quinta-feira, 14 de outubro de 2010

E tudo o Bento mudou - Opinião de Bernardino Barros

Confesso que esperei pelos resultados da selecção para constatar o óbvio: os jogadores não estavam com Carlos Queiroz - os que saíram (Deco, Miguel, Simão, etc.) não estavam de certeza, os que ficaram não estavam também, como facilmente se aferiu das suas "bocas" (Cristiano Ronaldo e Nani) e das que surgem (Pepe e Ronaldo), agora, depois de duas boas vitórias e de exibições que já nos levam a crer que o verdadeiro espírito da selecção está de volta. Escrevi aqui, neste mesmo espaço, tudo o que pensava da "torpe e vil" maneira como correram com Carlos Queiroz, afirmando que a sua saída deveria acontecer aquando do regresso do Mundial e com a decisão a ser tomada por Madaíl.

O problema é que pedir a Madaíl para agir, é muito difícil. Pedir a Madaíll para agir acertadamente é dificílimo e a determinadas horas do dia, é mesmo tarefa impossível. Agora, reconhece, implicitamente, que a escolha de Queiroz foi um erro, ao gabar-se de ter escolhido, bem, Paulo Bento. Vamos ter que levar com ele mais quatro anos. Com o Madaíl claro, que a reeleição já foi cozinhada na viagem à Islândia. Vítor Baía afirmou-o hoje, desassombradamente, como é seu timbre e sobre este assunto, voltarei a ele em breve.

Mudo a agulha para falar da selecção de Paulo Bento e não sou capaz de fugir ao que penso há muito, o seleccionador nacional é um excelente treinador e condutor de homens, pode não ter tido sorte na sua passagem pelo Sporting, mas os atributos que sempre lhe reconheci estão lá. Fazem parte do seu ADN de treinador e para além do mais, usa com mestria a comunicação para dentro e sobretudo para fora. Não mudou muita coisa, nem teve muito tempo para grandes mudanças, mas mudou o essencial: o relacionamento com os jogadores, "novos" jogadores e sobretudo posições certas no campo para os "velhos" jogadores.

Mudanças significativas:
Lateral direito. João Pereira que defende e ataca com rigor táctico ao invés de uma "anarca táctico", Miguel. Meio campo mais ofensivo. Triângulo formado em 1x2. Um "seis", Raul Meireles, que sai a jogar, cria desequilíbrios ao subir no terreno, faz lançamentos longos e remata bem. Dois médios laterais ofensivos e com capacidade para defender também (mais João Moutinho do que Carlos Martins). Na era Queiroz, o triângulo do meio-campo actuava em 2x1. Dois médios defensivos, Manuel Fernandes e Raul Meireles e um único mais ofensivo, João Moutinho, mas que defendia também

A diferença reside na mentalidade imposta, os adversários é que se devem preocupar com o nosso poderio e não ao contrário e na maior liberdade, mas responsabilidade também, dada aos jogadores para usarem as suas capacidades técnicas para serem criativos. O resultado de tudo isto originou uma selecção "mandona", que joga com mais alegria e que sabe reagir a adversidades e contratempos normais de um jogo de futebol, querendo e conseguindo ter sempre os comandos do seu destino, impondo o ritmo ao jogo que lhe convém e fazendo o que nunca tinha feito, circular bola a preceito. Bem-vindo Paulo Bento, mais os seus ventos de mudança, pois agora acredito francamente na qualificação.

2 comentários:

F. disse...

Belo texto!
Subscrevo.
Abraços

JornalSóDesporto disse...

Faço votos que a mudança Paulo Bento o seu efeito seja para durar.
Bom Artigo.