COMENTÁRIO
Ponto prévio: o Sp.Braga ultrapassou o Sevilha, uma equipa emergente no último século, deu asas ao sonho em casa e esticou o estado de graça fora, resistindo a tudo, para se confirmar como a quinta equipa portuguesa a ganhar um lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões. Mostrou-se ao Mundo, completou mais uma etapa do seu crescimento, tão grande e contínuo nas últimas épocas, conseguiu deixar para trás um adversário de peso, incomparavelmente superior em termos de orçamento e de estrelas, acreditado, bem acima do Celtic de Glasgow que os bracarenses destroçaram na eliminatória antes de chegar ao playoff. O Sevilha cai com estrondo, sem mostrar a sua valia, surpreendendo, mas claramente merecida a passagem do Sp.Braga, a realização de um sonho de uma vida com uma oportunidade única, que se conseguiu superiorizar nos dois jogos disputados. Lutaram, procuraram a sorte e ganharam. São guerreiros.
Enfrentando o inferno do Ramón Sánchez Pizjuán, ruidoso e escaldante, o Sp.Braga esperou pela maior iniciativa do Sevilha, em busca de um golo capaz de empatar a eliminatória, adaptou-se, jogou recuado, travou o adversário e procurou a sua sorte. Colocar-se demasiado preso ao resultado do primeiro jogo, apenas querendo guardar a vantagem tangencial conquistada, seria contra-natura, animaria o Sevilha, favorecendo os seus maiores atributos individuais, sendo um risco excessivamente alto para correr. O tempo seria sempre um aliado do Sp.Braga. A equipa teria de estar tranquila, imune, concentrada como nunca. A pressão toda no lado do Sevilha, vida ou morte na roleta, tudo para chegar à frente e confirmar maior capacidade no relvado. Em Braga, a equipa espanhola apenas durara uma parte. Pressionou, foi incisiva, mas viu os desejos travados pela muralha do Sp.Braga. Desorientou-se, sofreu e perdeu com justiça.
Marcar aos trinta, aumentar perto dos sessenta e respirar aos noventa. O triângulo de sorte para o Sp.Braga resultou em Sevilha, da mesma forma que resultara na primeira mão, mantendo os protagonistas, apelando a uma pontaria mortífera e infalível, para encontrar os caminhos da tranquilidade na eliminatória: remate forte de Paulo César, defesa incompleta de Andrés Palop e recarga letal de Matheus. Com poucos toques, sem rendilhados, mantendo os intérpretes de Braga mas agora contando com uma involuntária ajuda do guarda-redes espanhol, o Sp.Braga aumentou a vantagem à meia-hora, confirmou a sua capacidade, marcou fora, o que é fundamental, dando um passo decisivo rumo ao seu objectivo. Quebrou-se a desconfiança, Sevilha gelou, os guerreiros, que já haviam resistido ao assalto adversário, colocaram-se na frente. Caiu do céu? Um pouco, sim, porque Palop não fora chamado a intervir. É eficácia.
Dois golos de atraso, com a sua fortaleza caseira desfeita, em apuros cada vez maiores e numa luta contra o tempo: eis o Sevilha, a equipa da moda nas últimas temporadas com bons resultados em Espanha e conquistas europeias, dizimada pelo Barcelona há poucos dias depois de um triunfo na primeira mão da Supertaça espanhola, encarando o jogo com o Sp.Braga, em sua casa, para reescrever a história, passar uma borracha sobre a primeira partida do playoff e voltar a marcar presença na Liga dos Campeões. Com tudo a seu favor, ainda com trunfos por jogar, o Sp.Braga fechou-se, deixou de procurar explorar a defesa sevilhana e concentrou-se nas tarefas defensivas. Deu boa conta, respondeu com acerto, travou o ímpeto espanhol. Domingos Paciência trocou Luis Aguiar por Lima no reinício, procurou manter a equipa com ritmo alto, tentou evitar quebra. O brasileiro foi o joker que faltava. Marcou logo após.
O golo de Lima, num desvio após um cruzamento de Matheus, veloz e endiabrado, deixou o Sevilha em maus lençóis, lançou o Sp.Braga, cada vez mais pujante e confiante, abrindo aos poucos as portas da Liga dos Campeões. Não houve, contudo, tempo para o interiorizar: os sevilhanos, feridos no seu orgulho, lançaram-se para o ataque, Luís Fabiano tentou um remate, a bola não saiu com muita força mas foi suficiente para deixar Felipe pelo caminho e entrar. Num erro individual, presente em qualquer parte, o Sevilha reduziu a desvantagem e, mesmo sabendo ter uma tarefa quase heróica pela frente, ganhou um novo alento. António Alvaréz procurou fazê-lo a partir do banco. José Carlos acertou na trave, Kanouté cabeceou ao lado e, minutos depois, ainda obrigou Felipe a uma bela intervenção. Domingos Paciência, apercebendo-se do crescimento do Sevilha, trocou Paulo César por Paulão. Guardar o ouro: não há que o esconder.
O jogo entrou nos últimos dez minutos. Loucos, frenéticos, memoráveis. Jesús Navas, já depois de José Carlos e Luís Fabiano terem deixado ameaças, empatou. De novo, como no primeiro golo, numa falha individual: Elderson, agora, na pele de réu. A resposta não tardou, chegou no minuto seguinte, servindo o mesmo veneno que o Sevilha à hora de jogo, Lima, aposta acertada e feliz de Domingos Paciência, bisou, aproveitando uma falha colectiva da equipa espanhola. As dúvidas dissiparam-se: o Sp.Braga estaria, mais golo ou menos golo, na Liga dos Campeões. Nada o travaria. A cereja no topo do bolo, com a massa confeccionada por Matheus e sabor a Lima, foi colocada pelo ex-jogador do Belenenses, hat-trick em boa hora, colocando a bola entre Palop e o poste. Kanouté, para salvar a honra do Sevilha, reduziu de cabeça, outra vez numa desatenção bracarense, fixando o resultado final. O Sp.Braga, enfim, pôde respirar e sorrir.
Ponto prévio: o Sp.Braga ultrapassou o Sevilha, uma equipa emergente no último século, deu asas ao sonho em casa e esticou o estado de graça fora, resistindo a tudo, para se confirmar como a quinta equipa portuguesa a ganhar um lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões. Mostrou-se ao Mundo, completou mais uma etapa do seu crescimento, tão grande e contínuo nas últimas épocas, conseguiu deixar para trás um adversário de peso, incomparavelmente superior em termos de orçamento e de estrelas, acreditado, bem acima do Celtic de Glasgow que os bracarenses destroçaram na eliminatória antes de chegar ao playoff. O Sevilha cai com estrondo, sem mostrar a sua valia, surpreendendo, mas claramente merecida a passagem do Sp.Braga, a realização de um sonho de uma vida com uma oportunidade única, que se conseguiu superiorizar nos dois jogos disputados. Lutaram, procuraram a sorte e ganharam. São guerreiros.
Enfrentando o inferno do Ramón Sánchez Pizjuán, ruidoso e escaldante, o Sp.Braga esperou pela maior iniciativa do Sevilha, em busca de um golo capaz de empatar a eliminatória, adaptou-se, jogou recuado, travou o adversário e procurou a sua sorte. Colocar-se demasiado preso ao resultado do primeiro jogo, apenas querendo guardar a vantagem tangencial conquistada, seria contra-natura, animaria o Sevilha, favorecendo os seus maiores atributos individuais, sendo um risco excessivamente alto para correr. O tempo seria sempre um aliado do Sp.Braga. A equipa teria de estar tranquila, imune, concentrada como nunca. A pressão toda no lado do Sevilha, vida ou morte na roleta, tudo para chegar à frente e confirmar maior capacidade no relvado. Em Braga, a equipa espanhola apenas durara uma parte. Pressionou, foi incisiva, mas viu os desejos travados pela muralha do Sp.Braga. Desorientou-se, sofreu e perdeu com justiça.
Marcar aos trinta, aumentar perto dos sessenta e respirar aos noventa. O triângulo de sorte para o Sp.Braga resultou em Sevilha, da mesma forma que resultara na primeira mão, mantendo os protagonistas, apelando a uma pontaria mortífera e infalível, para encontrar os caminhos da tranquilidade na eliminatória: remate forte de Paulo César, defesa incompleta de Andrés Palop e recarga letal de Matheus. Com poucos toques, sem rendilhados, mantendo os intérpretes de Braga mas agora contando com uma involuntária ajuda do guarda-redes espanhol, o Sp.Braga aumentou a vantagem à meia-hora, confirmou a sua capacidade, marcou fora, o que é fundamental, dando um passo decisivo rumo ao seu objectivo. Quebrou-se a desconfiança, Sevilha gelou, os guerreiros, que já haviam resistido ao assalto adversário, colocaram-se na frente. Caiu do céu? Um pouco, sim, porque Palop não fora chamado a intervir. É eficácia.
Dois golos de atraso, com a sua fortaleza caseira desfeita, em apuros cada vez maiores e numa luta contra o tempo: eis o Sevilha, a equipa da moda nas últimas temporadas com bons resultados em Espanha e conquistas europeias, dizimada pelo Barcelona há poucos dias depois de um triunfo na primeira mão da Supertaça espanhola, encarando o jogo com o Sp.Braga, em sua casa, para reescrever a história, passar uma borracha sobre a primeira partida do playoff e voltar a marcar presença na Liga dos Campeões. Com tudo a seu favor, ainda com trunfos por jogar, o Sp.Braga fechou-se, deixou de procurar explorar a defesa sevilhana e concentrou-se nas tarefas defensivas. Deu boa conta, respondeu com acerto, travou o ímpeto espanhol. Domingos Paciência trocou Luis Aguiar por Lima no reinício, procurou manter a equipa com ritmo alto, tentou evitar quebra. O brasileiro foi o joker que faltava. Marcou logo após.
O golo de Lima, num desvio após um cruzamento de Matheus, veloz e endiabrado, deixou o Sevilha em maus lençóis, lançou o Sp.Braga, cada vez mais pujante e confiante, abrindo aos poucos as portas da Liga dos Campeões. Não houve, contudo, tempo para o interiorizar: os sevilhanos, feridos no seu orgulho, lançaram-se para o ataque, Luís Fabiano tentou um remate, a bola não saiu com muita força mas foi suficiente para deixar Felipe pelo caminho e entrar. Num erro individual, presente em qualquer parte, o Sevilha reduziu a desvantagem e, mesmo sabendo ter uma tarefa quase heróica pela frente, ganhou um novo alento. António Alvaréz procurou fazê-lo a partir do banco. José Carlos acertou na trave, Kanouté cabeceou ao lado e, minutos depois, ainda obrigou Felipe a uma bela intervenção. Domingos Paciência, apercebendo-se do crescimento do Sevilha, trocou Paulo César por Paulão. Guardar o ouro: não há que o esconder.
O jogo entrou nos últimos dez minutos. Loucos, frenéticos, memoráveis. Jesús Navas, já depois de José Carlos e Luís Fabiano terem deixado ameaças, empatou. De novo, como no primeiro golo, numa falha individual: Elderson, agora, na pele de réu. A resposta não tardou, chegou no minuto seguinte, servindo o mesmo veneno que o Sevilha à hora de jogo, Lima, aposta acertada e feliz de Domingos Paciência, bisou, aproveitando uma falha colectiva da equipa espanhola. As dúvidas dissiparam-se: o Sp.Braga estaria, mais golo ou menos golo, na Liga dos Campeões. Nada o travaria. A cereja no topo do bolo, com a massa confeccionada por Matheus e sabor a Lima, foi colocada pelo ex-jogador do Belenenses, hat-trick em boa hora, colocando a bola entre Palop e o poste. Kanouté, para salvar a honra do Sevilha, reduziu de cabeça, outra vez numa desatenção bracarense, fixando o resultado final. O Sp.Braga, enfim, pôde respirar e sorrir.
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