terça-feira, 13 de julho de 2010

Minha África: O Onze do Mundial e os tentáculos do polvo

Terminou a festa, glória aos vencedores e honra aos vencidos,. Está na hora de fazer descer o pano e eleger os artistas deste Mundial 2010, mas os verdadeiros, os que nunca se escondem e não arranjam desculpas com uma época cansativa para não emergirem num palco que deveria ser o seu e deveria consagrar os melhores. Quem tem classe emerge naturalmente, porque a classe é inata, está nos genes e esses não desaparecem. Dos eternos "chorões", dos que nunca aparecem nestas ocasiões e, como se costuma dizer com propriedade, dos fracos não reza a história.

Guarda-Redes
Casillas: O meu guarda-redes do Mundial. Classe e frieza. Respondeu sempre sim no momento certo: penalty de Cardozo nos oitavos, defesas soberbas a remates de Kroos e Klose nas meias-finais e as defesas a negar dois golos a Robben na final, são as tais que valem pontos e títulos. Casillas é seguramente um dos melhores do Mundo e com grande coração, não é menina Carbonero?
Destaques: Eduardo (Portugal), Stekelenburg (Holanda) e Enyeama (Nigéria).

Defesa Direito
Sérgio Ramos: Raça, velocidade, excelente a cruzar e muita técnica. Quando se falava na possibilidade de o fazer regressar ao seu lugar de origem (central) para ir buscar Maicon, a resposta do defesa espanhol foi eloquente: "está é a minha posição". Mourinho viu, gostou e, como Maicon é caro, já pensa num central para o Real.
Destaques: Maicon (Brasil) e Philippe Lahm (Alemanha).

Defesa Esquerdo
Fábio Coentrão: Que me perdoem todos os outros, mas o "caxineiro" fez um Mundial de sonho. Bem no desarme mas foi a construir que mais se notabilizou. Velocidade, técnica, capacidade de iniciativa e perfeitamente desinibido perante os mais temidos extremos. Melhorando a capacidade de cruzamento em velocidade será seguramente um dos melhores laterais do Mundo.
Destaques: Van Bronckhorst (Holanda) e Boateng (Alemanha).

Defesas Centrais
Piqué e Friedrich: Não serão certamente os mais consensuais e outros haverá que caberiam nesta escolha. Alguns deles estarão nos destaques, mas estes dois centrais complementam-se e são seguramente dos mais seguros: um, o espanhol, pela sua juventude e irreverência, o outro, alemão, pela sua experiência. Fortes na marcação, bom jogo aéreo (defensivo e ofensivo), saem com bola e entregam bem.
Destaques: Puyol (Espanha), Tanaka (Japão) e Lúcio (Brasil).

Médios
Não segui qualquer cânone para fazer este meio-campo segundo as normas posicionais. Os meus eleitos não têm posição no terreno, não ocupam seguramente as posições que devem ocupar, são eleitos porque independentemente dos lugares, foram os melhores no Mundial.

Xavi, Iniesta e Sneijder: Predestinados que sabem como tratar a bola com carinho e desvelo. Tecnicistas puros, inventores de espaços até quando eles não existem, passes de ruptura que dão golos e letais na finalização. Xavi e Sneijder aliam ainda a qualidade na marcação de livres. Os três desmentem na perfeição o dogma que os jogadores das grandes equipas chegam exaustos às fases finais de Mundial ou Europeu. Pode haver excesso de jogos mas quem tem classe...
Destaques: Khedira e Schweinsteiger (Alemanha), Busquets (Espanha) e Honda (Japão).

Avançados
Muller: Tem o treze nas costas. Não é Gerd, mas é Thomas e é igualmente melhor marcador de uma fase final de um Mundial. O Gerd foi campeão do mundo, o Thomas não, mas vai no bom caminho para o conseguir. Foi consagrado, muito justamente, como o melhor jovem jogador.
Villa: Não é um avançado puro, não e um predador da área, mas inventa espaços para fazer funcionar o seu pontapé certeiro. Técnica e muita entrega de um avançado que foi dos melhores marcadores do torneio e já o havia sido no Euro 2008. As coisas não acontecem por acaso.
Forlán: Grande época a nível colectivo e individual. Letal na área a finalizar ou a marcar livres, o Atlético e o Uruguai a ele devem uma grande parte do sucesso nesta época. Não vou cair no exagero de dizer que levou o Uruguai às costas, a selecção celeste valeu pelo seu colectivo, mas fica provado que mesmo num grande colectivo há lugar para as estrelas aparecerem. Forlán é uma estrela refulgente, não cadente.
Destaques: Klose (Alemanha), Robben (Holanda), Suaréz (Uruguai) e Gyan (Gana).

Lugar ainda para falar de alguns cromos deste Mundial. Em primeiro lugar o mais mediático.
Paul, o Polvo: A figura mais mediática do futebol jogado fora das quatro linhas. É um polvo igual a tantos outros, oito tentáculos a sair-lhe da cabeça, movimenta-se de modo pachorrento, mas este tem a particularidade de saber comer o mexilhão no sítio certo. Acertou sempre, mesmo na vitória da Sérvia contra a Alemanha, nas previsões que fez. Ganhou lugar na história dos Mundiais e o direito a fugir ao destino dos seus iguais - acabar cozido ou a acompanhar um belo arroz.

Vuvuzelas: Foram usadas e sopradas a esmo. Irritaram a maior parte dos adeptos, jogadores, treinadores e espectadores televisivos. Levaram a que os canais televisivos inventassem métodos de reduzir o "barulho de enxame", mas levaram as sopradelas até ao jogo final. A FIFA não quis hostilizar o primeiro país africano a receber a competição, optando por fazer "orelhas moucas".

Larissa Riquelme: Há sempre uma beldade que é mais mediatizada que todas as outras, ou pelo que faz, pelo que diz ou pelo que promete. Esta prometeu despir-se caso a sua selecção (Paraguai) atingisse as meias-finais. Agora, promete fazê-lo na mesma, só não disse quando, para premiar a boa prestação da Albirroja no Mundial. Ganhou mediatismo, ganhou um patrocínio da AXE e lançou nova moda de guardar o telemóvel. Mas acreditem que, quer quer o patrocínio, quer o lugar para o telemóvel, não está ao alcance de todos. É tudo uma questão de peito.

Um abraço, obrigado por me aturarem durante este último mês e até um dia destes.

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