quarta-feira, 2 de junho de 2010

O novo líder do Real Madrid

José Mourinho foi apresentado no Real Madrid. Foi a confirmação de uma contratação anunciada - quase como a morte do pobre Santiago Nasar para Gabriel García Márquez. Os merengues, impulsionados pela empreendedorismo de Florentino Pérez, necessitavam urgentemente de um treinador à medida do seu plantel. Manuel Pellegrini, o chileno escolhido na primeira época após o regresso de Pérez depois da recusa de Arsène Wenger, é um bom treinador mas cedo se percebeu que teria grandíssimas dificuldades para lidar com tantos jogadores de topo mundial. Depois de uma época em branco, veradeiramente fracassada a toda a linha, o Real Madrid precisa de vencer. É um desafio arriscado, melindroso, arrojado. Bem à medida de José Mourinho. Assenta-lhe como uma luva: quer arrasar noutro país para completar o Grand Slam.

Chegar. Respirar fundo e encarar um batalhão de fotógrafos e jornalistas. Congestionamento, paragem, inúmeras imagens para guardar o momento. Mourinho está no Santiago Bernabéu para ser apresentado. É mesmo preciso? "Sou o José Mourinho e não vou mudar". Nem outra coisa seria de esperar. Mourinho, para ganhar em Madrid, precisa de ser igual a si próprio. Trabalhando nos limites, motivando os seus, procurando retirar força aos adversários, tudo para colocar o clube primeiro do que Ronaldo, Kaká, Benzema, Casillas ou Raúl. O colectivo é o principal. As individualidades, ainda para mais as que o Real Madrid possui, são fundamentais. Contudo, para Mourinho, sempre foi a equipa a demonstrar a sua força. O Internazionale é o caso mais gritante de como o colectivo, se unido e consistente, consegue superar algumas brechas.

Juntar os melhores pode, por vezes, revelar-se um incómodo. É uma visão algo paradoxal, sim, mas realista. Numa equipa de futebol é, pode-se dizê-lo, normal. Mourinho aparece como elemento capaz de conter todos os egos, sabendo lidar com as frustrações e os estados de alma de cada jogador do seu plantel. Pelas suas características enquanto treinador na sua vertente de psicólogo, onde também é realmente bom naquilo que faz, Mou não deixará, por certo, que qualquer jogador ouse interferir nas suas acções. O mesmo se alarga, obviamente, à estrutura do Real Madrid, pois já ficou bem vincado, pelo técnico português, que ninguém, para além dele, tomará decisões relativamente à equipa e ao plano de jogo. O aviso ficou no ar, sobretudo para Jorge Valdano. Tal como fizera, em Londres, com Roman Abramovich. Mourinho gosta de ser o líder. Só assim sabe trabalhar. Agora, em Madrid, é ele o líder do Real.

PS: Anunciada é, também, a contratação de André Villas Boas, ainda treinador da Académica, para substituir, no comando técnico do FC Porto, Jesualdo Ferreira. O anúncio, porém, tarda em ser feito. O facto de ainda não ter sido confirmado oficialmente o acordo com Villas Boas, algo que leva a uma especulação pouco habitual em torno das opções de Pinto da Costa, pode indicar a possibilidade de um volte-face que fará os portistas mudarem de planos. Seja como for, não se percebe porque se mantém um assunto tabu: André Villas Boas tem tudo certo para ser o novo treinador do FC Porto. É um risco de Pinto da Costa. Falta assumi-lo.

2 comentários:

Guilherme Oliveira disse...

Não acredito que o Mourinho possa fazer um milagre no Madrid, mas veremos...

Abraços
http://gologol.blogspot.com

Jornal Só Desporto disse...

Força Mourinho.