sexta-feira, 19 de março de 2010

Liga Europa: Fim de linha, leão!...

COMENTÁRIO

Jogando com dez durante uma hora, na casa do adversário, o nulo conseguido pelo Sporting, em Madrid, foi positivo. Permitia-lhe resolver a eliminatória em casa, onde se poderia tornar mais forte e discutir o jogo com as mesmas armas. Contudo, obviamente, não se trata, nem pouco mais ou menos, de um resultado confortável, pois, em contraste com as vantagens naturais de quem joga em casa, há o perigo de sofrer um golo que possa ser fatal na resolução final. O Atlético de Madrid não é nenhum papão, está em décimo no campeonato espanhol, mas é capaz do melhor e do pior num curto espaço, tanto consegue bater o Barcelona como logo de seguida escorrega frente ao Almería. O Sporting tinha motivos para acreditar, está no seu auge nesta temporada, a equipa respira confiança. Mas, atenção, eles têm um ataque invejável.

O Atlético de Madrid é uma equipa anárquica por natureza. Para além desse ataque poderoso, com Forlán, Simão e, sobretudo, Aguëro, os colchoneros têm uma defesa permeável, demasiadamente permeável para quem pretende ter sucesso. O Sporting, à última hora sem Marat Izmailov, um jogador fundamental na recuperação da equipa, teria de ser pressionante, incisivo no ataque para que fizesse tremer a zona defensiva do Atlético. Só assim, explorando até ao tutano o ponto fraco do rival, poderia ser bem sucedido. E assumir o jogo, sem receios, para mostrar que os espanhóis podem ser vencidos sem que isso seja algo sobrenatural. Porém, com uma defesa remendada: sem Tonel e Grimi, expulsos em Madrid, e com Daniel Carriço lesionado, jogaram Polga, Caneira e Pedro Silva. Segundas opções na ribalta para um jogo vital.

O ideal de o Sporting se assumir como empreendedor, assentando o seu jogo e tentando abrir brechas na defesa contrária, ficou pelo papel. Na prática, a equipa leonina foi obrigada a correr atrás do prejuízo, em jogo com dificuldades redobradas. Kun Aguëro, um craque com talento genuíno à solta em Alvalade, foi o responsável: marcou ao terceiro minuto, deixou os leões feridos e com a obrigação de ter de marcar dois golos para seguir em frente. Haveria pior início? Não, decerto. O Sporting demorou a reagir, precisou de explanar as suas capacidades, mas fê-lo com êxito. Saleiro encarou com Álvaro Domínguez e cruzou largo para o golo de Liedson. Uma sociedade perfeita, empate restabelecido. Era preciso mais, contudo. O Atlético estava bem, criando perigo, ameaçava com Aguëro, porém tremia na sua defesa. É um problema antigo.

Trinta e três minutos, exactamente meia-hora depois do primeiro golo, El Kun voltou a ser desmancha-prazeres: entrou na área leonina, finta para aqui e para ali, remate certeiro perante Rui Patrício. Nova desvantagem, de novo o Sporting necessitado de dois tentos, tarefa árdua, grande passo madrileno para a passagem. Mas ninguém pensou em desistir. Ainda havia tempo para tudo. Na última jogada antes do intervalo, Miguel Veloso cobrou um livre e, com um desvio subtil, Polga encostou para a baliza de De Gea. Empate alcançado. Outra vez. O Sporting regressou com força do descanso, viveu o seu melhor período, arriscou e teve oportunidades para ser feliz. Faltou-lhe aproveitamento, usou mais o coração do que a cabeça. O tempo passou, os leões sentiram uma quebra, as forças para ganhar foram diminuindo. O Atlético tivera um génio, agora tinha o relógio do seu lado...

1 comentário:

Jornal Só Desporto disse...

O Sporting nunca devia ter sofrido aquele golo tão cedo de Aguero.