segunda-feira, 20 de abril de 2009

Mesmo sem comandante, o dragão caminha forte

ANÁLISE JORNADA 25 - LIGA SAGRES

Mais uma jornada, mais um passo do FC Porto para o título. Na contagem decrescente, cada vez mais acelerada, para o fim do campeonato, os portistas mantiveram a vantagem de quatro pontos para o Sporting. Imitando os dois rivais, o Benfica também venceu, pressionando assim a equipa leonina tendo em vista o segundo lugar. Porém, é proibido relaxar. O FC Porto sabe-o. E Jesualdo também.


O FC Porto entrou em campo um dia depois da vitória do Sporting em Guimarães, que deixava a equipa de Paulo Bento a apenas um ponto do primeiro lugar. Jogou em Coimbra, frente a uma Académica super-moralizada pela vitória na Luz, na ronda anterior. Este foi também um teste (já que estamos na cidade dos estudantes!) para ver como reagiria a equipa, sem poder contar com Lucho, el comandante, operado ao joelho esquerdo na sequência de uma lesão no jogo com o Manchester United, para a Liga dos Campeões. Não é à toa que o médio argentino tem essa alcunha, ele é mesmo o líder dos portistas dentro de campo, é um jogador de enorme classe. No seu lugar, Jesualdo Ferreira optou por colocar Mariano González, não fazendo mais nenhuma alteração no onze-base. O jogo começou entretido, tendo uma Académica mais pressionante perante um FC Porto algo hesitante. No entanto, progressivamente, os portistas foram tomando conta da partida. Tiveram mais perto do golo na primeira etapa mas mesmo em cima do intervalo, Olegário Benquerença prejudicou a Académica ao não assinalar um penalty claro, por mão de Raul Meireles. No reatamento, foi novamente a equipa de Domingos a criar mais perigo: chegou mesmo a marcar mas o lance foi bem anulado por falta de Orlando sobre Rolando, no momento em que cabeceou para dentro da baliza. Até que, de um momento para o outro, o FC Porto simplificou uma tarefa que se estava a tornar bem complexa. Marcou primeiro por Rolando, num livre de Meireles; e sentenciou a partida, dois minutos depois, com um penalty convertido por Lisandro após um erro de Amoreirinha. Estava construída a vitória portista. Em cima dos noventa, Mariano González ainda marcou o terceiro - em posição irregular, diga-se. Mais um passo para o tetra.

Um dia antes da partida de Coimbra, jogou o Sporting. E ganhou em Guimarães, como já se disse acima. Um jogo envolto em polémica pela arbitragem de Bruno Paixão, o que não é propriamente uma novidade. É um mau árbitro, inquestionavelmente. Na antevisão da partida, ambos os treinadores demonstraram que só tinham a vitória no pensamento. Paulo Bento afirmou que o terceiro lugar não serve, Manuel Cajuda foi mais longe ao apontar a sua equipa como favorita para este jogo. Que começou vivo, vocacionado para o ataque e com oportunidades. Os guarda-redes, sobretudo Nilson, assumiram um papel fundamental, impedindo que não houvesse golos. É justo dizer que também a trave da baliza vitoriana não deixou que Derlei colocasse o Sporting em vantagem. Porém, foi a um minuto do intervalo que surgiu o caso mais polémico do encontro. A equipa leonina marcou, por Daniel Carriço, mas Bruno Paixão entendeu que houve pé em riste do jogador do Sporting. A decisão parece correcta. Contudo, não se percebe o porquê de o árbitro ter acompanhado toda a jogada e só depois de a bola entrar tenha apitado - talvez tenha sido o assistente, mais longe do acontecimento, a ver a falta. Ora, polémicas à parte, veio a segunda parte. Com o golo de Roberto, aos 56 minutos, após cruzamento de Nuno Assis. Os minutos que se seguiram foram de domínio do Vitória, dispondo de mais duas/três oportunidades para marcar. Diz-se que quem não marca, sofre. Aconteceu. O Sporting deu a volta, marcando aos 81 e 89, pela dupla atacante Liedson-Derlei. Virou o jogo, ganhou três pontos. Sem Paulo Bento no banco, desde os 65 minutos...

O Benfica era aquele que tinha, em termos teóricos, a partida mais acessível se bem que nesta fase todos os jogos tenham uma enorme pressão. Enfrentou o Vitória de Setúbal, no Bonfim, um clube com inúmeros problemas e instabilidade provocados pelo vazio directivo em que se encontra. A equipa encarnada pretendia regressar às vitórias, depois de derrotado em casa pela Académica. O jogo teve apenas um sentido: a baliza de Pawel Kieszek. Depois de já ter desperdiçado um par de oportunidades para marcar, Nuno Gomes fez o primeiro golo. Estavam jogados 25 minutos e a tarefa do Vitória ficou bem mais complicada. Dois minutos depois, marcou Cardozo, a machadada final, aproveitando um lance em que a defesa vitoriana ficou a ver a banda passar. O paraguaio teve tempo para tudo e acabou com o jogo. Não há exagero, garantidamente. Daí até intervalo, Reyes continuou a encher o campo - Michel foi um autêntico passador! - e o Benfica chegou com naturalidade ao terceiro golo, bis do Tacuara. Foi com esse resultado, que tira qualquer dúvida sobre a supremacia benfiquista, que as equipas foram para o descanso. Ah, é verdade: o Vitória rematou, pela primeira vez, já em tempo de descontos por Hugo. Com o jogo controlado, restavam 45 minutos para os encarnados gerirem aquilo que já tinham conseguido. Tiraram o pé do acelerador, naturalmente, e o Vitória passou a aproximar-se da baliza de Quim. A menos de quinze minutos do final, Filipe Brigues, um júnior, teve nos pés o golo de honra mas não conseguiu ultrapassar o guarda-redes benfiquista. Novo bis: Nuno Gomes, para fechar as contas. E para dar novo alento ao Benfica na luta pela Liga dos Campeões. O Vitória, esse, terá muitas dificuldades em manter-se na Liga Sagres ainda para mais numa equipa com muitos, muitos jovens.

Nessa luta para fugir aos lugares do fundo da tabela, Rio Ave e Trofense trocaram de posições: ao vencer por 2-1, a equipa de Carlos Brito deixa o último lugar para os da Trofa. O Paços de Ferreira, após derrotar o Estrela da Amadora, deu um passo importante para escapar dessa luta. Voltando aos lugares cimeiros, de Europa, Nacional e Sp.Braga, em duelo pelo quarto lugar, empataram, deixando tudo igual com os madeirenses um ponto à frente da equipa de Jorge Jesus; ainda nessas contas, o Marítimo somou mais um empate, em casa, desta vez frente ao Belenenses. Carlos Carvalhal não tem tido os resultados que pretendia.

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