domingo, 18 de janeiro de 2009

O real Benfica de Quique

É um texto sobre o Benfica. Sobre o Benfica de Quique Flores, o Benfica que foi campeão de Inverno. Sobre o Benfica que foi eliminado da Taça de Portugal e que não esteve nada bem na UEFA. Uma equipa de altos e baixos, por isso. Mas afinal de que é capaz este Benfica? Porque bons jogadores tem de sobra...

Para começar, talvez seja melhor recordar a época anterior dos encarnados: um autêntico desnorte, onde todos todos falavam e ninguém se entendia. Os erros começaram cedo, logo na primeira jornada, com o despedimento precoce de Fernando Santos. Chegou Camacho, visto pelos benfiquistas como salvador da Pátria. Acabou por se revelar outro erro de 'casting', as exibições não foram boas e os resultados muito menos. Saiu e chegou Chalana, o terceiro técnico da época, uma solução interna. Aguentou como pôde mas foi só um prolongar da agonia de um Benfica que estava completamente à deriva. Terminou fora dos lugares da Liga dos Campeões e a mais de vinte pontos do FC Porto, o campeão.

Algo não estava bem. Não havia organização nem muito menos estabilidade. Houve a necessidade de pôr ordem na casa. Luís Filipe Vieira ficou apenas com a parte directiva e deixou o futebol nas mãos de Rui Costa. O maestro começou cedo a planear a nova época tentando manter o que de bom tinha sobrado da temporada passada. Encontrou em Quique Flores, ex-treinador do Valência, a pessoa ideal para recolocar, a curto-médio prazo, o Benfica no bom caminho. Com o treinador encontrado, depois de se ter falado em Carlos Queiroz e Eriksson, havia que montar a equipa. Vieram jogadores com provas dadas - Aimar, Suazo e Reyes - a que se juntaram outros como Yebda, Carlos Martins e Sidnei (jovem central com grande potencial). Apesar disso, Quique sempre teve um discurso calculista e, acima de tudo, realista. Nunca pediu o céu e a lua, pediu trabalho e dedicação. Para que o Benfica fosse melhor e quebrasse com o passado recente. Sem pressa. Não se iludiu.

Mas vamos à prática. A base deste Benfica de Quique Flores assenta num jogador: Katsouranis. Peça fundamental no meio-campo quer em tarefas defensivas quer a fazer a ligação com o ataque. Também a linha mais recuada está bem mais sólida do que na época anterior. Maxi Pereira parece que estabilizou na direita, Luisão (mesmo assim continua a fazer das suas!) e Sidnei entendem-se bem no centro e Jorge Ribeiro, vindo do Boavista, ganhou o lugar na esquerda. Na frente há David Suazo, o homem-golo, servido quer por Nuno Gomes quer por Reyes ou ainda por Aimar. Mas nem tudo são rosas, existem problemas. Não só ao nível do jogo mas também ao nível táctico, começando pelo facto de Quique, passado tanto tempo, não ter ainda uma equipa-base e estar ainda numa espécie de período de experiências (o caso da baliza de onde saiu Quim, passou Moreira e agora Moretto prova-o). Em termos de construção de também existem problemas na ligação de sectores e no fio-de-jogo. Se calhar por isso, Quique opta jogar feio e ser eficaz do que acumular vitórias morais. E também é verdade que se tem dito que o Benfica é uma equipa de altos e baixos e com algumas oscilações. Capaz de jogos dominadores onde ganha e convence - Sporting e Nápoles, por exemplo - e de outros onde não sai nada bem - Olympiacos e Trofense, são casos mais gritantes - e onde a atitude também não convence ninguém. Neste momento, depois de eliminado da UEFA e da Taça de Portugal tem todas as suas atenções viradas para a Liga Sagres. Se não a ganhar haverá fracasso, assumidamente.

Depois de tudo isto fica a pergunta: o que vale realmente este Benfica? Logo se verá. Mas Quique já teve o mérito de apagar a má imagem deixada na temporada passada. Ao menos isso.

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