terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Liga Sagres: Três exércitos para todas as batalhas

ANÁLISE

Agora líder, a ideia do Benfica, ao antecipar o jogo da vigésima jornada, passa por carregar os ombros dos rivais e manter-se leve como uma pluma. Querer fazer algo demasiadamente pressionado, em geral, dá mau resultado. Na prática, contudo, o resultado não foi totalmente bom: se é verdade que essa margem que o Benfica conquistou, graças ao triunfo com o União de Leiria, lhe vale o primeiro lugar, em Setúbal, ante o Vitória, deu a ideia de que os maiores pressionados eram mesmo os encarnados. Sp.Braga e FC Porto aproveitaram e estão mais perto. Os bracarenses conseguiram uma vitória memorável no Restelo (1-3), os portistas passaram a Naval. O Sporting, depois da recuperação, entrou novamente numa fase de grande atribulação.

A águia encontrou turbulência no seu vôo. Em Setúbal, para o Vitória, era uma questão de brio: os 8-1 da primeira volta, a demolição total de uma equipa sadina na Luz, estava ainda bem presente. Este Benfica não está tão avassalador como então, nem o Vitória tão débil, mas são bem evidentes as desigualdades existentes entre ambos. Por esta altura, os encarnados jogam um futebol consistente, os sadinos têm a garra de Manuel Fernandes. Em Setúbal, porém, os benfiquistas tropeçaram. Faltou inspiração, sobretudo. O Vitória tem mérito na forma como reduziu o espaço de acção do Benfica, impedindo que a qualidade individual sobressaísse. Foi feliz, também, sobretudo da forma como empatou - um lance incrível de David Luiz. E no final: Cardozo teve o golo nos pés, numa grande penalidade, a vitória ficou na barra.

Uns guerreiros que suportam tudo. Queriam testar a resistência do Sp.Braga? O Restelo foi, então, um grande teste à capacidade minhota: primeiro jogo do campeonato sem Vandinho e Mossoró, pressionados por olharem para cima e, agora, terem o Benfica à frente. Os encarnados têm mais um jogo, mas empataram no Bonfim. Ao Sp.Braga, Domingos já o tinha dito, o escorregão dos encarnados era mais um estímulo. As dificuldades, contudo, aumentaram: uma grande penalidade e uma expulsão, de Moisés, aos quinze minutos. Eduardo agigantou-se, atirou as pretensões do Belenenses para bem longe dali. Mais: foi o mote para uma vitória categórica, repleta de cinismo e com uma eficácia quase total. As grandes equipas crescem assim. Está aí, bem à vista, a prova cabal de força vinda dos bracarenses.

No Dragão, no jogo da Taça de Portugal, o FC Porto atingiu o pico exibicional desta temporada: subjugou o Sporting, teve domínio total do jogo, deu pouco espaço de manobra aos leões e juntou-lhe os golos. Na recepção à Naval, ninguém esperaria que os portistas voltassem a jogar futebol de alto nível. Aliás, o próprio adversário, uma equipa que joga habitualmente fechada e faz da coesão defensiva a sua maior arma, não o permitiria. Frente aos figueirenses, era necessário um jogo paciente e prático. Tomás Costa abriu o marcador, deu tranquilidade ao FC Porto, encaminhou a vitória, obrigou a Naval a arriscar algo. Os dragões ganharam 3-0. Com todo o mérito. Falcao, um finalizador letal, fez o golo da praxe. Varela colocou a cereja no topo do bolo, já em cima do final. O dragão está em recuperação da chama.

Pela terceira vez consecutiva, o leão bateu com estrondo. O adeus há muito anunciado ao título confirmou-se em Braga, na ronda anterior. Pelo meio, até este jogo com a Académica, o Sporting acabou derrotado, no Dragão, para a Taça, por números gordos. Importava, por isso, no regresso a Alvalade ultrapassar essas duas derrotas, recuperar a série vitoriosa e fazer tréguas na relação atribulada com os adeptos. Jogou sob brasas. No terceiro minuto, num erro de Rui Patrício que ecoou nas bancadas, os estudantes colocaram-se em vantagem. O Sporting conseguiu chegar ao empate, criou oportunidades para passar para a frente, levou a Académica a recuar para o seu último reduto. Instalou-se no ataque. Perdida de bola, contra-ataque supersónico, novo golo da equipa de Villas Boas. Mais do que isso: outra machadada no Sporting.

Abriu-se a possibilidade, para o União de Leiria, beneficiando da derrota do Sporting, de ultrapassar os leões e subir ao quarto lugar, mas os leirienses saíram derrotados, por 1-0, dos Barreiros (o Marítimo está, agora, a somente um ponto da equipa de Lito Vidigal). Na luta pelos lugares europeus, o Vitória de Guimarães atrasou-se, perdendo, em casa, com o Paços de Ferreira, que, ao invés, consegue um suplemento de confiança para a luta pela manutenção - os vimaranenses levam três jogos sem vencer. O Leixões mantém-se nos lugares de descida, após ter sido vencido em Vila do Conde, por 2-0, com dois golpes de génio de Bruno Gama (um jogo que culminou no abandono de José Mota dos leixonenses). O Olhanense conseguiu vencer o Nacional, por 1-0, conquistando três pontos preciosos.

2 comentários:

Antonio disse...

Alguém se lembra daquela teoria do inicio da época em que se dizia que o Benfica corria demasiado e não aguentaria a época toda sem dar o estouro..

As últimas exibições, uma derrota hoje e um deslize nas próximas jornadas podem começar a dar razão a quem a defendia..

Ontem li que o David Luiz tem vindo a jogar com dores... O Jesus já ouviu falar em rotação da equipa e em suplentes?

Jornal Só Desporto disse...

Bom Artigo.