sábado, 5 de dezembro de 2009

Três actos de uma conquista

O jogo entre Vitória de Guimarães e FC Porto não pode ser analisado sem que antes façamos uma divisão. Como num teatro, onde um momento importante dita um novo acto. O primeiro capítulo foi da exclusiva responsabilidade dos portistas, o Vitória fez apenas de figurante. A equipa de Paulo Sérgio entrou mal, em falso, não conseguiu ligar o seu futebol e não demonstrou capacidade para anular o ataque do FC Porto, pronto para se tranquilizar o quanto antes. Os primeiros quarenta e cinco minutos trouxeram o melhor FC Porto da temporada. Com naturalidade, graças a Varela e ao regresso de Falcao, os dragões ganharam uma vantagem confortável de dois golos. E, acrescente-se, poderiam ter surgido mais. Porém, mesmo em cima do intervalo, Andrezinho, num grande remate, relançou a partida. Momento importante, passagem ao segundo acto.

O golo marcado teve um extraordinário efeito moralizador para o Vitória. Após o descanso, muito por culpa da acção de Nuno Assis, bem tapado até então, os vimaranenses transfiguraram-se, mostraram outro futebol e tomaram a baliza de Helton. O jogo virou do avesso, literalmente. A equipa de Paulo Sérgio criou oportunidades de golo cantado, o empate seria uma recompensa mais do que justa para os vinte minutos sufocantes. No oposto, o FC Porto nem parecia o mesmo que havia jogado a primeira parte: errático, concedendo demasiado espaço e, acima de tudo, sem conseguir parar a ofensividade do Vitória de Guimarães. Jesualdo viu-se obrigado a mudar, lançou Guarín e Hulk. Foi precisamente nessa fase de maior domínio dos vimaranenses que o FC Porto marcou o terceiro golo. Livre de Raul Meireles, desvio de Bruno Alves, aspirações do Vitória caindo como um baralho de cartas.

Não poderia haver, decerto, melhor forma para os portistas responderem às dificuldades que a segunda parte lhes trouxera. Se o Vitória chegara ao golo sem que tenha feito muito para o justificar, a tranquilidade do FC Porto veio no período dourado do adversário. Esse momento capital, aos sessenta e sete minutos, fez regressar tudo ao início: maior controlo dos portistas, dois golos de vantagem, gestão do tempo. O jogo acabou aí, pode-se dizer. Paulo Sérgio, contudo, apostou sempre em tentar algo mais, arriscou, descompensou a defesa e jogou os trunfos que tinha disponíveis. Nuno Assis teve, a seis minutos do final, oportunidade para voltar a reduzir e lançar um final electrizante. Não conseguiu, três minutos depois o FC Porto fez o quarto golo. A diferença esteve, pois, na eficácia. Os portistas ganharam bem, sem discussão, mas o resultado é exagerado.

1 comentário:

Jornal Só Desporto disse...

Jogo interessante mas o Porto ganhou por números exagerados parece-me.
Bom artigo.