terça-feira, 15 de junho de 2010

Minha África: Bater de "trombas" nos muros defensivos

"Quem não tem cão, caça com gato". Ditado popular que serve na perfeição para explicar as dificuldades que Portugal e Brasil tiveram para ultrapassar as barreiras defensivas colocadas pelos adversários. Mas perante barreiras defensivas, não tanto por parte dos "elefantes" africanos, para não correr o risco de bater de "trombas" no muro levantado à sua frente, tem que se correr riscos e dar mais velocidade de execução ao futebol ofensivo da equipa. Foi o que não fez Portugal durante todo o jogo e o que o Brasil não fez nos primeiros quarenta e cinco minutos.

Tudo em aberto no Grupo G, o denominado da morte, e Portugal tem tudo para poder seguir em frente, precisa de vencer uma equipa coreana que só pensa em defender e deixa o ataque para a sua vedeta Tae Se. Esperemos que Carlos Queiroz tenha tirado ilações, não só do jogo que Portugal não fez perante a Costa do Marfim, mas sobretudo que tenha observado como se deve ultrapassar uma equipa voluntariosa, mas ingénua como a coreana. Rapidez de execução e de pensamento, velocidade nas alas e médios rompedores, e os três pontos estarão no bornal na próxima jornada.

Catorze jogos realizados e seis empates, elucidativo das cautelas existentes nos jogos da primeira jornada, onde impera mais o medo de perder do que a vontade de vencer.

Costa do Marfim-Portugal (0-0): Mais vale um na mão, que três a voar

Carlos Queiroz queixava-se das intenções meramente defensivas de Eriksson, mas não deixou de afirmar que Portugal também não arriscou, por ter receio de se desguarnecer defensivamente perante o contra-ataque africano. Por isso imperou a ideia que era melhor um pontinho que ver os três a voar. O que nos deu o jogo?

Uma Costa do Marfim bem posicionada no seu meio-campo, com os seus três atacantes a defender na linha de meio-terreno, obrigando a equipa portuguesa a lateralizar jogo e a não conseguir meter bola nos médios criativos, que ainda por cima executavam com desesperante lentidão. Com isso Portugal era obrigado a receber bola de costas para a baliza contrária e sabe-se como é difícil conquistar espaços nessas condições, perante uma equipa que defende bem. Nas únicas vezes que Portugal, na primeira parte, conseguiu executar de frente para a baliza contrária, teve um remate ao poste (pontapé soberbo do meio da rua aos 10'), um bom passe de Deco a solicitar Liedson e outro de Raul Meireles a pedir remate a Danny. Portugal sentiu mais dificuldades, porque os africanos foram fisicamente mais fortes, chegaram invariavelmente primeiro aos lances divididos. Portugal nunca chegou à linha de fundo para cruzar, a única vez que o fez, Deco "pediu" a Liedson um bom cabeceamento.

Está tudo em aberto, o empate não foi bom, mas não é o fim do mundo. A exibição portuguesa não foi muito diferente do que fez ao longo da qualificação e da fase de preparação, tudo q.b. e sem grande brilhantismo, muito até na base do sofrimento. Por que estavam os portugueses à espera de uma exibição diferente?

Brasil - Coreia do Norte (2-1): Conservadorismo de Dunga

O jogo do Brasil foi decepcionante perante uma equipa que só tem uma preocupação: defender e tentar o golpe de sorte com Tae Sae. O Brasil foi parco de ideias e imprimiu uma grande lentidão ao seu jogo ofensivo e quase nunca conseguiu os desequilíbrios no meio-campo contrário, salvo as iniciativas individuais de Robinho. Perante uma equipa a jogar em 5x3x2, por que carga de água Dunga manteve dois médios de características defensivas (Gilberto Silva e Felipe Melo) e um lateral com medo de atacar (Michel Bastos)? Nem mesmo na segunda parte mudou os jogadores e o esquema, só aumentou um pouco a velocidade dos jogadores a jogar com e sem bola e assim arranjou os espaços que nunca teve na primeira parte. Venceu o Brasil mas não convenceu. Dunga vai "levar nas orelhas" perante o seu conservadorismo e perante equipas mais agressivas e ofensivas, a "canarinha" vai ter que valer bem mais.

2 comentários:

Mattos disse...

Brasil deixou contra uma das equipas mais fracas deste Mundial alguns sinais de bom futebol...
Portugal deixou a imagem à QUEIROZ....pouca chama e apenas alguns fogachos ante a melhor selecção Africana da actualidade.

Mattos...paixaodabola.blogspot.com

JornalSóDesporto disse...

Portugal demasiado apático.