quinta-feira, 22 de julho de 2010

97ºTour de France: A etapa para Andy, o Tour para Alberto

Atacar sempre sem tréguas e esperar uma quebra do adversário. A Andy Schleck nada mais haveria a fazer: teria de procurar a sua sorte, superar-se, transformar as fraquezas em força e desejar que Alberto Contador, seu rival e líder da classificação geral individual, não o conseguisse acompanhar. Teria que insistir muito para surpreender o espanhol, abrindo a corrida e cavalgando forte para a vitória e para uma posição mais favorável rumo à camisola amarela. Os oito segundos que tem de atraso para Contador funcionam como estimulante para legitimar as ambições de Andy Schleck mas, ao mesmo tempo, para aumentar ainda mais as probabilidades de um terceiro triunfo para o líder da Astana. Depois da décima sétima etapa, na subida ao Col do Tourmalet, poucas mais hipóteses terá Andy Schleck para eliminar a desvantagem. O contra-relógio do penúltimo dia é, talvez, o seu maior handicap. E mais um trunfo de Alberto Contador.

Frio, chuva e tensão. Todos estes elementos em doses consideráveis, deixando uma escalada duríssima ainda mais íngreme. Andy Schleck, para colocar em perigo Contador, só poderia fazer o mesmo que nos Alpes: atacar, explodir o ritmo e esperar que, como na primeira semana, o rival não se mostrasse na plenitude das suas forças. O ciclista luxemburguês, ambicioso, assumiu o comando, enfrentou o terrível nevoeiro, empenhou-se em conseguir inverter a situação. Atacou, como lhe competia, no grupo dos favoritos. Imprimiu um ritmo forte e vigoroso, procurando destacar-se, num terreno onde se sente bem. Alberto Contador respondeu de pronto. El Pistolero estava forte. Tal como Andy. Na montanha, está provado, são ciclistas muito idênticos e onde, estando num bom momento, é difícil serem superados. Como nos Alpes, quando Andy Schleck assumiu a liderança, formaram um duo. Só que agora tudo jogava contra o luxemburguês.

Alberto Contador, habituado a ataques explosivos rumo à vitória, jogou à defesa. Apenas tinha que controlar os andamentos de Schleck, estar preparado para reagir, tentar desgastar o rival e impedir que o ciclista da Saxo Bank lhe ganhasse metros. Seguiu na roda do luxemburguês, forte e confiante, cada vez mais aumentando as possibilidades de, pela terceira vez, ser coroado vencedor do Tour de France. Os oito segundos que conquistou, mais o facto de ter no contra-relógio uma especialidade e de Andy Schleck denotar ainda diversas fragilidades nesse tipo de prova, funcionam como uma margem importante. Não é segura, verdade, mas muito boa para o ciclista espanhol. A despesa da subida, de novo feita por ambos, coube toda a Andy Schleck. Nos Alpes, a situação fora diferente: os dois encontraram uma oportunidade única de diminuirem a concorrência a apenas um. Agora, Andy teria que se livrar de Alberto. Não conseguiu.

Ataque a dez quilómetros da meta, ritmo forte e várias tentativas de descolar. Andy Schleck fez de tudo para conseguir deixar Alberto Contador para trás. O ciclista da Astana respondeu sempre bem, subindo atrás do rival e - mostrando que se encontra numa boa fase - tentou também uma mudança de andamento. Nem um nem outro conseguiram isolar-se. Porque, já se disse, se equivalem. E, com isso, a tarefa de Andy Schleck seria sempre de extrema dificuldade. Os oito segundos de vantagem, que parecem nada a Contador e são uma infinidade de tempo para Schleck, mantêm o corredor da Astana na frente e, cada vez mais, com grandes probabilidades de sair de Paris com a camisola amarela vestida. Para Andy Schleck fica uma vitória extraordinária no Col do Tourmalet, conseguida com muito mérito e sacrifício, que se junta ao triunfo alcançado nos Alpes. É uma consolação. Embora ainda seja possível vencer o Tour, sim...

Atrás de Alberto Contador e Andy Schleck, aqueles que à partida ocuparão os dois primeiros lugares no final da nonagésima sétima edição da Grande Boucle, continuam, na disputa pela última posição do pódio, Samuel Sánchez (Euskautel-Euskadi) e Denis Menchov (Rabobank). O ciclista espanhol, antes da etapa colocado no terceiro lugar, tem dado sinais de quebra, admitida pelo próprio, algo que coloca em perigo o seu lugar na classificação geral individual. A décima sétima etapa começou mal, com uma queda brutal de Sánchez - foi realmente aparatosa - que resultou num traumatismo na caixa torácica. Contudo, mantendo-se em prova, o ciclista espanhol, conseguiu recuperar e, inclusivamente, alargar, em oito segundos, a vantagem para Denis Menchov - a diferença é de vinte e um -, embora também sinta dificuldades no contra-relógio. A discussão pelo terceiro lugar passará por estes dois ciclistas. E será bem acesa.