segunda-feira, 14 de junho de 2010

As explicações que faltam na lesão de Nani

O caso (sim, porque os rumores e a suspeição já lhe deram esse indesejável estatuto) da lesão de Nani, que fez o avançado português do Manchester United abandonar a selecção nacional, está longe de ser bem explicado. Os médicos da Federação Portuguesa de Futebol, contrariamente ao que seria expectável, não esclareceram, logo após ter sido comunicada a impossibilidade de Nani marcar presença no Campeonato do Mundo da África do Sul, a verdadeira causa da substituição do extremo. Só depois ficou realmente apurado que Nani se ressentira de uma lesão no ombro direito, motivada por uma queda, após ter tentado realizar um pontapé acrobático durante um treino. A rapidez com que Nani foi dispensado e substituído por Rúben Amorim, aliada à pouca informação fornecida acerca da lesão, foi o ponto de partida para se terem espalhado rumores. Envolvendo, por exemplo, um eventual caso de doping.

Pouco antes do jogo de Portugal com Moçambique, o último de preparação antes do arranque do Mundial, foi oficializada a saída de Nani da selecção portuguesa. Ao contrário do que fez com Pepe - que motivou a convocatória de mais um elemento (José Castro) para o estágio na Covilhã, mas acabou por ser confirmado como um dos vinte e três eleitos para rumar à África do Sul -, Carlos Queiroz, de imediato, procedeu à substituição do jogador. Nani era, do meu ponto de vista, o jogador em melhor forma, com mais confiança e em quem, para além de Ronaldo, os portugueses depositavam as suas esperanças de ver a selecção nacional conseguir uma prestação convincente. Foi estranho, por isso, que Queiroz não tenha aguardado, percebendo se a lesão de Nani o faria mesmo falhar a competição ou se, como Eriksson e Marcello Lippi, com Drobga e Pirlo, respectivamente, teria sido melhor manter a aposta no jogador.

As palavras de Nani, ontem, à chegada a Lisboa, serviram para aumentar ainda mais as dúvidas em torno da saída do jogador do Manchester United da lista de vinte e três eleitos para representar Portugal na África do Sul. Ainda no aeroporto, quando confrontado com a extensão da lesão, Nani respondeu que dentro de uma semana estaria recuperado. Assim sendo, levando à letra as suas palavras, não faria sentido, por se tratar de um jogador em excelente forma e a atravessar o melhor momento da sua carreira, dispensá-lo tão rapidamente. Até porque Rúben Amorim, o seu substituto na convocatória, é um jogador com características bem diferentes e que, na temporada anterior, foi utilizado como lateral-direito na equipa do Benfica. Não se percebe, ainda, o facto de, apesar de se ter lesionado em Portugal, Nani tenha rumado à África do Sul sem que tenha sido referido qualquer problema físico. Nunca ninguém a ele se reportou.

A forma como a lesão de Nani foi (mal) comunicada serve para criar um clima de mistério. Que, claro, dará azo a diferentes interpretações - havendo, inclusive, quem refira a lesão como um escape a um controlo anti-doping. Carlos Queiroz nunca assumiu publicamente qualquer problema, os médicos da selecção não comunicaram qualquer atenção especial devido à lesão de Nani e o próprio jogador, até ser oficial que regressaria a Portugal, não abordou o tema. Ninguém, sequer, desconfiou que a lesão existia. O que é estranho. A solução só poderia passar por uma comunicação clara e inequívoca, terminando com o burburinho criado e que esclarecesse, por fim, toda a situação. Ora, as palavras de Nani, dizendo que numa semana estará operacional, vêm em sentido contrário. Queiroz, na antevisão ao jogo com a Costa do Marfim, desvalorizou. Entretanto, o jogador remendou o que dissera, avançando ter sido mal interpretado. A comunicação falha a toda a linha. Há necessidade de continuar na suspeição?...

1 comentário:

JornalSóDesporto disse...

Nunca vi tanta coisa por causa de uma lesão.