sábado, 26 de setembro de 2009

FC Porto-Sporting, 1-0 (crónica)

O DRAGÃO SOUBE VIVER DE UM GOLO MADRUGADOR

Entrada fulgurante, progressiva desaceleração, alguns sustos e vitória. Assim, de forma sintética, se pode resumir a vitória do FC Porto no primeiro clássico da época. Para o Sporting foi precisamente o contrário porque começou mal e ficou sufocado pelo quarto de hora frenético que os portistas tiveram. Sofreram um golo, a frio. Depois, contudo, houve oportunidades para um empate que bem poderia ter acontecido. Na segunda etapa, quando era preciso dar o tudo por tudo em busca do golo, o início voltou a ser fatal. Oito minutos depois do descanso, a equipa ficou reduzida a dez e as esperanças de ainda conseguir a vitória caíram no vazio.

Dois quebra-cabeças, em forma de lesões, que tanto Jesualdo Ferreira como Paulo Bento bem dispensariam, vieram à última hora. Nos portistas, faltou Cristian Rodríguez que seria titular em função da ausência de Varela e traria qualidade e rapidez à frente de ataque. A dupla má notícia, reabriu as portas da titularidade a Mariano González que assim assumiu um lugar nos titulares. Também Belluschi, após um pequeno interregno de dois jogos, se juntou a Fernando e Meireles no meio-campo com vista a dar maior criatividade e magia ao jogo dos dragões. Do lado oposto, Marco Caneira, mais do que provável lateral esquerdo até face à ausência de André Marques, lesionou-se e abriu uma via para o regresso de Grimi, sete meses depois de ter estado pela última vez em campo. De resto, nada de novo.

Chegar o mais rapidamente possível ao golo para depois se tranquilizar. Foi desta forma, com este pensamento, que os jogadores do FC Porto entraram para o relvado do Dragão. Com grande sucesso. Apenas se tinham jogado dois minutos quando os portistas chegaram ao golo. Anderson Polga deixou Falcao voar, livre, para um cabeceamento perfeito que apenas foi travado pelas redes da baliza de Rui Patrício. Não haveria, por certo, início melhor para os portistas se esquecerem das duas últimas derrotas. A equipa galvanizou-se e partiu para quinze minutos de grande categoria. Poderia ter aumentado a vantagem nesse período em que o Sporting ficou verdadeiramente encostado à parede. O xeque-mate esteve a um palmo.

Hulk, agora incrível, à solta no relvado do Dragão

Para isso, muito contribuiu a prestação de Hulk, carregada de grande talento e capacidade de explosão que ele tão bem consegue aliar. Criticado em jogos anteriores por ter sido pouco mais do que inofensivo, o brasileiro resolveu deixar o seu génio à solta. Há, aqui, também mérito de Jesualdo Ferreira por o ter colocado na direita, frente-a-frente com um Grimi que não está, nem pouco mais ou menos, na sua melhor forma física e apenas agora regressou de um período de sete meses fora de competição. Passaram, então, esses quinze minutos de sufoco e o Sporting alcançou, por fim, a baliza de Helton. Vukcevic deixou um aviso e, aos vinte minutos, Matías Fernandéz, após um pormenor soberbo, teve nos pés o golo de empate.

Foi precisamente a partir dessa fase que a partida ficou mais equilibrada. O FC Porto continuou mais perigoso, é certo, mas não o fez de forma tão intensa como no início e os leões ganharam poder de resposta. Por três vezes, o Sporting poderia ter chegado ao golo. A trave devolveu um cabeceamento de Hélder Postiga, naquela que terá sido a situação mais perigosa dos sportinguistas, Helton teve uma defesa in extremis e Vukcevic acertou nas malhas laterais. Pelo meio, para colocar tudo em sentido, Bruno Alves obrigou Rui Patrício, cada vez mais uma figura de proa, a uma extraordinária defesa. O intervalo chegou no melhor momento do Sporting na partida. No descanso, Paulo Bento necessitava de alterar algo para ainda ambicionar chegar à vitória.

Quando Polga deitou tudo a perder...

Retirou, por isso, Leandro Grimi que, passe a expressão, estava a ser verbo de encher e lançou Pereirinha, recuando Veloso para a lateral e Moutinho para o vértice recuado do losango. Como que copiando o que acontecera na primeira parte, o Sporting voltou a entrar mal: Polga cometeu falta sobre Hulk dentro da área, viu o segundo amarelo, e deu a Falcao a oportunidade de aumentar a vantagem portista. Rui Patrício, um gigante entre os postes, foi melhor do que o colombiano e impediu que o jogo acabasse ali. É verdade que o resultado continuava a ser tangencial mas os argumentos dos leões ficaram desfeitos. Restava, porém, a esperança. Paulo Bento, de modo a reequilibrar a equipa, colocou Tonel em detrimento de Matías Fernandéz. Tinha que colmatar a cratera que se abrira no centro da defesa mas perdeu a imaginação do médio chileno.

O FC Porto, estranhamente não sabendo tirar partido do facto de estar com um jogador a mais, não conseguiu fazer a gestão que tão bem o caracterizava na época passada e as entradas de Tomás Costa e Valeri, para os lugares de Mariano e Raul Meireles, não produziram os resultados esperados. Não se livrou o Dragão, portanto, de ter de estar até ao final em clima de suspense. O Sporting tem sido feliz nas pontas finais dos seus jogos mas desta vez não conseguiu chegar ao tão desejado golo. Após a expulsão de Polga, apenas restaram dois remates de Vukcevic para criar perigo a Helton. Sobrou alma mas faltaram ferramentas. Ainda antes do apito final, Miguel Veloso viu o segundo amarelo - mal o árbitro no primeiro - e também Paulo Bento acabou expulso, por protestos com Duarte Gomes. Apesar de toda a polémica que se gerou, mesmo sendo verdade que houve dualidade de critérios, não foi pelo árbitro que o jogo terminou assim.

1 comentário:

Jornal Só Desporto disse...

Grande Análise Parabéns Ricardo.