domingo, 22 de agosto de 2010

A terceira queda do novo Benfica

Uma, duas, três vezes. O Benfica voltou a tropeçar. Caiu com estrondo, de novo, aumentando a surpresa de um início atípico e inesperado. O futebol é um jogo momentâneo e de contrastes. Há pouco mais de duas semanas, sem que se levantassem grandes ondas com isso, o Benfica estava na pole-position, forte apesar de desfalcado de peças importantes do ano passado, bem estruturado, com a mesma dinâmica ofensiva, arrastadora do adversário, capaz de triunfar. A derrota na Supertaça Cândido de Oliveira, perante um dragão ferido no seu orgulho, não tão favorito como nos últimos anos mas procurando a sua emancipação para a nova época, abalou a equipa. Não foi apenas um jogo, um troféu, um duelo perdido para o rival. Deixou marcas no campeão. A entrada no campeonato, com duas derrotas, prova que a águia não está bem.

Roberto Jiménez aparenta serenidade. Coloca-se entre os postes, pede inspiração e acredita que é desta que vai mostrar os seus atributos. Não apenas em lances pontuais, em algumas defesas apertadas mas raras. Terá de ter um jogo a roçar a perfeição, tranquilo, transmitindo segurança à equipa e incentivando-a a seguir em frente. O guarda-redes espanhol, pelo inusitado valor que o Benfica pagou por ele e por teimar em não se apresentar como um verdadeiro reforço, precisa disso como de ar para viver. Deixou maus indicadores na pré-época, não foi feliz na abertura da temporada, está transformado num sério caso de estudo e voltou a claudicar ante o Nacional. E por isso treme, joga sob brasas, carrega toda a pressão nos ombros e sente que um mínimo deslize será fatal. Como é para todos os guarda-redes, para ele ainda mais. A aposta de Jorge Jesus enfraquece a cada jogo. Na Madeira, foi visível a instabilidade do espanhol.

Dizer que o Benfica perdeu apenas por culpa de Roberto é, contudo, demasiado redutor. E é injusto. O guarda-redes espanhol, contratado para dar pontos e ser um pilar importante para a equipa, voltou a estar mal, intranquilo dos pés à cabeça, tremelicando a cada bola jogada na sua área. Falhou, como falharam os centrais, no lance do primeiro golo, permitindo a aproximação bem-sucedida de Luís Alberto. O golo marcado no reinício, apanhando o Benfica desprevenido, foi um duro golpe nas aspirações dos encarnados. Antes disso, no entanto, já Nicólas Gaitán falhara um golo feito, já Rafael Bracali se agigantara perante Saviola com uma defesa miraculosa e já outros benfiquistas haviam falhado.
Houve demérito colectivo, mais uma vez incapacidade para recriar o carrossel ofensivo, sufocando o adversário. Roberto foi mais um a errar. E, talvez, como se trata do guarda-redes, de quem os erros são mais visíveis.

A ocasião faz o ladrão. O Benfica desperdiçara oportunidades, falhou na eficácia, ficou a anos-luz do que pode fazer. Pelo contrário, com brio e entreajuda, sempre valendo como um todo de onde sobressaem boas individualidades, o Nacional soube aguentar a pressão, tentou soltar-se, sobretudo com lançamentos para Orlando Sá, até se colocar em vantagem. A partir daí, com o golo de Luiz Alberto, tudo pendeu para os madeirenses.
O Benfica, escaldado pelas duas derrotas nos dois jogos oficiais que realizou, fez soar o alarme. Tentou reagir, ser mais eficaz, empatar rapidamente. Mas fez tudo em esforço. Sentindo-se mais confortável, o Nacional, letal nas oportunidades de golo que teve, alargou a vantagem. E aqui, sim, Roberto é o maior réu. O guarda-redes espanhol do Benfica permitiu que um cabeceamento em balão de Luís Alberto batesse na trave e saltasse para junto da sua baliza. Orlando Sá apenas encostou.

Com dois golos de desvantagem, atacado na sua fortaleza, cedendo espaços onde costumava ser imperial, o Benfica não mais teve capacidade para discutir o jogo. Jorge Jesus lançou Franco Jara, Nuno Gomes, acabou com toda a artilharia em frente à baliza de Rafael Bracali. Não teve nunca a velocidade e a capacidade de explosão que caracterizaram o Benfica do ano passado, voltou a contar com Fábio Coentrão guerreiro e inconformado, foi descendo de produção e a falta de pontaria revelou-se fundamental - pode, ainda, queixar-se de uma grande penalidade que Pedro Proença deixou passar em claro. O Nacional, jogando com as suas armas, foi feliz, aproveitou os erros alheios e ganhou com mérito. Apenas sofreu no último suspiro, num tiro de Carlos Martins. O sucesso madeirense começou precisamente onde ruíram as aspirações do Benfica: na baliza. Fica a confirmação de que o campeão nacional está mal. E, mais do que isso, ainda nem se encontrou nesta época.

4 comentários:

Anónimo disse...

já que quer ser Jornalista, gostava de um trabalho de investigaçao

porque a contrataçao do Roberto pelo vieira, quando o Jesus queria o Eduardo ou o Victor ?

que se passa com Jesus ? anda desanimado ? Rui Costa o mesmo, foi encostado pelo vieira ? e os jogadores ? Cardozo ? Luisao ? estao contrariados? urreta e Miguel Vitor emprestados ?

de resto mais uma boa crónica, melhor que jornais especializados
Uma analise individual de jogadores seria bemvinda

o mesmo anónimo de sempre :)

Pedro disse...

O Roberto é fraco mas está a servir de bode expiatório para justificar o fracasso desta equipa. O Benfica não tem extremos, só o Coentrão é que desiquilibra. O Aimar da desaparecido, o Cardozo uma nódoa, o Peixoto o costume. Acho que há muitos jogadores que queriam sair após o mundial e como foram campeões o ano passado já fizeram o que tinham a fazer no Benfica. Vamos ver se a motivação não esmorece e não começam a surgir problemas como aconteceu no Sporting.

Anónimo disse...

Pedro, também temo que problemas apareçam com esta onda de maus resultados e mau futebol...
Ainda bate o Jesus com a porta, ou mesmo o Rui Costa, saltam os jogadores para a imprensa a contar o mau ambiente que se sente por aqueles lados...

anónimo,
tenho que arranjar um nome para aqui

JornalSóDesporto disse...

Este Benfica voltou aos erros do passado pois comprou por comprar e esbanjar pois o Jesus tem a mania que tudo que lhe chega ele faz craque mas não é bem assim além disso o jogador tem de ter qualidade para isso além do mais os jogadores pensam que são os maiores só por serem campeões e se o Luisão está a mais vá embora além disso o ir buscar jovens tem coisas destas pois não se pode querer ter uma equipa vender e ter craques.