quinta-feira, 10 de junho de 2010

Mundial 2010: Que jogo de contrastes é esse, África do Sul?


A partir do momento em que se iniciou a contagem descrescente para o Mundial da África do Sul que se levantaram inúmeras questões relacionadas com a segurança. África é, ainda hoje, um continente sem os índices de desenvolvimento da Europa e caracteriza-se por não possuir, nem pouco mais ou menos, as mesmas condições europeias. Daí que tenha surgido contestação à escolha da FIFA, liderada por Joseph Blatter, em ter, pela primeira vez na história dos Campeonatos do Mundo de futebol, ter escolhido o continente africano para receber a maior prova mundial. Percebeu-se, desde logo, que seria absolutamente imperativo que a África do Sul, país escolhido, se transformasse e passasse, então, a dispor de todas as condições para acolher um evento desta envergadura. A poucos dias do início do Mundial 2010, contudo, há ainda muito por melhorar.

Os primeiros sinais vindos de África do Sul não foram positivos: estradas em condições muito deficitárias, muitas delas ainda por asfaltar, e pouco dinamismo, próprio de quem necessita de se transformar para acolher um Mundial, na organização. Aquilo que fica, à vista desarmada, é que ainda se mantêm o amadorismo e o improviso, em detrimento do profissionalismo e de uma preparação minuciosa e extremamente cuidada. O jogo de Portugal, disputado frente a Moçambique, pode servir como um exemplo disso mesmo. A selecção nacional, no derradeiro ensaio antes do início do Mundial, jogou num estádio de críquete, improvisado para receber uma partida de futebol. Também no encontro particular entre Nigéria e Coreia do Norte, um adversário de Portugal, existiram problemas no controlo das entradas para o estádio. A ânsia de chegar aos lugares poderia ter sido fatal.

É precisamente neste contexto que se inserem os problemas de segurança. A Taça das Confederações, disputada no ano passado, serviu para testar a África do Sul. Os resultados foram positivos e pensou-se que, apesar da existência de lacunas, o tempo seria capaz de trazer os melhoramentos necessários. Contudo, à medida que o Mundial se foi aproximando, contrariamente ao que era expectável, foi subindo o clima de hostilidade, com ameaças e violência. A Taça das Nações Africanas, em Angola, começou com terror, motivando, depois de uma recepção com um tiroteio, o abandono da selecção do Togo - vitimando, inclusivamente, elementos da comitiva togolesa. O que se verificou na CAN serviu de alerta em relação ao Mundial da África do Sul. Mesmo havendo ameaças, a FIFA entendeu estarem reunidas todas as condições.

Durante a madrugada de hoje, dia 9 de Junho, o hotel onde estavam instalados jornalistas ibéricos foi vítima de um assalto à mão armada. Dois jornalistas portugueses e um espanhol foram assaltados, tendo-lhes sido levado, para além de dinheiro, todo o equipamento de que dispunham para realizarem o seu trabalho - António Simões, repórter-fotográfico que integra a comitiva do jornal O Jogo, chegou, mesmo, a ter uma arma apontada. A dois dias do arranque oficial da prova este é um sinal claro de que África do Sul não possui, ainda, condições verdadeiramente eficazes para combater os perigos e consiga colocar em completa segurança a vida de todos aqueles que se deslocaram para o acompanhamento do Mundial 2010. O sorriso e a alegria de quem pretende ver os seus ídolos contrasta com toda esta marginalidade. África do Sul é precisamente isso: um grande contraste.

2 comentários:

Anónimo disse...

Quer dizer que o terror existente na ÁFRICA DO MANDELA não tem nada a ver com a presença do Miguel por perto?

JornalSóDesporto disse...

De facto é díficil como um país sem condições recebe um mundial.