domingo, 17 de outubro de 2010

Taça de Portugal: Lei do mais forte a triplicar

ESTORIL-SPORTING (1-2): SOFRER PARA SORRIR

Perigo, confusão, sacrifício e sofrimento. O Sporting entrou mal, desconexo e pouco afoito, o Estoril aproveitou, deixou os receios de lado, tentou ser feliz e fez pela vida. A equipa estorilista, expedita para saber impor-se perante a falta de ligação, de alma e de capacidade ofensiva leonina, fechou-se bem e, sobretudo levada por um trio composto por Alex Afonso, Paulo Sérgio e Tiago Costa, conseguiu criar bons envolvimentos e levar perigo à baliza de Timo Hildebrand. Foi deixando avisos, mostrou ter qualidade, apesar de ser de um escalão inferior, e não se atemorizou pela maior valia do Sporting. Conseguiu marcar, aos trinta e cinco minutos, num cabeceamento de Alex Afonso. Surpresa? Teórica, sim, grande, mas na prática nem por isso. Afinal, havia sido o Estoril a equipa mais empreendedora, mais consistente e mais ofensiva. Olés da bancada, leão atado, sorriso de orelha a orelha nos estorilistas.

O intervalo marcou a fronteira. O Sporting não podia continuar na mesma toada. Teria de mudar, reagir, mostrar a sua maior capacidade e aniquilar a vantagem conseguida pelo Estoril. Mantendo a teoria de que este leão é bipolar, revelando uma identidade na Europa e outra em Portugal, desta vez o Sporting mudou dentro do próprio jogo. Paulo Sérgio lançou Diogo Salomão e Liedson, retirou Zapater e Vukcevic, dois elementos cinzentões, a equipa deu uma volta completa, adoptou outra postura, foi incisiva e assumiu o controlo do jogo. Abriu espaços, descompensou a defesa estorilista - também acusando o desgaste -, criou oportunidades. O empate chegou aos sessenta e três minutos: cruzamento de Salomão, cabeçada colocada de Liedson, efeito letal dos principais desequilibradores. O leão conseguiu colocar-se em pé de igualdade e manteve a insistência forte em busca da vitória. Conseguiu-o: Postiga fuzilou e o Sporting riu por último.

FC PORTO-LIMIANOS (4-1): BIGORNA PARA RESOLVER

Rotatividade, domínio, conforto e um diabo a quem chamam Bigorna. Walter chegou ao FC Porto neste Verão. Com talento a rodos, alguns problemas comportamentais pelo meio, um crescimento complicado e alguns quilos a mais. Uma espécie de diamante em bruto, pronto a ser lapidado, com muito para dar e render. André Villas Boas aproveitou o jogo com o Limianos, um representante da III Divisão, transfigurou a equipa, apenas deixou Hulk e Varela no onze inicial, lançando Sereno, Emídio Rafael e, lá está, Walter. O avançado brasileiro, jogando no lugar há muito marcado por Radamel Falcao, estreou-se a marcar pelo FC Porto, quebrou, aos nove minutos, a esperança do Limianos em prolongar o nulo, mostrou veia goleadora e chegou ao final com um hat-trick na folha de registo. O dragão ganhou com comodidade, não teve dificuldade em mostrar a superioridade, provou ter mais escolhas internas. O Limianos teve a sua glória.

O desnível entre FC Porto e Limianos é abissal. Não existe qualquer ponto de comparação. Mesmo assim, qualquer relaxamento azul, entrando no relvado com a convicção de que, mais minuto ou menos minuto, teria a vitória na mão, poderia, até por obra do acaso, fazer aterrar a surpresa no Dragão. Walter quis mostrar serviço: surgiu aos nove minutos, ganhou um ressalto na costas da defesa do Limianos, encarou Pedro Baía e rematou certeiro. O dragão desfez a pequena esperança da equipa de Ponte de Lima. Jogou ao ritmo que quis, manteve a intensidade em baixo porque se aproxima um ciclo delicado, aumentou-a quando achou necessário, chegou ao segundo golo, marcado por Varela, despedançando o Limianos. Walter marcou mais dois, Pedro Tiba teve a ousadia de fazer um golo na casa do FC Porto, enchendo de alegria a equipa do quarto escalão nacional. Tudo normal, sem surpresas.

BENFICA-AROUCA (5-1): MÃO CHEIA

Tranquilidade, supremacia, controlo absoluto e mão cheia de golos. O Benfica marcou cinco vezes, três deles de cabeça, teve Alan Kardec em plano de evidência, oportuno na lesão de Óscar Cardozo, jogou com serenidade e afastou o Arouca. A equipa de Henrique Nunes sai vergada a uma derrota pesada, embora natural, mas conseguiu marcar um golo, o seu tento de um honra, numa espécie de prémio para um clube que, desde 2006, encetou uma subida alucinante, deixando os campeonatos distritais, até ao mundo profissional. O Benfica cumpriu o plano: geriu jogadores, deu minutos a outros como Júlio César, Sidnei, Airton, César Peixoto e Gaitán, venceu, impôs a sua maior valia, reduziu o Arouca a cinzas - até entrara com maior ímpeto - e pensou no jogo frente ao Lyon, na terça-feira, para a Liga dos Campeões. Marcou duas vezes por Kardec, outra por Saviola e chegou ao intervalo com a eliminatória decidida.

A resistência do Arouca durou vinte e quatro minutos: Nico Gaitán conduziu o ataque, abriu brechas, Kardec finalizou de cabeça. A equipa do segundo escalão do futebol português abalou e perdeu-se na imensidão daquilo que a separa do Benfica. A partir daí, concretizando a sua superioridade, os encarnados aumentaram a vantagem, jogaram com segurança e fizeram o essencial para evitar qualquer sarilho típico de Taça de Portugal. O Benfica chegou aos cinco golos, com tentos de Luisão e de Gaitán, aproveitando as fragilidades da defensiva contrária. Já em cima do final, para dar um ar da sua graça, mostrando ser uma equipa briosa e aguerrida, o Arouca, através de Diogo, conseguiu retirar alguma expressão à goleada, marcando em casa do campeão nacional, tendo o seu prémio. A equipa aurouquense fez o que pôde.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Os "grandes" todos passaram.