quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mundial 2010: A praga das lesões chegou aos portugueses


Ponto prévio: o Mundial da África do Sul tem sido atormentado por lesões. Havia já há largos meses, na perspectiva de Portugal, a ausência forçada de Bosingwa da convocatória de Carlos Queiroz. David Beckham e Michael Ballack, de fora nas selecções inglesa e alemã, respectivamente, são outros dois exemplos. Para juntar a estes três casos, acrescem as saídas forçadas de Rio Ferdinand (Inglaterra), Michael Essien (Gana) e John Obi Mikel (Nigéria). As lesões, o motivo fatal, é o denominador comum a todas essas baixas de peso - podemos ainda, embora se trate de um caso de saúde e não causado por um problema físico, a impossibilidade de Lassana Diarra ser convocado por Raymond Domenech, seleccionador francês. São baixas confirmadas. A que se junta, agora, Nani. O extremo português, um dos jogadores em maior destaque na selecção nacional, está fora das contas.

A época que realizou em Manchester, onde começou mal mas depois conseguiu afirmar-se na plenitude para uma temporada de alto nível que contrasta com o fracasso colectivo dos red devils no campeonato inglês e na Liga dos Campeões, deu a Nani um novo estatuto e uma nova responsabilidade na selecção nacional. Na fase de apuramento, com evidência para o playoff de acesso ao Mundial 2010, nas partidas ante a Bósnia, o jogador do United revelou-se absolutamente decisivo - foi dos seus pés que saíram os passes para os golos de Bruno Alves, na Luz, e de Raúl Meireles, em Zenica, que funcionaram como carimbo no passaporte para África do Sul - e, durante o estágio na Covilhã, foi sempre um elemento com sinal positivo. Destacou-se na partida com Cabo Verde, apesar da fraca exibição colectiva, e com os Camarões, onde marcou um espectacular golo. Nele, os portugueses depositavam grandes esperanças.

Atravessando aquele que é, por certo, o melhor momento da sua carreira de futebolista, a lesão de Nani vem quebrar o sonho do jogador em participar num Mundial, o seu ponto alto, e também afectar a selecção nacional. É necessário que haja, em cada equipa, uma boa dose de magia, virtuosismo e criatividade que possam torná-la mais capaz. Será uma baixa importante, por isso. Carlos Queiroz, após ter tomado conhecimento da impossibilidade de Nani estar em condições de participar no Mundial, decidiu chamar Rúben Amorim. A ideia percebe-se: Amorim é um médio de origem e pode, como o fez no Benfica da temporada passada, jogar como lateral-direito, passando Paulo Ferreira para a esquerda e permitindo a subida de Fábio Coentrão. No entanto, também João Moutinho ou Carlos Martins, por exemplo, seriam outras opções a ter em conta. Sobretudo por se tratarem de jogadores com maior pendor ofensivo.

Cristiano Ronaldo, Nani e Deco. Era, essencialmente, sobre este trio que recaía a missão de abrir as defesas contrárias e conseguir, com isso, que Portugal encontrasse espaço para explanar o seu futebol. Com a ausência do extremo do United, Ronaldo, já com o peso de ser um dos melhores do planeta e de ter de corresponder em absoluto na selecção nacional, poderá ver a sua responsabilidade acrescida. Tal como Deco. Para manter o seu 4x3x3, com Liedson ou Hugo Almeida no centro e Ronaldo numa faixa, Carlos Queiroz deve escolher, para a vaga deixada em aberto por Nani, entre Simão e Danny. O extremo do Atlético de Madrid, o jogador mais internacional dos vinte e três chamados à África do Sul, seria o substituto natural. Contudo, a exibição de Danny, hoje, na vitória (3-0) sobre Moçambique, poderá ter baralhado as contas. Será, portanto, uma boa dor de cabeça para o seleccionador.

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Tendo em conta as escolhas se Portugal tem azar com as lesões a situação fica preta.

Esperemos que Portugal esteja forte.