domingo, 30 de maio de 2010

Um caminho de nomes que culmina em André Villas Boas

André Villas Boas será, ao que tudo indica, o novo treinador do FC Porto. O mais jovem treinador do campeonato português, com apenas trinta e dois anos, é o escolhido de Pinto da Costa e deverá, inclusivamente, ser apresentado nos próximos dias. A confirmação da contratação de Villas Boas representará uma verdadeira ruptura com o passado recente dos dragões. A Jesualdo Ferreira, um treinador experiente e calejado no futebol português, seguir-se-á o benjamim dos técnicos da anterior edição do principal campeonato nacional, somente com carreira iniciada em Outubro, quando lhe foi confiada a missão de retirar a Académica dos últimos lugares. Mesmo com alguns sobressaltos, depois de uma fase ascendente, o objectivo foi cumprido. O Sporting, antes de Carlos Carvalhal, manifestara interesse no jovem Villas Boas. Agora, é a vez do FC Porto. Para o técnico definitivamente provar o que vale.

Paulo Bento foi um dos primeiros nomes a ser referido para a sucessão de Jesualdo Ferreira. O ex-treinador do Sporting, que quebrou o seu vínculo aos leões em Novembro passado, apareceu, logo que começaram a surgir os primeiros sinais de que Jesualdo não continuaria no Dragão, conotado com o FC Porto. Bento é um treinador que acumulou experiência nos quatro anos em que esteve em Alvalade ao comando da equipa principal, foi o lançador de jovens que actualmente estão perfeitamente consolidados, tanto no Sporting como na selecção nacional, e teve um trabalho reconhecidamente positivo, apesar de todas as dificuldades que, a cada temporada, assolaram o clube leonino. Acresce ainda que Paulo Bento tem uma postura ambiciosa, de querer e garra. O seu nome, contudo, foi perdendo força com o tempo.

Também Domingos Paciência emergiu como um dos candidatos ao comando do FC Porto. O actual técnico do Sp.Braga, um dos responsáveis máximos pela época de sucesso dos bracarenses no campeonato nacional, não parece, contudo, ainda reunir todas as condições para dar o salto na sua carreira como treinador e regressar ao seu clube de sempre, onde se formou e ganhou prestígio como jogador. Além disso, António Salvador, presidente do clube minhoto, manifestou, desde logo, vontade em manter Domingos no comando, recusando-se a perder, depois de Jorge Jesus na época passada, o treinador para um grande - há, todavia, uma cláusula fixada num milhão e duzentos mil euros que, caso fosse suplantada, permitiria ao treinador portuense abandonar o Sp.Braga. Jorge Costa, outro filho do dragão, rapidamente foi colocado de fora.

Nos últimos dias, já com a confirmação do adeus de Jesualdo Ferreira, ganhou relevância o nome de Muricy Ramalho, actualmente no comando do Fluminense, considerado como um dos melhores treinadores brasileiros - assim foi eleito entre 2005 e 2008. Muricy, o eterno rebelde enquanto jogador, agora com cinquenta e quatro anos de idade e perfeitamente consolidado como técnico, demonstra vocação ofensiva, conta com vários títulos no Brasil e é um disciplinador por natureza. Contudo, não está identificado com o futebol europeu, e, exceptuando curtas experiências no México e na China, não acumulou traquejo fora do seu país de origem. Há, porém, a intransigência do Fluminense, pois não quer libertar o seu líder técnico num momento importante do calendário brasileiro. Antes de Muricy Ramalho, já outro brasileiro, Mano Menezes, treinador que devolveu o Corinthians à Série A, havia aparecido na órbita azul.

Façamos, então, um ponto de situação. André Villas Boas, Paulo Bento, Domingos Paciência e, ainda, Jorge Costa foram os primeiros nomes ligados ao FC Porto, na perspectiva de poderem assumir a vaga deixada por Jesualdo Ferreira. Mano Menezes surgiu como primeiro estrangeiro. Por último, foi Muricy Ramalho a ganhar força. A verdade, no entanto, é que para o round final ficaram Villas Boas e Muricy. Neste duelo particular, o treinador português, apesar de ter contra si o pouco tempo de experiência, leva vantagem: é portista, conhece o futebol português, tem uma postura irreverente e ambiciosa, revela um trabalho minucioso e bebeu ensinamentos de mestres como Bobby Robson, com que entrou nas Antas pela primeira vez, e, até Outubro, José Mourinho. Será ele, por certo, o novo timoneiro dos dragões. Mais: o homem com a missão de devolver o título ao FC Porto. Terá de deitar mãos à obra.