quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lyon-Benfica (2-0): O caminho que falta ao Benfica

COMENTÁRIO

O Benfica fora campeão. Ganhara com mérito e destroçara a concorrência. Jorge Jesus projecta o futuro, recusa-se a estagnar, abre horizontes, pensa mais alto do que nunca, puxa pela ousadia e pela coragem para colocar os encarnados bem cotados na Europa. Eleva a fasquia. Como um Dom Sebastião, brioso e tenaz, que se lança à conquista de África, mesmo sabendo não ter o melhor exército do planeta consigo, exaltando a coragem e a loucura para superar as fragilidades e a pouca experiência dos soldados. Não chega. O caso do Benfica assemelha-se. É recorrente: o campeão está diferente, mudado para pior, incomparável com a temporada anterior. Jorge Jesus correu um risco ao declarar e tornar público o sonho. Serve para motivar o grupo, sim, mas também o responsabiliza e atira para uma exigência que não tinha. A entrada do Benfica na Liga dos Campeões mostra que os encarnados precisam de crescer. Para se manterem vivos.

Há uma proporcionalidade inversa entre a exigência e a margem de erro. Sempre que sobe a primeira, a segunda cai a pique. O Benfica, depois de ter começado com o pé direito frente ao Hapoel Tel Aviv, errou frente ao Schalke 04. Não conseguiu matar o jogo, aliando o resultado ao domínio, deixou-se envolver, capitulou e terminou com uma derrota. Repetiu-o em Lyon: desconcentrado, abrindo espaços como não pode numa prova de tamanha importância, acusando nervosismo, sentindo dificuldades para se impor e vendo a equipa francesa, serena e confiante, criar perigo, aproveitar as falhas, marcar e assumir total controlo. O Lyon dominou, rematou mais, chegou aos golos por Briand e Lisandro López, um aos vinte e o outro aos cinquenta e dois minutos, levou Roberto a sobressair, obrigando o guarda-redes espanhol a aplicar-se e mereceu, por inteiro, a vitória. Foi uma verdadeira equipa. O Benfica não.

Errar é proibido. O Benfica errou. No primeiro grande erro, o Lyon colocou-se em vantagem: Michel Bastos assustou com um remate ao poste, Carlos Martins, até então talvez o melhor da equipa benfiquista, perdeu a bola, originou a recuperação francesa e Jimmy Briand marcou. O Benfica abalou. Não mostrou capacidade de reacção, nunca se aproximou verdadeiramente com perigo da baliza de Hugo Lloris e somou equívocos em catadupa. O segundo grande erro chegou em cima do intervalo: Nico Gaitán travou um adversário, já vira amarelo pelo mesmo motivo, foi imprudente e recebeu ordem de expulsão. Em inferioridade, sem se soltar das amarras do adversário e com menos um jogador, o Benfica sofreu, digamos assim, um golpe decisivo. Perdeu as condições de discutir o jogo, de se manter activo e de ainda colocar em causa o triunfo do Lyon. O início de segunda parte confirmou-o: os franceses tiveram ocasiões, uma bola no poste e um novo golo.

O tento de Lisandro López, um velho conhecido dos portugueses, sempre adversário temível para a defesa benfiquista, colocou, logo no reinício, um ponto final no jogo. O Benfica deu espaço, ficou entregue à sua sorte, teve apenas Roberto como muralha para impedir que o Lyon, jogando sempre com confiança e tranquilidade, aumentasse os números do resultado. Claude Puel trocou as peças, poupou jogadores importantes como Michel Bastos, Gourcouff ou Lisandro, os franceses diminuíram a intensidade, geriram o tempo e a vantagem, sem que o Benfica, destroçado e incapaz de lutar contra as adversidades, colocasse perigo a Lloris. O Lyon ganhou bem: foi mais pressionante, mais consistente, mais rematador e procurou a sua sorte. Ao Benfica ainda falta muito caminho. Na próxima jornada, há que vencer. As contas complicaram-se.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Gostava de saber onde estão os tais reforços para a liga dos campeões fraca exibição.