domingo, 27 de junho de 2010

Minha África: Nada acontece por acaso

Nada acontece por acaso. Foi apurada a primeira equipa sul-americana a entrar em campo na fase de eliminação e a única equipa africana. Foram apuradas as melhores. Até em relação às equipas eliminadas o título cabe na perfeição, foram eliminadas duas equipas que fizeram uma boa primeira fase, pode até dizer-se que com alguma surpresa, apresentando as mesmas características de jogo - muita voluntariedade, futebol bonito e técnico, mas com muita ingenuidade e pouca eficácia na finalização.

Uruguai e Gana vão defrontar-se nos quartos-de-final e uma delas estará seguramente nas meias-finais. O Uruguai não atingia esta fase da competição desde o México-70, enquanto o Gana, que alcançou a melhor classificação de sempre na história dos Mundiais, se eliminar o seu adversário, passa a ser a única selecção africana a chegar às meias-finais de um Mundial.

Uruguai - Coreia do Sul (2-1): Suar(ez) para vencer

Jogo: Agradável e com dois tempos. Uruguai mais forte na entrada em jogo, mais ofensivo e enredando os coreanos no seu futebol mais técnico e com transições ofensivas rápidas. Golo marcado cedo com a envolvência dos seus três atacantes Cavani, Forlán e Suarez (os dois últimos são responsáveis por cinco dos seis golos marcados pela sua selecção na competição), logo seguido de um adormecimento que lhe poderia ter sido fatal, não fosse a fraca capacidade concretizadora dos coreanos, que aos 68m empataram a partida. Mas quem tem Suarez, tem francas hipóteses de marcar e o seu segundo golo é digno de figurar no compêndio dos golos mais bonitos. Destaque pela negativa para o trio de arbitragem, chefiado pelo alemão Wolfgang Stark, que teve dois erros que poderiam ter sido fatais: fora-de-jogo mal assinalado a Suarez e grande penalidade não assinalada por braço na bola a remate de Maxi Pereira. Felizmente para ele Suarez resolveu.

Positivo: Luís Suarez, avançado uruguaio de 23 anos. Não só pelos dois golos marcados, mas essencialmente pelo segundo golo, velocidade na explosão que lhe permitiu ganhar espaço e o remate cheio de técnica e colocação. Não é muito mediático, mas foi só o melhor marcador do campeonato holandês (joga no Ajax) com 35 golos.

Negativo: Os dois guarda-redes. O coreano esteve mal no primeiro golo ao não evitar o "passeio" da bola na sua pequena área. O uruguaio saiu mal à bola e foi antecipado pelo golpe de cabeça.

Gana - USA (2-1): Prolongar a vontade de vencer

Jogo: Mexido, com matreirice (Gana) e empenho (USA) e o primeiro, para já, a ser decidido no prolongamento. O golo marcado cedo pelo Gana mexeu com o jogo, não só pelo erro de Clark (USA), mas porque a alteração efectuada pelo seleccionador norte-americano, saída de Clark e entrada de Edu, transformou-a numa equipa mais atacante, com Bradley e Donovan na organização do futebol ofensivo. A partir desse momento foram sempre mais perigosos, com lançamentos para os seus atacantes Dempsey e Altindore, mas se construíam boas ocasiões de golo, revelavam ineficácia na hora da concretização e tinham pela frente um dos melhores guarda-redes da competição, Kingston, que foi o principal obstáculo aos intentos atacantes dos americanos. Depois o Gana tem mais matreirice, é uma equipa bem organizada defensivamente, com grande pressão no meio campo contrário, ganhando muitas bolas que lhe permitem sair para transições rápidas e letais. Os dois golos são exemplo perfeito dessa capacidade. Uma equipa africana que não tem grandes vedetas, comparando com outras que estiveram presentes na competição, jogando colectivamente e não na expectativa do que as "prima-donas" podem fazer.

Positivo: A exibição de Kingston, guarda-redes ganês ao serviço dos ingleses do Wigan. Seguro, ágil, bom jogo de pés e com bons reflexos. Um dos melhores guarda-redes desta competição.

Negativo: O anti-jogo não sancionado na montra do futebol mundial. Quedas sucessivas nos minutos finais dos jogos, só para perder tempo, tem que ser penalizado pelos árbitros e devidamente compensado no tempo de descontos.