domingo, 20 de setembro de 2009

Guerreiros que enfrentaram o dragão

O resultado primeiro que tudo: o Sp.Braga venceu, graças a um golo de Alan, o FC Porto. E fê-lo com toda a justiça, completando assim uma série extraordinária de cinco vitórias noutros tantos jogos. Foi a única equipa a consegui-lo, aliás, e defrontou já dois crónicos candidatos ao título - antes do campeão, havia ganho em Alvalade, ao Sporting. A proeza é, contudo, ainda maior porque os portistas não perdiam, para o campeonato, desde o primeiro dia de Novembro do ano anterior. O mote já tinha sido dado, pelos adeptos minhotos, alguns minutos antes do início da partida. Abram alas para o líder era a mensagem que se podia ler numa enorme tarja bem erguida.

Os jogadores, feitos em reais guerreiros que não viram a cara à luta, fizeram uma ligação perfeita com os adeptos e partiram em busca da História. O Sp.Braga, curiosamente desde os tempos de Jesualdo Ferreira, que pretende fixar-se como o quarto grande clube nacional, intrometendo-se entre os candidatos ao título. O início desta temporada, com a precoce eliminação europeia, não correspondeu com o que era expectável pelos arsenalistas. Chegou, inclusive, a ser questionado o trabalho de Domingos Paciência. A essa queda seguiu-se, porém, uma série de cinco jogos sempre a vencer no campeonato. Sem receios e cheio de vontade de ganhar, é assim que se apresenta este Sp.Braga.
Alan e Eduardo, os dois aniversariantes do dia, foram os grandes protagonistas: um marcou, o outro guardou o triunfo.

Se de um lado estiveram onze guerreiros, do outro esteve uma equipa irreconhecível. Um FC Porto esquisito, trepidante e demasiado errático. Enfim, foi uma antítese perfeita do adversário. Em apenas cinco dias, os tetracampeões nacionais sofreram duas derrotas: ambas pela margem mínima, primeiro frente ao Chelsea, e agora em Braga. Em relação a esse jogo de Londres, Jesualdo Ferreira trocou Mariano e Rodríguez por Varela e Falcao, habitualmente titulares, mas nem por isso o FC Porto conseguiu criar muitos lances de golo eminente. Faltou, tal como na terça-feira, criatividade. O treinador, devido a essas mudanças em Stamford Brigde, havia recebido algumas críticas.

No meio-campo dos portistas, no entanto, voltou a estar Guarín, depois de surpreendentemente titular na jornada europeia. Se esteve bem nessa partida, a verdade é que o colombiano é muito mais talhado para tarefas defensivas do que propriamente para construir futebol ofensivo. O FC Porto, sem Belluschi e com Guarín, perde essa tal imaginação de que se fala. Em Braga, ainda com o jogo empatado, Jesualdo Ferreira colocou Rodríguez e Farías, em detrimento de Meireles e Falcao, para se juntarem a Hulk e Varela na frente de ataque. A equipa ficou anárquica, com Fernando e Guarín no meio, sem capacidade de levar a bola até aos homens da frente. Não estranhou, portanto, que Bruno Alves tenha terminado a ponta-de-lança...

Não pense, leitor, que o FC Porto perdeu apenas por acção de um ou outro jogador. Perdeu porque nunca se encontrou como equipa e, mais importante do que isso, enfrentou um Sp.Braga concentradíssimo e perfeito a nível táctico - Domingos levou, de novo, a melhor sobre Jesualdo, repetindo o resultado de 2007, quando treinava o União de Leiria. Nem individualmente, sequer, os jogadores portistas conseguiram fazer a diferença. Ficamos com alguma vergonha, afirmou o técnico portista na sala de imprensa - como é o futebol... ainda na passada semana, o FC Porto fizera uma partida muito bem conseguida frente ao Leixões que lhe valeu elogios. Mais de dez meses depois, uma derrota do campeão voltou a ser notícia.

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