmente, tem um minuto e trinta e sete de desvantagem para Contador. Desde domingo, quando o espanhol ganhou na chegada a Verbier, em plenos alpes suíços. Aí, pela primeira vez no Tour'09, Armstrong deu sinais de fraqueza.

Ontem, terça-feira, seguiu-se mais uma etapa de alta montanha. Há um momento que, mesmo não tendo significado algum no que toca às decisões finais, merece ser ressalvado: já perto do final, Andy Schleck, ciclista da Saxo Bank e um dos candidatos à vitória final, atacou. Contador respondeu de pronto. Andreas Klöden, seu companheiro na Astana, seguiu-o. Ficou Armstrong num grupo mais recuado. O ritmo na frente foi aumentando, a vantagem para o norte-americano era cada vez maior. Pensava-se que estaria a passar por dificuldades. Naturalmente. Perdeira imenso tempo e ficaria com as aspirações comprometidas.

Foi então que, de repente, as objectivas deixaram o grupo da frente. Era Lance Armstrong quem atacara. Arrancou forte, com um ritmo que nenhum dos corredores que estavam consigo conseguiu acompanhar. Apenas Kim Kirchen chegou perto mas também ele perdeu o contacto. Erguendo-se na bicicleta, Armstrong pedalava quase como nos velhos tempos. Rapidamente o minuto que tinha de atraso para o grupo de Contador desaparecera. Esse momento deixou os adeptos de ciclismo deliciados. Não foi nenhuma fuga para a vitória mas tratou-se de uma recuperação incrível. Merece um aplauso. Não, não há exagero!

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