A frase que dá título a esta crónica é da autoria do ainda presidente da APAF (Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol), e foi dita depois da contestação que Paulo Bento protagonizou, após a exibição de Bruno Paixão, no jogo da Taça de Portugal, entre o Sporting e o FC Porto. Após a fortíssima contestação do técnico leonino a mais uma má exibição do árbitro setubalense, as reacções surgiram céleres, com António Sérgio a fazer queixa para os órgãos disciplinares da Federação e a afirmar, que "o Futebol é um negócio, por isso não se pode dizer mal dele”.
Estamos em total acordo com a presidente da APAF, mas também, e em nome desse mesmo “futebol negócio”, acho que alguma coisa deveria fazer-se para acabar com as ininterruptas más arbitragens a que vamos assistindo jogo após jogo. Dos encontros que a televisão transmite, cinco da primeira liga e um da segunda liga, ainda vamos podendo tirar ilações, e ver com os próprios olhos (erros clamorosos nos jogos do Sporting, FC Porto e Benfica) no que se vai passando nesses jogos. Dos outros, e estamos a falar em mais dez, só podemos fazer fé no que vamos lendo, e fica a sensação que no jogo Varzim-Stª Clara, Bruno Paixão voltou a atacar, depois de três semanas de “jarra”, com mais uma exibição polémica.
Sr. António Sérgio não seria hora de apurar os reais prejuízos que estas arbitragens causam ao futebol? O tal que o senhor diz que é um negócio. Se assim o é, qual o prejuízo quantificável para essa indústria, dos erros de arbitragem cometidos ao longo das competições?
Olhemos para o todo e não para as partes e tenhamos a coragem de punir severamente os erros grosseiros de arbitragem, até porque são quase sempre protagonizados pelos mesmos.
Outro pontapé no negócio futebol é dado pelos seus intervenientes, principalmente os clubes, que como já aqui referi na anterior crónica, gastam o que não têm, e com isso hipotecam os seus clubes, pondo em risco a sua existência. O mais imediato é o do Estrela da Amadora, que só com a ajuda do Sindicato de Jogadores de Futebol, pôs fim a um longo calvário dos seus atletas, estando no entanto a agonizar, e a ficar sem quórum a sua direcção, pois todos os dias há demissões no elenco do clube tricolor. Laurentino Dias culpa tudo e todos, dirigentes, atletas e agentes desportivos, com razão, mas também não se pode eximir a assumir responsabilidades, pois esta linha de conduta dos clubes não é só de agora, arrasta-se há longos anos. Há clubes que fazem, através dos seus dirigentes acordos de pagamento de dívidas, que raramente, para não dizer nunca, cumprem.
No futebol de hoje as contratações não se fazem pelo valor do jogador, mas pelo “comissionismo”. As comissões que geram as transferências de jogadores são o cerne da questão, com empresários, sem escrúpulos e muitas vezes não credenciados, e dirigentes desportivos, envolvidos na teia da divisão dos lucros.
Louve-se a atitude, finalmente, dos jogadores profissionais mais credenciados, pela voz de Rui Costa e Nuno Gomes, a que outras se juntaram, para finalmente abanar com o “sistema” dos salários em atraso, ameaçando com uma greve geral. É preciso que os verdadeiros donos do espectáculo futebol, os jogadores, se unam em torno de uma figura que emerge ao lado de Joaquim Evangelista, e que nos últimos meses muito tem contribuído para uma verdadeira luta da classe, João Vieira Pinto, para finalmente exercerem a força que têm nas mãos.
No mês que passou nada de novo. O Leixões continua no comando da Liga, com Benfica, Sporting e FC Porto a oscilarem nos resultados e exibições. A selecção continua no caminho do descalabro, com o último resultado a cobrir de vergonha a equipa das quinas. Ilações precisam-se e não atiremos a culpa só para cima de Carlos Queirós. Os jogadores não gostam de “jogos a feijões”? Não se empenham? Pois tomem-se medidas para castigar os ídolos com pés de barro.
Parabéns a FC Porto e Sporting pela passagem à fase seguinte da Liga do Campeões, a Manuel Centeno por mais um título de campeão europeu de bodyboard, ao apuramento da selecção nacional de andebol, e a Cristiano Ronaldo pelo tão esperado título de “melhor jogador do mundo”. Que o título lhe traga a humildade que precisa, pois como dizia Miguel Cervantes, “A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja”.
Bom Natal e excelente ano de 2009 são os votos do
BERNARDINO BARROS
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