quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Selecção: como perder um jogo em dez minutos...


Faltam seis minutos para o fim do tempo regulamentar. Portugal ganha por 1-0 e já podiam ser três ou quatro. A vitória está no bolso. Eis então que a Dinamarca resolve dar uma aula de como ganhar um jogo em dez minutos. Ou de o perder, se for o caso de Portugal. Niklas Bendtner tira Bosingwa do caminho e remata para o fundo da baliza de Quim. Dois minutos depois, Nuno Gomes é abalroado dentro da área. Deco, na conversão da grande penalidade, volta a colocar Portugal em vantagem. Uff! Já não escapa, pensam os portugueses. Em cima dos noventa, Poulsen antecipa-se a Quim e volta a empatar a partida. Que balde de água fria! Três minutos depois, nos descontos, Jensen remata, a bola bate no corpo de Pepe e vai direitinha para dentro da baliza portuguesa. Inacreditável. Bizarro.

Portugal entrou mal no jogo. Por duas vezes, Bendtner mostrou que esta Dinamarca, a jogar em 4x2x4, não era apenas um figurante. Estava ali para discutir o jogo. A equipa nacional assentou e foi a vez de Deco pegar no jogo, colocando a Dinamarca no lugar. Mesmo sem massacrar, Portugal teve um claro domínio e criou várias oportunidades, entre elas um remate de Paulo Ferreira que obrigou Andersen a uma defesa fantástica. Os dinamarqueses criavam perigo, essencialmente, nas bolas paradas - o mesmo mal de sempre. Estiveram, mesmo, perto de marcar, num ressalto em Meireles, que Quim defendeu. Perto do intervalo, surgiu o golo de Portugal. Paulo Ferreira abriu na esquerda para Hugo Almeida, que cruzou para Nani marcar.
Uma jogada genial do ataque português.

FALHAR, FALHAR E FALHAR

A segunda parte tinha tudo para ser a confirmação da vitória de Portugal. Tudo não, porque Simão, Nani e Hugo Almeida não queriam nada com a baliza. A Dinamarca não criava perigo e Carlos Queiroz lançou Nuno Gomes e Danny, para os lugares de Hugo Almeida e Simão Sabrosa. Foram os recém-entrados que quase acabaram com o jogo. Primeiro Danny, numa grande jogada de contra-ataque atirou ao lado, só com Andersen pela frente; depois, aos 77 minutos, foi Nuno Gomes, que de baliza escancarada atirou a bola para a bancada.

Tanto falhanço não dá bom resultado. Não pode dar. Aos 84 minutos, Agger jogou bem para Bendtner, que empatou o jogo. Que gelo em Alvalade. Na jogada seguinte, Deco - não merecia perder por nada deste mundo - sacou um coelho da cartola. Começou e concluiu a jogada do penalty, com Nuno Gomes como intermediário e Portugal estava de novo em vantagem. A quatro minutos do fim, a vitória estava quase garantida. Faltava o quase. Morten Olsen meteu a carne toda no assador e mandou a equipa para cima dos portugueses. Queiroz tirou Nani e fez entrar Moutinho para o meio-campo. Não teria sido melhor ter posto Bruno Alves? Até pela estatura dos dinamarqueses. Foi mesmo por aí, pelas alturas, que surgiu o golo de Polsen, o segundo da Dinamarca. Gelado, gelado. Três minutos depois, Martin Jensen marcou o terceiro. Um golo caído do céu aos trambolhões que deu a vitória. Incrível!


"Na noite em que Quim parecia que andava a ver jogos do Bétis, pela maneira como saía da baliza" - Pedro Sousa (RR)

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