sexta-feira, 2 de abril de 2010

Liga Europa: É curta, sim, mas é uma vantagem!

COMENTÁRIO

O golo de Daniel Agger foi um mau prenúncio. O Liverpool entrara mostrando-se preparado para assumir o jogo, fechando os espaços ao Benfica. Chegou à vantegem cedo. Aos nove minutos, Gerrard marcou um livre, a defesa encarnada ficou estática, sem reacção perante uma incursão fulgurante de Agger. Um toque de calcanhar, desvio em Luisão, golo. Sofrer em casa é mau numa eliminatória tão importante, péssimo se o adversário for um clube de classe mundial. O Benfica teria de mostrar reacção para impedir que o tento obtido pelos reds fizesse mossa, explanando o seu futebol, deixar bem patente que o jogo ainda teria muita história pela frente. Os encarnados conseguiram-no. Poderiam ter empatado nos instantes seguintes, Cardozo desperdiçou. O Benfica criava oportunidades, faltava finalizá-las. Uma estranha inépcia invadira Óscar Cardozo. O avançado paraguaio do Benfica está menos bem letal do que antes.

Os golos e Tacuara andam habitualmente de mão dada. Na Luz, contudo, pareciam zangados. Logo após o golo do Liverpool, Cardozo dispôs de uma oportunidade soberana para empatar. Na cara de Reina, num frente a frente onde costuma decidir, falhou. Voltaria a fazê-lo pouco depois. Os golos não queriam nada com o paraguaio, estava visto. Nem com Di María ou Ramires. À meia-hora, Luisão cometeu uma falta dura sobre Fernando Torres. O árbitro sueco, Jonas Eriksson (titubeante e errático nos noventa minutos) mostrou o amarelo ao capitão encarnado. Ryan Babel não se contentou, colocou a mão no rosto do central brasileiro, gerou uma confusão. Acabou expulso - excesso de zelo? boa decisão?. Foi a pedra de toque. A expulsão de Babel, deixando o Liverpool com dez com uma hora de jogo pela frente, motivou ainda mais os benfiquistas. O Benfica poderia agora explorar melhor a defensiva inglesa.

Já fizera por justificar marcar. Apesar de alguns erros na construção do seu futebol, os encarnados chegavam com perigo para a baliza de Pepe Reina. Antes do intervalo, por Di María e Javi García, mais duas oportunidades desperdiçadas. Guiado por Gerrard, o Liverpool respondeu, apareceu junto da baliza de Júlio César após o golo, fê-lo com perigo. Sempre por Fernando Torres. El Niño ainda marcaria, mas o árbitro assistente já anulara por fora-de-jogo. O Benfica não poderia arriscar dar um passo maior do que a perna. Na frente, lá continuava o desperdício... Até ao minuto cinquenta e nove. Óscar Cardozo tomou conta da bola num livre perigoso. Pouco estava a correr-lhe bem, tentou a sua sorte de bola parada: o remate saiu forte, embateu com estrondo no poste, Emiliano Insúa viu-se obrigado a derrubar Aimar junto da pequena área. Grande penalidade, oportunidade de ouro para o Benfica empatar.

Tacuara perante Reina, um especialista de cada lado da barricada. Remate em força para o golo. Finalmente!, agora aparecera Cardozo. A Luz explodiu de alegria. Afinal, era possível. Jorge Jesus fez entrar Nuno Gomes para o lugar de Maxi Pereira, era altura de explorar a inferioridade inglesa. Pouco depois entraria Rúben Amorim, em detrimento de Carlos Martins, para jogar sob a lateral direita e pressionar Insúa. Contudo, foi o Liverpool quem assustou. Torres combinou com Kuyt, soltou-se de Luisão, mas não foi capaz de bater Júlio César. O Benfica chegaria ao segundo golo. Nova grande penalidade, já depois de Eriksson ter deixado passar uma outra por falta de Carragher. Cardozo, agora em jeito, com uma frieza invejável para quem parecia demasiado ansioso, novamente para a esquerda de Reina. Reviravolta consumada. Para Anfield, o Benfica leva uma vantagem traiçoeira. Mas uma vantagem.

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