A FAENA ESPANHOLA
A Espanha é mais forte do que Portugal. A frase, clara e sem rodeios, não tem por onde enganar. O jogo entre as duas selecções comprovou-o: os espanhóis circulam a bola como poucos, insistem, pressionam, obrigar a errar e jogam com tranquilidade. Portugal, ao ser expectante e dando a iniciativa aos espanhóis, assumiu um risco. Viu uma, duas, três bolas de golo junto da sua baliza. Eduardo, heróico, defendeu tudo o que lhe apareceu pela frente. Gritou, alertou, corrigiu, pediu mais concentração. A vontade do guarda-redes, a sua garra, faltou no ataque português. A selecção nacional, depois do sufoco inicial, conseguiu criar oportunidades, perigo, andou perto do golo. Nunca passou disso. A Espanha, melhor e mais consistente, marcou. E garantiu a vitória.
Don Vicente manteve a sua armada. Sem surpresas, sem alterações de última hora, com todas as pedras nos seus devidos lugares. Tudo bem esquematizado, estudado ao pormenor, para colocar o carrossel espanhol em funcionamento. A Carlos Queiroz, na liderança da armada portuguesa, restava pará-lo. Impedir a sua acção, atrapalhar, colocar obstáculos à progressão e lançar, a cada momento, perigos para o trilho dos espanhóis. Pepe e Ricardo Costa, revelando as preocupações em ter segurança defensiva, mantiveram-se na equipa. Simão e Hugo Almeida, a versatilidade e a presença, regressaram. Frente a Espanha, num duelo de vizinhos, muito mais do que um simples arrufo de quem não gosta de quem está ao lado, Portugal quis manter-se consistente na defesa e, ao mesmo tempo, ousado no ataque. Teria que se mostrar ao rival.
Espanha saiu com a bola. Iniciou o seu passa e repassa, tiki-taka, com os olhos no horizonte. Os espanhóis, nesta selecção com tanto do Barcelona, só pensam em avançar, nunca em jogar para trás, nunca em contentar-se com pouco e quando ainda é demasiado cedo para o fazer. Fernando Torres, no primeiro minuto, rematou. Seguiu-se, cinco minutos depois, Capdevila. Ambos levaram a direcção certa. Eduardo, senhorial na baliza portuguesa, anulou as ideias. Portugal tremeu no início. A selecção espanhola, sufocante e mandona, tomara conta da bola, fizera-a circular e rondar com muito perigo a área portuguesa. Fábio Coentrão, a irreverência em pessoa, tentou reagir, responder, fazer com que os espanhóis não ganhassem, desde logo, ímpeto para se fixarem. Torres voltou a assustar. Portugal conseguiu, aos poucos, assentar.
UM DOMÍNIO A SER COMBATIDO
O domínio espanhol durou vinte minutos. A selecção portuguesa entrara expectante, esperando pela Espanha demasiado atrás. Colocou-se à mercê das investidas contrárias. Depois disso, era obrigatório reagir para mostrar que Portugal teria recursos para amedrontar Casillas. Em dois remates, de Tiago e de Cristiano Ronaldo, o guarda-redes espanhol, ainda que com dificuldade, conseguiu responder bem. Os portugueses haviam, enfim, deixado de lado a pressão da Espanha, conseguindo explanar o seu futebol e progredindo no terreno. Respirara, ganhara fôlego e iria à luta. Os espanhóis, afinal, não são máquinas. Hugo Almeida, de cabeça, falhou por pouco o alvo. E mais sobressalto num rápido contra-ataque, a principal arma de Portugal, em que Casillas, perante Simão, foi mais forte. Tiago, ainda antes do intervalo, cabeceou para fora.
Percebe-se que o descanso chegou em má altura. Coincidiu precisamente com o melhor período português no jogo. Portugal, apesar de sempre de pé atrás pelo futebol tricotado da Espanha, ganhara poder ofensivo e criara oportunidades de golo. O intervalo, contudo, não afectou o ritmo da selecção portuguesa. Na segunda parte, mantendo a fase positiva que demonstrara sobretudo a partir dos trinta e cinco minutos, Portugal começou bem: Hugo Almeida, veloz e possante, escapou pela esquerda e Puyol, por um triz, não introduziu a bola na sua baliza. Espanha suspirou de alívio. Portugal ficou perto, perto, mas não teve sucesso. O minuto cinquenta e sete trouxe as primeiras substituições. Carlos Queiroz chamou Danny, médio que esteve em dúvida, para trazer maior velocidade. Del Bosque, querendo voltar ao início, apostou em Fernando Llorente.
UMA SUBSTITUIÇÃO FALHADA
Uma alteração em cada equipa e duas visões completamente contrárias de agir. Queiroz retirou Hugo Almeida, a principal referência ofensiva da selecção portuguesa, quando, apesar de ter estado pouco em jogo na primeira parte, começava a aparecer. Portugal ficou sem o seu ponta-de-lança, deslocando Ronaldo para essa posição. Em oposição, Vicente del Bosque, sem obter resultados da utilização de Fernando Torres, uma estrela em eclipse na África do Sul, colocou Llorente, também avançado, para sobressaltar a barreira defensiva nacional. À hora de jogo, três minutos depois de entrar, Llorente apareceu solto: Eduardo, instintivo, voltou a ser mais forte. O guarda-redes, decisivo nos primeiros minutos, sempre respondeu bem. A Espanha, com a colocação do avançado do Athletic de Bilbao, readquiriu força, perigo e domínio ofensivo.
Com esperança em ser bem-sucedido e com a tormenta de ver os espanhóis em crescimento, Portugal voltara a dar mais espaço, perdera a bola e recuara em demasia. David Villa, após uma abertura de Iniesta e um desvio de calcanhar de Xavi, surgiu frente a Eduardo. O guarda-redes, um gigante na baliza nacional, defendeu. A defesa foi boa mas não perfeita. Villa, oportuno, colocou a Espanha em vantagem. Jogara-se, até aí, mais ou menos uma hora: a selecção espanhola fora sempre mais equipa, mais inicisiva, mais perigosa e pressionante, contudo, à medida que conseguiu fazer desenvolver o seu jogo, Portugal reequilibrou e criou calafrios aos espanhóis. Não aproveitou. A Espanha, sempre ofensiva, marcou. Um golo evitado ao máximo por Eduardo. Agora tudo seria mais difícil. Um luta tiki-taka espanhol e o desespero português.
UM PONTO FINAL PRECOCE
O golo bateu forte em Portugal. Como um punhal cravado. Ainda não mortal, sim, mas perto disso. Sergio Ramos é, como Fábio Coentrão, um lateral ofensivo e impediu, assim, que o jogador português se conseguisse envolver no ataque e fosse, como nos jogos anteriores, um importante suporte para criar jogadas de perigo. Aproveitando a embalagem trazida pelo golo de David Villa, deixando a Espanha a jogar como gosta, Ramos rematou forte, cruzado, e voltou a obrigar Eduardo a uma defesa espantosa. Com talento puro e um enorme querer de empurrar a equipa para a frente, foi assombrosa a exibição do guarda-redes português. Carlos Queiroz, errado na primeira substituição, lançou Pedro Mendes e Liedson. Portugal necessitava de voltar a ter bola, capacidade de construção e alguém na área para finalizar. A equipa encolhera-se, precisava de nova vida.
A Espanha luta, pressiona e insiste muito até conseguir marcar. Quando o consegue, solta-se, toca curto, faz com que a bola passe por quase todos os jogadores. Joga um futebol vistoso para o adepto e profundamente irritante para o adversário. Para quem está em vantagem, com o relógio a seu favor e perante uma equipa cada vez mais desligada e desunida, é perfeito. Portugal, sem forças, tentou responder ao golo espanhol. Queiroz mexeu, os jogadores quiseram sair para o ataque, tentaram assustar os espanhóis. Não tiveram sucesso. O discernimento, a força e o coração necessários faltaram. Portugal rendeu-se. Nunca quis dar parte fraca, quis lutar até ao fim, mas há muito estava entregue. À Espanha bastaria, como tão bem faz, circular a bola e gerir o tempo. Eduardo, depois de tanto defender, fora batido e resultado, desde aí, estava feito. Vitória de Espanha. Com mérito.
A Espanha é mais forte do que Portugal. A frase, clara e sem rodeios, não tem por onde enganar. O jogo entre as duas selecções comprovou-o: os espanhóis circulam a bola como poucos, insistem, pressionam, obrigar a errar e jogam com tranquilidade. Portugal, ao ser expectante e dando a iniciativa aos espanhóis, assumiu um risco. Viu uma, duas, três bolas de golo junto da sua baliza. Eduardo, heróico, defendeu tudo o que lhe apareceu pela frente. Gritou, alertou, corrigiu, pediu mais concentração. A vontade do guarda-redes, a sua garra, faltou no ataque português. A selecção nacional, depois do sufoco inicial, conseguiu criar oportunidades, perigo, andou perto do golo. Nunca passou disso. A Espanha, melhor e mais consistente, marcou. E garantiu a vitória.
Don Vicente manteve a sua armada. Sem surpresas, sem alterações de última hora, com todas as pedras nos seus devidos lugares. Tudo bem esquematizado, estudado ao pormenor, para colocar o carrossel espanhol em funcionamento. A Carlos Queiroz, na liderança da armada portuguesa, restava pará-lo. Impedir a sua acção, atrapalhar, colocar obstáculos à progressão e lançar, a cada momento, perigos para o trilho dos espanhóis. Pepe e Ricardo Costa, revelando as preocupações em ter segurança defensiva, mantiveram-se na equipa. Simão e Hugo Almeida, a versatilidade e a presença, regressaram. Frente a Espanha, num duelo de vizinhos, muito mais do que um simples arrufo de quem não gosta de quem está ao lado, Portugal quis manter-se consistente na defesa e, ao mesmo tempo, ousado no ataque. Teria que se mostrar ao rival.
Espanha saiu com a bola. Iniciou o seu passa e repassa, tiki-taka, com os olhos no horizonte. Os espanhóis, nesta selecção com tanto do Barcelona, só pensam em avançar, nunca em jogar para trás, nunca em contentar-se com pouco e quando ainda é demasiado cedo para o fazer. Fernando Torres, no primeiro minuto, rematou. Seguiu-se, cinco minutos depois, Capdevila. Ambos levaram a direcção certa. Eduardo, senhorial na baliza portuguesa, anulou as ideias. Portugal tremeu no início. A selecção espanhola, sufocante e mandona, tomara conta da bola, fizera-a circular e rondar com muito perigo a área portuguesa. Fábio Coentrão, a irreverência em pessoa, tentou reagir, responder, fazer com que os espanhóis não ganhassem, desde logo, ímpeto para se fixarem. Torres voltou a assustar. Portugal conseguiu, aos poucos, assentar.
UM DOMÍNIO A SER COMBATIDO
O domínio espanhol durou vinte minutos. A selecção portuguesa entrara expectante, esperando pela Espanha demasiado atrás. Colocou-se à mercê das investidas contrárias. Depois disso, era obrigatório reagir para mostrar que Portugal teria recursos para amedrontar Casillas. Em dois remates, de Tiago e de Cristiano Ronaldo, o guarda-redes espanhol, ainda que com dificuldade, conseguiu responder bem. Os portugueses haviam, enfim, deixado de lado a pressão da Espanha, conseguindo explanar o seu futebol e progredindo no terreno. Respirara, ganhara fôlego e iria à luta. Os espanhóis, afinal, não são máquinas. Hugo Almeida, de cabeça, falhou por pouco o alvo. E mais sobressalto num rápido contra-ataque, a principal arma de Portugal, em que Casillas, perante Simão, foi mais forte. Tiago, ainda antes do intervalo, cabeceou para fora.
Percebe-se que o descanso chegou em má altura. Coincidiu precisamente com o melhor período português no jogo. Portugal, apesar de sempre de pé atrás pelo futebol tricotado da Espanha, ganhara poder ofensivo e criara oportunidades de golo. O intervalo, contudo, não afectou o ritmo da selecção portuguesa. Na segunda parte, mantendo a fase positiva que demonstrara sobretudo a partir dos trinta e cinco minutos, Portugal começou bem: Hugo Almeida, veloz e possante, escapou pela esquerda e Puyol, por um triz, não introduziu a bola na sua baliza. Espanha suspirou de alívio. Portugal ficou perto, perto, mas não teve sucesso. O minuto cinquenta e sete trouxe as primeiras substituições. Carlos Queiroz chamou Danny, médio que esteve em dúvida, para trazer maior velocidade. Del Bosque, querendo voltar ao início, apostou em Fernando Llorente.
UMA SUBSTITUIÇÃO FALHADA
Uma alteração em cada equipa e duas visões completamente contrárias de agir. Queiroz retirou Hugo Almeida, a principal referência ofensiva da selecção portuguesa, quando, apesar de ter estado pouco em jogo na primeira parte, começava a aparecer. Portugal ficou sem o seu ponta-de-lança, deslocando Ronaldo para essa posição. Em oposição, Vicente del Bosque, sem obter resultados da utilização de Fernando Torres, uma estrela em eclipse na África do Sul, colocou Llorente, também avançado, para sobressaltar a barreira defensiva nacional. À hora de jogo, três minutos depois de entrar, Llorente apareceu solto: Eduardo, instintivo, voltou a ser mais forte. O guarda-redes, decisivo nos primeiros minutos, sempre respondeu bem. A Espanha, com a colocação do avançado do Athletic de Bilbao, readquiriu força, perigo e domínio ofensivo.
Com esperança em ser bem-sucedido e com a tormenta de ver os espanhóis em crescimento, Portugal voltara a dar mais espaço, perdera a bola e recuara em demasia. David Villa, após uma abertura de Iniesta e um desvio de calcanhar de Xavi, surgiu frente a Eduardo. O guarda-redes, um gigante na baliza nacional, defendeu. A defesa foi boa mas não perfeita. Villa, oportuno, colocou a Espanha em vantagem. Jogara-se, até aí, mais ou menos uma hora: a selecção espanhola fora sempre mais equipa, mais inicisiva, mais perigosa e pressionante, contudo, à medida que conseguiu fazer desenvolver o seu jogo, Portugal reequilibrou e criou calafrios aos espanhóis. Não aproveitou. A Espanha, sempre ofensiva, marcou. Um golo evitado ao máximo por Eduardo. Agora tudo seria mais difícil. Um luta tiki-taka espanhol e o desespero português.
UM PONTO FINAL PRECOCE
O golo bateu forte em Portugal. Como um punhal cravado. Ainda não mortal, sim, mas perto disso. Sergio Ramos é, como Fábio Coentrão, um lateral ofensivo e impediu, assim, que o jogador português se conseguisse envolver no ataque e fosse, como nos jogos anteriores, um importante suporte para criar jogadas de perigo. Aproveitando a embalagem trazida pelo golo de David Villa, deixando a Espanha a jogar como gosta, Ramos rematou forte, cruzado, e voltou a obrigar Eduardo a uma defesa espantosa. Com talento puro e um enorme querer de empurrar a equipa para a frente, foi assombrosa a exibição do guarda-redes português. Carlos Queiroz, errado na primeira substituição, lançou Pedro Mendes e Liedson. Portugal necessitava de voltar a ter bola, capacidade de construção e alguém na área para finalizar. A equipa encolhera-se, precisava de nova vida.
A Espanha luta, pressiona e insiste muito até conseguir marcar. Quando o consegue, solta-se, toca curto, faz com que a bola passe por quase todos os jogadores. Joga um futebol vistoso para o adepto e profundamente irritante para o adversário. Para quem está em vantagem, com o relógio a seu favor e perante uma equipa cada vez mais desligada e desunida, é perfeito. Portugal, sem forças, tentou responder ao golo espanhol. Queiroz mexeu, os jogadores quiseram sair para o ataque, tentaram assustar os espanhóis. Não tiveram sucesso. O discernimento, a força e o coração necessários faltaram. Portugal rendeu-se. Nunca quis dar parte fraca, quis lutar até ao fim, mas há muito estava entregue. À Espanha bastaria, como tão bem faz, circular a bola e gerir o tempo. Eduardo, depois de tanto defender, fora batido e resultado, desde aí, estava feito. Vitória de Espanha. Com mérito.
2 comentários:
Ricardo Costa defesa direito tirar Hugo Almeida e meter Danny é de loucos.
C'est la vie, já dizia o outro!
É pena, mas Adeus Mundial *
Boa Crónica, ó Costa :D
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