sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Liga Europa: Confirmar, dar a volta e desiludir

FC PORTO-GENK (4-2): CONFIRMAÇÃO NA NOITE DO INCRÍVEL

Um resultado eficaz, com três golos marcados fora de casa, patenteando a superioridade, não deixando o triunfo por mãos alheias, para encarar a segunda mão, inserida entre dois jogos de campeonato, com uma almofada confortável. Não há pressão, a eliminatória está feita, mas mantêm-se responsabilidades, sem alterar o que quer que seja, perante um público exigente, confiante e cada vez mais sincronizado com a equipa. O FC Porto vive um bom momento, André Villas Boas vai quebrando as desconfianças e tem os adeptos consigo. Os dragões vencem, mostram-se em bom plano, apesar de ainda existirem lacunas, apontam a um futuro risonho, mais ousado e audaz, mostrando capacidade para voltar às conquistas. Na Liga Europa, cumprindo a segunda parte da eliminatória com o Genk, chegou à fase de grupos.

Ganhar os dois jogos ao Genk, uma equipa belga longe de ser de primeira linha, foi um objectivo claro e realista traçado por André Villas Boas. Não há que enganar: o FC Porto é superior, colectiva e individualmente, possui historial e melhores recursos, por isso tem todas as condições para triunfar, impedindo surpresas e uma passagem sem deslumbrar. Ganhar, marcar as diferenças e seguir em frente - aí estava a meta. Alcançado na primeira mão, com seguimento no jogo do dragão: o FC Porto ganhou, marcou sete golos e sofreu dois, conseguindo estar presente na fase de grupos da Liga Europa. No jogo do Dragão, suplantando uma entrada demasiado relaxada pelo conforto do primeiro triunfo e, depois, fazendo jus à superioridade, mesmo com alguns tremeliques pelo meio e fragilidades colocadas a nu, o FC Porto aniquilou o Genk.

O Genk chegou com a eliminatória perdida, rotulada de ter uma recuperação impossível, mudou os protagonistas e assumiu uma boa atitude. É uma equipa sabe o que fazer com a bola nos pés, interessante no meio-campo, mas que se revela desastrada na defesa. O golo de Vossen, uma surpresa, deu esperança, sim, mas pouco mudou. Logo após, Hulk teve o golo nos pés numa grande penalidade que Koteles travou. O Incrível, impossibilitado de jogar em Genk, quis marcar. Pegou na bola, fintou, tentou. Perdeu-a, irritou os adeptos, ouviu assobios. Respondeu com um hat-trick: um livre potente, uma grande penalidade em jeito e, para fechar as contas, uma bomba disparada noutra bola parada. Foi feliz. Pelo meio, Fernando estreou-se a marcar em jogos oficiais e Vossen, o melhor do Genk, fez tremer os centrais portistas.

BRONDBY-SPORTING (0-3): O GOSTO DE MARCAR NO FINAL

Surpresa na primeira mão: pela exibição incapaz de contornar a defensiva dinamarquesa, pela derrota e pelos dois golos sofridos em casa que deixaram a eliminatória por um fio. O Brondby, ao ter ganho em Alvalade, partiu na frente, com uma vantagem preciosa de ter marcado no terreno no adversário, algo fulcral numa eliminatória. Manteve-se, contudo, inferior ao Sporting. Mas vai na frente e isso é o mais importante nesta fase. Não cresceu da noite para o dia, não passou a ser um adversário poderoso. A missão dos leões, complicada mas plenamente ao alcance, foi concluída com sucesso por Sporting guerreiro: lutou, fez valer a sua maior valia, anulando o resultado da primeira mão, para garantir a presença na fase de grupos, contando também com uma dose de felicidade. Sorriu por último e isso é o mais importante.

O Sporting gosta de deixar a emoção para o final. Antes disso, tem oportunidades, tem ascendente, também sente algumas ameaças do adversário, mas é só no final, nos últimos instantes, que sentencia a vitória. Contra o Marítimo, na segunda jornada do campeonato, triunfou, mesmo no minuto noventa, através de uma grande penalidade de Matías Fernández. Na Dinamarca, ante o Brondby, completou a reviravolta, marcou o terceiro golo, o da passagem, no final. Trabalhou, entregou-se, teve atitude. Não foi brilhante, nada disso, mas alcançou o triunfo com querer. Um belo golo de Yannick, também no minuto noventa, colocou o passaporte para a fase de grupos na mão do leão. Sem surpresa na teoria, porque o Sporting é mais forte, mas conseguindo destroçar a meia-surpresa que o Brondby conseguira há uma semana.

A equipa leonina começou mal, melhorou com o passar dos minutos e acabou por sair vencedor. É a primeira vez que o Sporting o faz na Dinamarca e que consegue terminar por cima numa eliminatória depois de derrotado na primeira mão. O golo marcado por Evaldo, instantes antes do intervalo, coroando a belíssima exibição do lateral brasileiro, serviu de tónico para uma segunda parte mais aguerrida, melhor para o Sporting, disputando a sua sorte, procurando um golo capaz de anular a vantagem do Brondby. Rui Patrício, solidificado e imperial na baliza, impediu um retrocesso, um golo capaz de deitar definitivamente por terra as aspirações leoninas, deu o mote para a vitória. Nuno André Coelho empatou a eliminatória a um quarto-de-hora do final, num golo consentido por Stephen Andersen. A surpresa desfez-se. Yannick, no final, colocou um sorriso na face do leão.

MARÍTIMO-BATE BORISOV (1-2): ADEUS ANUNCIADO

Três golos de atraso, derrota pesada, tarefa árdua pela frente, sim, mas possível. O BATE Borisov, campeão bielorrusso, é uma equipa mais experiente, traquejada e capaz, enquanto o Marítimo dá os primeiros passos europeus, ainda busca maior consolidação, mesmo tendo destroçado, por ser melhor, os dois adversários que encontrou nas eliminatórias antes do playoff que antecede a fase de grupos da Liga Europa. Na Bielorrússia, na primeira mão, a equipa portuguesa teve boas oportunidades, falhou na pontaria, sujeitou-se às investidas do BATE Borisov, sofreu, desorientou-se e terminou em apuros, com um resultado desencorajador, confortável para a gestão do BATE. O campeão bielorrusso jogou com a intranquilidade madeirense, com a ânsia de vencer e confirmou a vantagem alcançada. O Marítimo cai, em grande parte, por culpa própria. Esperava-se algo melhor.

Com o relógio consigo, sem ter de arriscar em busca de um triunfo, o BATE Borisov, que não sendo nenhum papão é uma equipa mais calejada do que o Marítimo, esperou pela equipa portuguesa, entregou a iniciativa e apostou forte no contra-ataque. Letais nas oportunidades que tiveram, conseguindo impor-se no resultado, o BATE adiantou-se por Pavlov, desarmou a tentativa de reacção do Marítimo e, perante a réstia de esperança madeirense, traçou a sua sina, não restando dúvidas de que estaria presente na fase seguinte da Liga Europa. A equipa portuguesa, à semelhança do que acontecera no jogo da primeira mão, acusou o golo, sentiu-se perdida e transpareceu impotência para chegar, pelo menos, a um triunfo neste jogo. Sob o final, se bem que já com nada em jogo, o Marítimo, por Kanu, empatou. Nem isso, contudo, ficou:
Shavysh recolocou o BATE em vantagem. O Marítimo poderia ter feito mais.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Pois é este Marítimo apanhou uma equipa com algum traquejo fraquejou logo demonstrando que afinal não é só querer andar na alta roda do futebol internacional.

O Porto e o Sporting confirmaram que eram melhores que os seus adversários.