domingo, 12 de setembro de 2010

FC Porto-Sp.Braga, 3-2 (crónica): O dragão caminha alegre

FUTEBOL TOTAL, COMBATIVO E VIBRANTE

Começou morno, aumentou progressivamente de velocidade, foi polvilhado de momentos cintilantes, ganhou intensidade, emoção e ritmo com os minutos. Acabou por ser um jogo de luxo, entre verdadeiros candidatos, mostrando as suas forças. O FC Porto, recuperando de duas desvantagens, terminou por cima, uniu-se em prol da equipa, aproveitou todo o talento e génio de Hulk, um diabo irascível, para cimentar a liderança, agarrando-se cada vez mais ao trono, um lugar onde também o Sp.Braga quer estar. A equipa bracarense é guerreira, luta até ao fim, não enrola a bandeira. Jogou com as suas armas e obrigou o FC Porto a lutar para conseguir vencer. São candidatos. Está na cara. Jogo emotivo, golos brilhantes, excelente arbitragem: futebol total.


Velocidade um. Futebol morno: amarrado, táctico, disputado e sem balizas. Com luta, com combatividade colocada em cada lance, com vontade de ganhar por parte de duas equipas capazes, confiantes para lutar pelo título, querendo agarrar a liderança com unhas e dentes. O FC Porto é um grande por tradição, tem um estatuto rico e invejável, dominou na última vintena e meia de anos, conquistou quatro campeonatos seguidos até ceder perante o Benfica e o emergente Sp.Braga, caindo para terceiro, vendo-se ultrapassado por esta equipa que anseia ser grande. Ambos em estado de graça, em busca de o prolongar e deixar bem vincada a sua candidatura a altos voos no primeiro verdadeiro teste da época. Por isso, por lutarem pelo mesmo, têm cautelas. Começam expectantes, serenos, sentindo as pulsações do rival.

A monotonia dos primeiros quinze minutos, tépidos e insípidos, pedia um momento de inspiração. Fosse um remate forte, uma prova à atenção dos guarda-redes, uma jogada de deixar água na boca. Um golo abalaria o jogo, dar-lhe-ia emoção, obrigaria a maiores aventuras. Um grande golo, então, seria perfeito. Foi do Sp.Braga: Luis Aguiar, na cobrança de o livre, colocou os minhotos em vantagem. Na primeira oportunidade, deixando Helton sem hipótese, o uruguaio lançou a sua equipa para a frente, colocou-a por cima no território do dragão, levou o FC Porto a ter de ser mais afoito para ultrapassar a barreira defensiva, o ponto forte do Sp.Braga, criando desequilíbrios que não conseguira. A resposta portista, levado por Hulk, chegou também num livre. A trave desviou as pretensões do Incrível. As dificuldades dos dragões fizeram-se sentir.

HULK: GÉNIO, DIABO, DECISIVO!

O Sp.Braga é uma equipa adulta, pragmática e inteligente. Sabe que nem sempre pode ser elogiada pela forma como joga, tenta-o mas não é obssessiva por bons espectáculos, concentra-se apenas nas suas tarefas fundamentais. Joga com união, com garra, asfixia a criação do adversário e lança ataques poderosos, apanhando o adversário em contra-pé, sempre que percebe a valia do rival que tem pela frente. É destemido, não suicida. Ganha o meio-campo, controla o rival, fica com o jogo. O FC Porto necessitou de talento, de explosão, de velocidade. Chamou Hulk: jogada individual, veloz e arrasadora, antes de um cruzamento perfeito para a cabeça de Silvestre Varela. Dois momentos de génio, rasgando um jogo com pouco perigo junto das balizas, para dois golos. O intervalo chegou a exigir a segunda velocidade.

Fala-se em velocidade e surge Hulk no imediato. O brasileiro é cada vez mais um jogador de equipa, está empenhado em deixar os defeitos que ainda ostenta, percebe que tem muito a ganhar, individual e colectivamente, se se entregar de corpo inteiro e canalizar toda a sua força para o sucesso da equipa. Iniciou a segunda parte empenhado, espalhando qualidade, levando Elderson às trevas. O FC Porto regressou mais aguerrido, rápido de processos, jogando perto da baliza de Felipe, por duas vezes obrigado por Hulk a duas belas intervenções, colocando os seus elementos mais próximos. No melhor momento do dragão, em que conseguira assentar o domínio em sua casa, o Sp.Braga, pleno de ousadia e atrevimento, recolocou-se em vantagem. Lima parou, olhou e disparou. A bola saiu forte e só parou no fundo da baliza azul. Chapeau!

POTÊNCIA, COLOCAÇÃO, FUZILAMENTO


O dragão não gostou de ver o Sp.Braga, na sua melhor fase, chegar a uma nova vantagem. Respondeu de pronto. Potência, colocação, fuzilamento: Hulk recebeu de Álvaro Pereira, sorriu quando viu Elderson escorregar e rematou com estrondo para o empate. A velocidade, com dois golaços em tão curto espaço, saltou para o quatro. Nem houve espaço, sequer, para experimentar a terceira. Domingos Paciência franziu a testa, percebeu que o seu Sp.Braga estava menos pressionante, apesar de sempre batalhador, e que Hulk destroçara Elderson. Lançou Miguel Garcia, deslocando Sílvio para a esquerda, na procura de estancar a vontade do Incrível. Logo após, para manter o FC Porto em alerta, trocou Lima por Matheus. Pelo meio, sabendo das intenções do rival, André Villas Boas colocou Rúben Micael no lugar de Moutinho. Duelo táctico.

Potência, colocação, fuzilamento - parte dois. Passando o período dos treinadores, ambos irrequietos, regressaram os golos. Mais um pontapé forte, colocado, indefensável. Falcao ganhou a bola a Miguel Garcia, o FC Porto conseguiu espaço, Varela encarou com Felipe e rematou, convicto, para o terceiro golo dos dragões. Pela primeira vez, recuperando de duas desvantagens, a equipa portista colocou-se em superioriade. Terminou a busca pelo resultado, ficou nas suas sete quintas, ganhou os duelos ao Sp.Braga, parou a reacção minhota e percebeu que a vitória não lhe escaparia. Foi uma equipa combativa, solidária, acabou com Hulk em sofrimento pelos seus interesses e travou o Sp.Braga, uma vez e para sempre guerreiro, até garantir o triunfo. Suou para isso. Cimenta a liderança, vive na alegria, caminha feliz.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Grande jogo de futebol bom jogo do Porto.