sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tour de France: A vitória do Contador da Astana

A velocidade dos ponteiros é grande, o cronómetro não pára. Contam todos os segundos e um mínimo erro pode deitar tudo a perder. É assim uma prova de contra-relógio. Só um bom contador de segundos poderá ter sucesso. O trocadilho não é difícil de perceber, bem pelo contrário: Alberto Contador, o líder, fez jus ao seu estatuto de campeão espanhol e venceu o segundo contra-relógio individual do Tour de France'09. Um passo de gigante para a vitória final. Apenas uma verdadeira catástrofe lhe tirará a liderança. Sem discussão. Sem surpresa. A vitória de Contador - certo, ainda não está confirmada - é, talvez, a única coisa que não representa nada de anormal nesta edição do Tour.

Mesmo com o regresso de Lance Armstrong, o espanhol é reconhecidamente o melhor nestas provas de longa duração. Além disso, está inserido numa equipa sem paralelo. Independentemente dos problemas que surgiram e que provocaram uma desunião que, ainda hoje, é bem visível. A etapa dos Alpes que antecedeu este crono, trouxe mais sal a toda a polémica que já existia na Astana: em plena subida, Contador atacou, algo que não teve resposta por parte dos irmãos Schleck. Porém, inesperadamente, o corredor espanhol abrandou o ritmo. Olhou para trás e permitiu a recolagem dos ciclistas da Saxo Bank. A ideia seria que Andreas Klöden, seu companheiro, reentrasse. Algo que nunca mais aconteceu.

É difícil de entender o que aconteceu porque
o ataque de Contador poderia ter sido uma machadada final e ter arrumado, de vez, as dúvidas que restavam quanto à camisola amarela. A razão para essa desaceleração é um enorme ponto de interrogação. Não se sabe se terá sido uma decisão própria do ciclista ou de Johan Bruyneel, director-desportivo. Contudo, não foi algo normal e, feitas as contas, o único prejudicado foi Klöden. Tal como foi estranho, no mínimo!, o facto de Contador, acompanhado dos Schelck na recta final, ter contactado o seu director pelo rádio como que a perguntar se disputaria ou não a vitória na etapa. Não o fez. Ganhou Frank Schleck.

Serve isto para exemplificar que, mesmo vencendo o Tour (individual e, de forma provável, colectivamente), a Astana é um caso perfeito de como, na maioria das vezes, não dá bom resultado juntar demasiadas estrelas. Uma equipa de ciclismo conta com nove elementos, sendo um deles um chefe-de-fila. Em quase todas é assim. Na Astana, não. Havia Contador e Armstrong. Ainda Klöden e Leipheimer, outsiders, pois não são ciclistas para fazer o trabalho mais duro. Pelo contrário: seriam líderes e fortes candidatos à vitória final em qualquer outra equipa. Mas estavam os quatro juntos. Apenas o mais forte poderia ganhar. Os outros, quisessem ou não, teriam de o ajudar. Assim foi com Alberto Contador. E se Lance Armstrong tivesse vestido a amarela após a quarta etapa? Pois, os ses.

Acompanhamento dos melhores momentos do Tour'09

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