domingo, 4 de julho de 2010

João Moutinho: O negócio e a nova etapa no FC Porto

A principal agitação, num defeso até então tranquilo, chegou de Alvalade. Com o FC Porto como pano de fundo num enredo centrado em João Moutinho. O capitão do Sporting já manifestara o seu desejo de rumar a outras paragens. No ano passado, se bem que numa fase ainda mais adiantada, Moutinho revelou publicamente o seu desejo em sair e viu com bons olhos o interesse do Everton. Seria a possibilidade de, depois de quatro anos ao mais alto nível, conseguir um salto na carreira. O negócio acabou por não se concretizar e os leões, sobretudo por acção de Paulo Bento, que sempre o considerou um indiscutível, fizeram força para o manter. Apesar de algo fragilizado, acusado pelos adeptos de ter errado ao assumir querer mudar-se, continuou no clube. A sua última época, contudo, à semelhança de toda a equipa, foi discreta. O desempenho de Moutinho terá sido, porventura, o mais modesto desde que começou a jogar no Sporting.

Feito jogador no Sporting, saltando dos juniores para a equipa principal e com posição cimentada sob o comando de Paulo Bento, a relação de João Moutinho com os adeptos ficou algo comprometida,
devido ao atrito criado no início da época. Sem possibilidade de se mostrar no Campeonato do Mundo, uma vez que não fez parte dos eleitos de Carlos Queiroz para rumar à África do Sul, as possibilidades de saída pareciam, apesar de tudo, remotas. No arranque da nova época, há pouco mais de uma semana, o jogador demonstrara uma maior insatisfação pela continuidade e o próprio clube - quando, por exemplo, foi noticiado que, por decisão de Paulo Sérgio e Costinha, Moutinho poderia perder a braçadeira de capitão - deu sinais de que não pretendia, mesmo reconhecendo a valia do jovem médio, ter um elemento contrariado no seu plantel. De súbito, sem que nada o fizesse prever, o FC Porto atacou em força. E com eficácia.

João Moutinho ainda não é oficialmente jogador do FC Porto. A verdade, porém, é que se trata apenas de uma questão de horas. O interesse portista, já assumido há um ano por parte de Pinto da Costa, que via no então capitão do Sporting um jogador à Porto, moveu João Moutinho a rumar ao Dragão. Se bem que ainda não estejam acertados todos os detalhes, de acordo com o que tem sido possível apurar, o negócio deverá envolver um pagamento de dez milhões de euros (um record em transferências feitas entre clubes portugueses, mas menos de metade da cláusula de rescisão que o jogador possui no seu contrato com o Sporting - 22,5 milhões) e ainda a inclusão, por parte do FC Porto, de Nuno André Coelho - um central raramente utilizado pelos dragões, com apenas sete jogos na última época, embora seja tido como um valor seguro para o futuro. Nas últimas horas o nome de Farías também tem sido avançado como moeda de troca.

Pela qualidade do jogador, o FC Porto faz um excelente investimento. Para além de ter as tais características que suscitaram o encantamento de Pinto da Costa, garra e ambição, Moutinho é técnica e tacticamente evoluído e, apesar de ter vivido uma época de menor fulgor, já mostrou tratar-se de um valor seguro. João Moutinho será, para a nova equipa que começa a ser delineada por André Villas Boas, uma pedra importante no reforço do meio-campo - tendo em conta, também, uma mais do que provável saída de Raúl Meireles. Financeiramente, num momento em que os clubes sentem cada vez maiores dificuldades para apretrecharem convevientemente os seus plantéis, dez milhões de euros (caso se confirme) é um número elevado. No entanto, se tivermos presente que João Moutinho deixa o Sporting por menos doze milhões e meio do que o estabelecido na cláusula de rescisão, é bom. Muito bom.

Na perspectiva do Sporting há duas formas distintas ver a venda de João Moutinho. Por um lado, representa a perda do capitão, um jogador titularíssimo e, por isso, tido como fundamental na manobra da equipa. Saindo por um valor bem inferior ao da cláusula é mais um motivo de contestação à política de José Eduardo Bettencourt. Existe, contudo, quem veja o negócio como benéfico para os leões. Moutinho, afinal, já revelara vontade de sair e, por certo, não teria para Paulo Sérgio o mesmo relevo que para Paulo Bento e Carlos Carvalhal. O clube recebe dez milhões de euros (que só não convencem os sportinguistas devido à cláusula), um jogador vindo do FC Porto e terá, à partida, um encaixe de trinta por cento numa eventual venda. Seja como for, o que parece mais correcto afirmar é que os dragões ganham um reforço de peso e Moutinho, terminando um ciclo no Sporting, terá todas as condições para ser valorizado no Dragão.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

De facto o "amor à camisola" é uma treta.